• Capítulo 78

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Rugge: isso quer dizer que não tenho chances né?- pergunto sentindo um vazio em meu peito.
Agus: não sabemos, mas isso tudo é...- ele dá uma pausa- Bem difícil. Tente respeitar o tempo dela!- ele afirma e mordo meu lábio inferior fortemente. Não quero chorar agora.
Rugge: não sei se vou conseguir. Me apeguei tanto a ela, não quero ficar longe!- resmungo.
Mike: então para de ser egoísta pelo menos um pouquinho e se coloca no lugar dela, e se fosse o seu pai?- ele pergunta e travo o maxilar.
Rugge: ok, tem razão, mas mesmo assim, não posso deixar ela ir embora da minha vida. Ela é a coisa mais importante que tenho! Não que ela seja um objeto, claro que não, mas ela é a pessoa que mais amo sabe?- suspiro fundo.
Agus: carai, está dizendo que não somos importantes?- ele pergunta tentando tirar o clima triste e solto uma risada fraca.
Rugge: para de drama caralho!- afirmo e eles riem.
Mike: agora é sério, se teve algum motivo do porque matou o pai dela ela tem que saber. Deve explicações a ela.
Rugge: eu sei.- olho para ele- É errado já estar sentindo saudades dela? Sinto falta de ter ela por perto!- afirmo e eles negam.
Agus: é o amor!
Rugge: a droga do amor!- afirmo e desvio o olhar suspirando fundo. Tenho que me acalmar e falar com a Karol logo. Não quero que seja tarde demais quando eu for falar.

Dia seguinte·🌞

Kah on·
Fecho os olhos pela milésima vez tentando dormir, mas foi em vão. Droga, não estou conseguindo nem tirar um cochilo desde que me deitei nessa cama. Minha mente insiste toda hora em ficar lembrando da noite de ontem. Me sento na cama e olho para o lado vendo Valu e Lina dormirem profundamente. Estou dormindo em uma cama de solteiro que tem no quarto e elas estão dormindo juntas em uma cama de casal. Sorrio ao ver o quão grata sou a elas, pois se não fosse por elas não teria para onde ir. Respiro fundo e me levanto da cama vendo pelo meu celular que ainda são oito horas da manhã. Entro dentro do banheiro do quarto e me olho no espelho. Meu rosto está inchado e embaixo dos meus olhos estão escuros. Realmente estou exausta da noite de ontem já que ainda não conseguir pegar no sono. Depois de fazer minhas higienes e de escovar os dentes com uma escova reserva que as meninas me deram saio do quarto com cuidado para não acordá-las. Vejo que na mesa já tem café e algumas torradas e olho em volta. A tia da Lina já deve ter ido trabalhar. Ela ainda não me viu provavelmente, só se foi ao quarto das meninas enquanto eu tentava dormir. Espero que ela não se incomode de me ver aqui! Me sento em torno da mesa colocando café em uma xícara e passo um pouco de requeijão na torrada, mas quando vou comer sinto um enjoo. Droga, esse requeijão deve estar estragado! Resolvo deixar isso de lado e tomo meu café até que ouço batidas na porta. Franzo o cenho e me levanto da cadeira me aproximando da porta. Quem será? Será que devo abrir? Antes que eu possa fazer mais alguma pergunta ouço a campainha tocar e respiro fundo destrancando a porta já que não consigo ver quem é por a porta não ter olho mágico. Abro a porta e meus olhos se arregalam.

Kah: mãe?- abro a boca surpresa, mas logo me recomponho- Está me seguindo de novo?- pergunto rude e ela suspira.
Caro: não, não te segui dessa vez. Forcei seus amiguinhos ontem a me contarem onde está.- ela diz e suspiro- Não precisa ficar chateada com eles. Sou sua mãe e eles também acharam que seria melhor eu vir aqui para conversar com você.- ela diz e desvio o olhar. Por que os meninos tinham que passar o endereço daqui? Eu sei que não posso fugir dos meus problemas para sempre, mas só queria um tempo. Porra, não passou nem um dia desde que tudo aconteceu!- Não vai me convidar para entrar?- ela pergunta e percebo que ela ainda está do lado de fora. Respiro fundo e dou passagem deixando ela entrar e fecho a porta atrás de mim logo em seguida que ela entra.
Kah: pode ir direto ao ponto do porque veio aqui- falo, me sento no sofá e ela se senta na cadeira a minha frente.
Caro: antes de tudo queria te pedir perdão! Hoje vim aqui para responder todas suas perguntas do que quiser saber, pois sei que tem muitas. Lamento ter escondido tudo e ter te machucado tanto!- ela afirma e assinto a olhando e suspirando fundo. Eu realmente tenho muitas perguntas e concordo que tenho que saber logo, assim poderei superar mais rápido né? De qualquer forma já estou sofrendo, então tudo que ela for falar pode me fazer sofrer mais, mas pelo menos depois ficarei mais aliviada.
Kah: qual é a real razão de ter me mandado para o Esteban?- começo a perguntar pela pergunta que mais fiz todo esse tempo até aqui. Eu me perguntava várias vezes sobre isso, mas só ela pode me responder de fato.
Caro: porque eu queria matar o Ruggero e foi uma troca. Esteban queria que você fosse para ele, ele ia pedi para você fazer alguns serviços, ou seja, trabalhar para ele durante pouco tempo até ele matar o Ruggero, aí você voltaria para mim!- ela afirma e meu coração se aperta.
Kah: era mais importante para você matar o Ruggero enquanto sua filha ficava nas mãos de um monstro?- pergunto sentindo meus olhos marejados. Droga, odeio ser tão sensível, tão chorona, mas essa sou eu!
Caro: não, claro que não. Eu não sabia que ele ia te machucar! Para mim você só ia fazer alguns serviços para ele, nada mais!
Kah: ah claro, como trabalhar em uma boate como uma prostituta!- afirmo elevando meu tom de voz e sinto uma lágrima quente descer pela minha bochecha.
Caro: me perdoa Kah, de verdade, mas aquele desgraçado do Ruggero matou o seu pai! Era minha forma de vingança!
Kah: EU SEI PORRA, NÃO PRECISA FICAR ME LEMBRANDO!- grito. Toda vez que volto a lembrar desse assunto do Ruggero ter matado o meu pai meu coração se aperta mais em meu peito e fico ainda mais sensível- Você não percebe que foi por sua culpa que fiquei desse jeito? Fiquei mais sensível, mais fria e mais machucada tanto fisicamente e emocionalmente.
Caro: eu sei disso filha. Sei que nada que eu for falar vai fazer sua dor diminuir, mas quero que saiba que nem imaginei que isso tudo iria tão longe. Não imaginava que o Ruggero iria te levar para casa dele depois de eu te mandar para o Esteban e que você iria ficar com ele. No momento que descobri isso pedi ao Esteban para te trazer de volta para mim e ele disse que estava tentando.
Kah: claro, tentando me matar!- afirmo e ela suspira.
Caro: sei que fui uma péssima mãe, na verdade que sou. Sei que sou fria e exijo muito de você, mas quero que me perdoe por isso e sei que se concordar vai ser no seu tempo e estou disposta a esperar!
Kah: p-por que era tão f-fria? O que e-eu te f-fazia?- minha voz sai falhada.
Caro: nada, você sempre foi uma filha cuidadosa e que sempre se importava com a família, eu que sempre fui a má dessa história e egoísta. Me perdoe! Se eu pudesse voltar ao passado nada disso teria acontecido- ela diz e deixo um lágrima cair. Ela está me olhando com os olhos marejados enquanto fala.
Kah: por que não me contou a verdade sobre meu pai desde o início?- pergunto e ela respira fundo.
Caro: porque você era nova na época. Tinha só doze anos- ela diz e meu coração parece se apertar mais em meu peito ao lembrar que ela me privou de oito anos a mais com meu pai.
Kah: e depois?
Caro: depois não queria te contar porque sabia que isso iria te deixar mal!
Kah: então por que me contou ontem já que sabia que eu iria ficar mal?- pergunto e ela passa as mãos por seu cabelo. Eu sei que estou fazendo muitas perguntas, mas tenho esse direito. Ela já me magoou demais, isso é o mínimo que ela pode fazer!
Caro: porque eu vi que estava se apegando demais naquele desgraçado e queria que você notasse que tudo o que fiz nesse tempo foi para te proteger dele!- ela afirma e solto uma risada irônica.
Kah: primeiro, para de chamar ele de desgraçado toda hora. Ele está tão errado quanto você!- afirmo e ela abaixa a cabeça- E outra, não estava me apegando a ele, eu já estava apegada!- afirmo e ela volta a me olhar- Se tivesse me contado desde o início toda verdade não teria me apegado, na verdade, nem teria ficado com ele- falo sentindo as lágrimas se acumularem.
Caro: perdão!- ela sussurra.
Kah: só queria ser uma pessoa normal, com uma família normal, por que tem que ser tão difícil?- pergunto desabando em lágrimas e ela chora comigo.
Caro: sei que errei, admito! Não era para eu ter te mandado para o Esteban. Fui uma péssima mãe, mas quero me redimir com você. Você e sua irmã são tudo para mim Karol. Eu te amo!- ela afirma chorando e limpo minhas lágrimas ignorando cada palavra. Sei que não posso ser tão fria, mas estou machucada e também tenho esse direito de estar. Sou um ser humano e tenho sentimentos como qualquer outra pessoa.
Kah: por que me privou oito anos de estar com meu pai?
Caro: não te privei! Falei para ele várias vezes que fingir uma morte era errado, mas ele não me escutou! Ele disse que seria melhor, pois quanto mais tempo ele ficasse com você mais iria ficar apegada a ele e ele a você, o que era óbvio já que se ele continuasse por perto você iria ficar mais tempo com ele e mais apegada. Ele queria privar a família toda também- ela fala com sinceridade.
Kah: você via ele nesses oito anos?
Caro: às vezes.- ela dá uma pausa- Seu pai era um homem bom, apesar das coisas que fazia. Eu tentava o impedir de se afundar mais nesse mundo, mas ele sempre dizia que era tarde demais!
Kah: ah claro, e aí você me levou para esse mundo. Quase morri mãe, várias vezes- um soluço alto sai da minha boca.
Caro: eu sei, palavras não medem o quanto estou mal e o quanto estou arrependida.
Kah: poderia ter pensado nisso antes!- afirmo me levantando e ficamos em silêncio- Você traia o meu pai?- pergunto de repente. Uma coisa não bate nessa história. Eu e Clara temos doze anos de diferença e eu tinha doze anos quando meu pai morreu.
Caro: não, não traia. Depois de seis anos dele fingindo a morte a gente mal se falava e aí segui minha vida. Encontrei Phelippe e temos a Clara agora, porém quando seu pai morreu dois anos depois eu estava por perto. Foi na nossa antiga casa que ele deixou e Phelippe foi pra lá morar comigo depois que casamos, você talvez se lembre da outra casa, só não sabia o motivo real da mudança depois. Bom, seu pai apareceu dois anos depois para falar comigo, só que não deixei. Estava magoada por ele ter nos deixado.- ela chora mais- E também já estava com o Phelippe. Até que um monte de homens mascarados entraram na casa, menos o Ruggero que estava sem máscara e vi ele matando seu pai na minha frente. Implorei para ele parar, mas não o fez. Nunca mais esqueci do seu rosto e tenho muitos pesadelos por isso- ela diz e sinto uma lágrima descer pelo meu rosto.
Kah: já que estava bem da vida depois com Phelippe por que teve que estragar a minha?- pergunto rude e ela se levanta.
Caro: preferia não saber do que o Ruggero fez?
Kah: não é isso!- afirmo com raiva- Só estou perguntando por que queria matar o Ruggero por causa do papai sendo que você já estava com outro?
Caro: porque mesmo estando com Phelippe e ele me fazer muito feliz meu coração sempre foi do seu pai e o dele o meu.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now