• Capítulo 60

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Quebra de tempo·

Kah on·
Se passou alguns minutos e acabou que tive que descer e ir para parte debaixo do galpão para pegar comida para o Agus, só que agora tive que voltar aqui para baixo novamente. Alguns capangas já estavam desconfiando e não quero que nada chegue na boca do Esteban para dar mais problema. Estou agora no campo do galpão quando vejo uma luz muito forte invadir o mesmo e quase me deixar cega. É um farol de um carro. Porra, está de dia, pra que isso tudo? Vou para o portão e não sei se deveria passar daqui sozinha, mas quero ver quem chegou. Talvez seja Esteban, já que não chegou até agora. Abro o portão, graças a Deus ele não faz muito barulho e também não está trancado, e dou de cara com os capangas de Ruggero. Sei disso pois vi Mike saindo de uma van junto com os capangas e tentando não fazer barulho, e logo após vejo Ruggero fazendo meu coração disparar. Ele levanta as sobrancelhas surpreso assim que me vê.

Rugge: Karol?- ele diz surpreso e eu sorrio.
Kah: oi, acredito que vieram aqui por causa do Agus né?
Mike: sim Kah. Ele está bem? E você?
Kah: eu estou bem e ele está bem machucado, mas fiz alguns curativos nele. Consegui que Esteban mandasse seu capanga parar de o machucar.- falo e Ruggero revira os olhos- Esteban saiu e não chegou até agora. Talvez seja uma boa oportunidade para bolarmos um plano e tirarmos Agus de lá- falo e Ruggero ri irônico.
Rugge: você não é da gangue dele?
Kah: eu sei que sou, mas não quero ver mais o Agus sofrer como está sofrendo. Eu quero ajudar vocês e você sabe muito bem que eu sou a única opção Ruggero.- falo e ele revira os olhos antes de assentir. Ruggero fala com seus capangas que terá que dividir em grupos, a van terá que ficar um pouco longe da casa com alguns capangas e outros em frente ao portão. Meu único medo é se Esteban chegar. Logo após ele disse que Mike e ele irão comigo tirar Agus de lá de dentro e eu apenas assentir. Passamos pelo portão para entrar no galpão e fechei o portão atrás de mim para que nenhum capanga da gangue de Esteban desconfiar. Já posso ver alguns capangas passando pelo campo e puxo Ruggero e Mike para se esconderem atrás de um muro- Vão se acostumando porque aqui tem muitos- falo me referindo aos capangas.
Rugge: eu sei.- ele diz e suspiro. Ele parece normal conversando comigo para quem quase levou um tiro meu. Não sei se deveria estar feliz ou triste por isso. Seguimos por trás do muro e conseguimos ver a entrada do galpão onde leva as salas já que estávamos do lado de fora.
Kah: vou ter que distrair os capangas e vocês passam pela lateral para entrar pela porta de trás ok?- sussurro e eles assentem. Respiro fundo antes de sair de trás do muro e me aproximar dos dois capangas que estavam na porta da frente. Comecei a conversar com eles e distraí-los e acho que eles nem perceberam, assim espero. Assim que observei que os meninos já tinham passado me despedi dos capangas e entrei pela porta da frente. Apressei meus passos até chegar na porta do fundo e ver os meninos- O Agus está na segunda sala a esquerda.
Mike: puta merda! É muito longe daqui!
Kah: sim, mas a gente consegue. O que sugerem?
Rugge: você e Mike tem que ir na frente. Eles me conhecem mais do que o Mike e se me verem aqui fodeu!- ele afirma, eu assinto e Mike passa na minha frente indo com cuidado. A maioria dos capangas estavam concentrados treinando, o que foi muito bom. Vi quando um capanga olhou de relance para nós e rapidamente puxei o Ruggero para a sala ao lado fechando a porta em seguida- Porra! O que foi isso?
Kah: não viu que um capanga quase olhou para nós? Droga! O Mike está lá fora- me lembro ficando preocupada.
Rugge: ele sabe se cuidar. Fica tranquila!- ele afirma calmo fazendo com que minha preocupação diminuísse- Agora será que dá para irmos logo?- ele pergunta passando por mim, mas seguro seu braço.
Kah: Rugge, será que podemos conversar?- praticamente imploro. Eu quero muito falar com ele. Ele se afasta um pouco e me olha.
Rugge: conversar agora? Não está vendo que precisamos pegar o Agus para sairmos daqui?- ele diz e tem razão. Por mais que eu queira muito conversar com ele temos que tirar o Agus daqui- Ok, você ganhou! Fala logo o que quer!- ele afirma com a voz calma e isso me acalma para falar o que quero. Até me esqueço dos meus problemas por um tempo.
Kah: você está mal por eu ter quase acertado um tiro em você? Olha, eu não queria, mas o Esteban praticamente me obrigou!
Rugge: agora você obedece tudo o que ele pede?- ele pergunta rude.
Kah: não é isso, é que...- dou uma pausa- Eu precisava fazer aquilo para o Esteban não desconfiar de mim- falo sendo sincera e vejo sua expressão suavizar.
Rugge: não Karol, eu não estou chateado e nem mal por você quase ter acertado um tiro em mim. Quer dizer, na hora eu fiquei puto, mas eu gosto muito de você para deixar que isso me afete ou que eu sinta algum ódio.- ele diz fazendo meu coração se acelerar. É raro o Ruggero se declarar ou mostrar seus sentimentos e ele falou de uma forma tão simples que fez meu coração quase sair pela boca. Abro a boca para falar alguma coisa, mas não consigo emitir nenhum som- Aproveitando que estamos aqui conversando, por que foi para a gangue do Esteban?- ele pergunta mudando de assunto e não sei se deveria contar. Ele é rival do Esteban- Você sabe que pode confiar em mim né?- ele se aproxima e toca em minha bochecha a acariciando.
Kah: eu sei.- ele sorri, o sorriso que tanto amo!- É que...- respiro fundo antes de falar- É complicado dizer.
Rugge: então por que não começa me dizendo como conseguiu chegar até ele?
Kah: teve um dia que eu estava trabalhando na boate e ele apareceu. Fiquei com medo já que ele já tinha me feito muito mal, mas ele disse que só queria conversar. Ele me propôs entrar na gangue dele aquele dia, mas eu não aceitei, só que ele me deu um cartão dizendo que quando eu quisesse era só ligar e eu o liguei depois de um tempo- falo, Ruggero volta a se afastar de mim e solto um resmungo pela quebra de contato.
Rugge: isso tudo foi por que eu não aceitei o bebê né?- ele pergunta chateado e eu apenas assinto. Ainda fico mal em pensar que ele não quer aceitar o bebê, mas infelizmente ou felizmente o meu carinho e amor por ele ultrapassa isso- Eu sei que talvez seja tarde demais, mas Kah...- ele diz meu apelido fazendo minhas pernas tremerem. É rara as vezes que ele me chama assim e amo quando isso acontece- Eu estou disposto a aceitar. Eu sei que está chateada comigo e você tem o total direito, mas mesmo que não queira ter nada comigo eu estou disposto a aceitar o bebê- ele fala se aproximando e posso sentir meus olhos marejados. Não acredito no que acabei de ouvir!
Kah: é sério?- pergunto incrédula sentindo uma lágrima cair em minha bochecha. Odeio ser tão fraca, mas para mim isso que ele falou significa muito!
Rugge: é sério. Confesso que não queria e você sabe disso, e também não faço a mínima ideia de como cuidar de um bebê, mas eu vou assumir porque gosto muito de você para te deixar sozinha nessa.- ele diz e não perco tempo. Junto nossos lábios em um beijo rápido, suspiro em alívio ao ter nossas bocas coladas novamente e posso ouvir ele suspirar também. Suas mãos passeam pelo meu corpo antes de ficar em minha cintura, ele se aproxima mais deixando nossos corpos bem colados e passo meus braços em volta do seu pescoço. Rapidamente nossas línguas entram em contato uma com a outra e não posso deixar de dar um gemido abafado ao sentir o contato delas novamente. Estava com saudades do seu beijo e do seu toque. Ele me chateou muito, mas não adianta. Ele pode fazer o que quiser, mas sempre voltarei aos braços dele. Me afasto rapidamente do Ruggero quando a porta se abre com tudo, me viro rapidamente para porta que já está fechada e Ruggero toca em meu braço- Caralho, querem me matar de susto?- ele pergunta vendo Mike entrando e Agus está ao seu lado com seu braço em volta o pescoço de Mike enquanto o mesmo o ajuda a sustentar seu corpo.
Mike: desculpa se eu estou atrapalhando o casalzinho, mas porra, dá para me ajudar? Eu já fiz tudo sozinho!
Kah: como conseguiu?- pergunto surpresa enquanto Ruggero ajuda ele com Agus.
Mike: os capangas terminaram o treinamento, ou seja, aproveitei para pegar o Agus, mas agora eles voltaram a rondar aqui.
Kah: putz, merda!- bufo.
Agus: a gente vai sair dessa galera. E obrigado Karol por ter cuidado de mim!- ele afirma e sorrio.
Kah: você é meu amigo. Faria de tudo por você!- ele sorri para mim- Bom, vocês tem que sair daqui agora e ir correndo. Eu terei que gritar que vocês estão aqui para Esteban não desconfiar quando ver que Agus não está mais aqui.- eles assentem- Então vocês saem rapidamente e eu grito ok? Não esqueçam de correr muito!
Rugge: você não vem?- ele pergunta e sinto meu coração se acelerar- Vem com a gente, por favor!
Kah: Rugge...- suspiro antes de falar- Não dá, desculpa!- afirmo e ele me olha chateado. Quase deixo tudo pra trás e falo que vou com ele ao vê-lo chateado assim, mas ele toma a frente.
Rugge: por quê?- ele me olha sem entender.
Kah: olha, eu prometo que vou voltar a ficar com vocês, mas agora não dá. So peço que confiem em mim!- afirmo, Ruggero assente frustrado e os meninos também- Agora vamos.- digo e passo na frente deles para abrir a porta- Assim que eu sai dessa porta irei para a porta da frente para distrair alguns capangas enquanto vocês saem pela porta dos fundos ok? Aí eu vou para o campo e grito quando eu ver vocês.- eles assentem. Posso ver que Ruggero está chateado com a minha decisão, ou melhor, todos eles, mas eles não dizem nada e agradeço por isso. Quero muito voltar, mas acontece que agora não dá. Preciso saber sobre meu pai e ainda fiz o pacto com a gangue de Esteban. Como combinado saio pela porta sem ser vista e caminho até a porta da frente iniciando o plano. Distraio alguns capangas e depois vou para o campo. Avistei os meninos correndo com um pouco de dificuldade enquanto seguravam Agus e me preparei para gritar- INVASÃO! PEGUEM SUAS ARMAS!- gritei rapidamente fazendo os capangas que estão presentes no campo olhar para direção que eu estou olhando. Rapidamente eles começaram a atirar e ouve uma troca de tiros dos capangas do Ruggero que saíram de trás do portão. Peguei minha arma e comecei a atirar também, mas não para atingir neles, claro. Eles passaram pelo portão, os capangas de Esteban correram até lá e eu resolvi ficar aonde estou mesmo. Logo vejo alguém se aproximar de mim e sinto minhas pernas tremerem.
Xx: o que aconteceu aqui?- seu tom é rude e conheço muito bem essa voz.
Kah: Esteban, que bom que chegou! Não sabia que estava aqui- falo ignorando sua pergunta e nos olhamos.
Esteban: eu cheguei já tem um tempo e porra, o Ruggero estava aqui?
Kah: sim, eu vi eles correndo pelo campo e comecei a gritar. Nossos capangas até tentaram atirar neles.
Esteban: DROGA!- ele grita me deixando um pouco assustada- Você sabe como ele entrou aqui?
Kah: não faço a mínima ideia. Só vi eles agora- minto e Esteban se aproxima de mim, muito por sinal.
Esteban: você não tem nada a ver com isso né?- ele pergunta com raiva e me olhando com sangue nos olhos. Merda! Respiro findo antes de dar a minha melhor mentira.
Kah: claro que não Esteban. Você sabe que estou com você nessa, não tem porque eu mentir!- afirmo e ele se distancia um pouco.
Esteban: espero que esteja falando a verdade Karol. Eu confio em você e espero não me decepcionar!- ele afirma antes de um capanga se aproximar.
Xx: senhor, eles fugiram. Não conseguimos alcançá-los- suspiro aliviada.
Esteban: não tem problema. O Ruggero vai ter o que merece!- ele afirma me fazendo engolir seco.
Xx: eles descobriram nosso galpão, o que vamos fazer?
Kah: ele tem razão. Precisamos sair daqui!- concordo para que Esteban não desconfie.
Esteban: não vamos fazer nada e que ele nos ataque. Se ele quer guerra, nós vamos ter guerra!- ele afirma antes de se afastar de mim. Droga! Pelo menos ele caiu na minha desculpa, ou melhor, foi o que pareceu.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now