• Capítulo 86

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Kah: você tem razão, eu o amo!- deixo um soluço alto escapar- Mas não posso...- dou uma pausa- Não podemos voltar!
Caro: por quê?- ela me olha sem entender.
Kah: porque ele já me machucou muito mãe e eu também machuquei ele, não foi só isso que me fez afastar dele. Amo ele e sempre vou amar, mas não posso fazer isso comigo, com a gente! Ele matou meu pai e sei que teve um motivo para isso, mas não é suficiente para mim. Ele matou meu pai do mesmo jeito, entende?- ela assente.
Caro: ok, independente da sua decisão irei te apoiar e respeitar- ela sorri fraco.
Kah: o certo é que possamos viver nossa vida livres um do outro, sabe? Sempre vou ter um carinho muito grande por ele, mas não somos bons um para o outro.- ela assente- Mas o bom é que estou conseguindo perdoá-lo aos poucos e a você também!- afirmo e ela abre um sorriso enorme.
Caro: obrigada!- ela sussurra emocionada e ouço passos. Me viro e olho para escada vendo Clara descendo correndo. Seco minhas lágrimas e levanto rapidamente do sofá para pegá-la no colo.
Clara: MANINHA!- ela grita me apertando e rio contra seu braço. Volto a me sentar no sofá, só que agora com ela em meu colo- Não sabia que iria vir!- ela sorri.
Kah: quis fazer surpresa, gostou?
Clara: muito! Senti sua falta!- ela afirma e sorrio.
Kah: eu também pequena- beijo sua testa e olho para minha mãe que está admirada. Sei que vi Clara quando vim aqui para pegar o dinheiro no cofre, mas foi tão rápido e tive que agir com tanta cautela que nem conversamos direito e agora enfim posso ficar aqui com ela.
[...]
Kah on·
Chego na casa da tia da Lina e me jogo no sofá suspirando fundo. Hoje o dia foi muito cansativo, acabei tendo que brincar com a Clara, mas também foi muito bom! Estava com saudades de passar tempo com ela e confesso que também estava com saudades da minha mãe. O que ela me falou sobre o Ruggero não sai da minha cabeça e como já disse antes, sei que ela está se esforçando muito para mudar só pelo fato que ela me deixou ficar com ele, que não irá impedir caso eu ficar e ainda me deu conselhos sobre isso. Confesso que fiquei aliviada ao saber que ela vai deixar o Ruggero em paz! Sou despertada dos meus pensamentos vendo minhas amigas vindo em minha direção. Elas me abraçam e se sentam uma em cada lado do meu corpo no sofá.

Valu: aonde estava? Lemos o bilhete, mas você só disse que iria sair.
Kah: estava na casa da minha mãe.
Lina: sério?- assinto- O que foi fazer lá?- ela pergunta curiosa.
Kah: fui ver minha irmã e confesso que aproveitei para falar com minha mãe também. Ela está tentando mudar e isso é muito bom!- sorrio.
Valu: muito mesmo!- ela sorri- O que conversaram?
Kah: sobre eu me mudar pra lá, mas não quero, quero ter meu próprio apartamento.
Lina: você sabe que pode ficar aqui quanto tempo quiser!
Kah: sim e agradeço a você por isso, mas daqui alguns meses irei fazer dezoito anos e já quero ter meu próprio apartamento.
Valu: te entendo!
Kah: vocês acreditam que minha mãe finalmente vai deixar o Ruggero em paz?
Lina: nossa, que evolução!- ela ri.
Kah: pois é.
Valu: e você não vai falar com ele?
Kah: já conversamos.
Lina: mas você ainda não abriu seu coração verdadeiramente para ele Kah.
Kah: claro que sim, ele até veio aqui, vocês já sabem.
Valu: não vai ficar com ele?
Kah: não, isso é meio que impossível! O que vocês fariam no meu lugar?- pergunto as deixando pensativa.
Lina: acho que não voltaria também. Meu pai é tudo para mim e sinto muita falta dele só de estar longe, imagina se ele mor...- a interrompo.
Kah: tudo bem, não precisa terminar essa frase. Já decidi e acho melhor eu e o Ruggero seguirmos nosso próprio caminho. Tenho certeza que ele vai encontrar alguém que o ame muito e ele também vai amar essa pessoa, e espero que eu também possa encontrar alguém, mas claro que não preciso de alguém para ter um final feliz!
Valu: assim que se fala garota!- ela ri me abraçando de lado- Mas você sabe que sua mãe errou tanto como o Ruggero. Claro que a maioria dos erros foram diferentes, mas te machucaram mesmo assim! Você poderia tentar ter uma relação com ele, não de namorar, claro- assinto. Poderíamos mesmo, mas não sei se estou preparada para sermos apenas amigos já que sempre fomos algo a mais e não estou preparada para ouvir daqui alguns meses que ele gosta de outra pessoa se formos amigos.
Lina: o que tem nessa sacola?- ela olha para sacola em volta do meu braço e arregalo os olhos. Droga, já estava me esquecendo!
Kah: não vou mentir. É um teste de gravidez!- elas arregalam os olhos.
Valu: O QUÊ?- ela grita se afastando de mim.
Kah: resolvi seguir o conselho de vocês. Estou passando muito mal esses dias, cheguei a vomitar na casa da minha mãe hoje e ter vários enjoos, então na hora de voltar pra cá comprei.
Lina: caralho, não creio! Pela primeira vez você nos ouviu!- ela quase grita e bato de leve em seu ombro rindo.
Kah: parem de ser tontas! Sempre ouço vocês!
Valu: você nunca ouve!- ela afirma e reviro os olhos.
Kah: tem razão, mas agora segui um conselho de vocês, então não reclamem!
Lina: tá bom, e o que você está esperando para fazer?- ela levanta do sofá entusiasmada e batendo palmas. Meu Deus!
Kah: não sei. Acho que estou com medo!- mordo meu lado inferior.
Valu: não precisa ter medo, estamos aqui. Vamos fazer logo?- ela pergunta e assinto- Então vamos!- ela afirma animada se levantando e também me levanto. Vamos até o banheiro e entramos dentro do mesmo.
Kah: estou ansiosa!- rio para tentar descontrair. Estou muito nervosa e ansiosa!
Lina: não precisa! Você sabe como fazer certo?- assinto, aliás já fiz isso uma vez.
Valu: te esperamos aqui fora- assinto e ela sai junto com Lina fechando a porta. Respiro fundo contando até dez nervosa. Fecho os olhos tentando me concentrar e tirar essa ansiedade de dentro mim, o que foi em vão. Abro novamente meus olhos pegando um recipiente limpo de dentro do armário do banheiro, grito para Lina perguntando se posso usar e ela grita de volta dizendo que eu posso. Suspiro e urino dentro do potinho depois de tirar toda minha roupa debaixo, logo após coloco minha roupa novamente e coloco a fita do teste em contato com a urina depois de tirá-lo da caixa. Abro a porta do banheiro e as meninas se levantam rapidamente da cama quando me veem.
Valu: e aí?- ela pergunta ansiosa.
Kah: o resultado não saiu ainda- mordo meu lábio inferior nervosa.
Lina: pode ficar tranquila! Independente do resultado estamos com você!- sorrio fraco, olho para o pote com o teste dentro e sinto meu coração se acelerar, mas o resultado ainda não saiu, só estou muito nervosa!
Valu: você quer que dê o quê? Positivo ou negativo?- ela pergunta e tiro minha atenção do teste a olhando.
Kah: sinceramente? Não sei!- suspiro- Por um lado quero que de negativo, porque se der positivo esse filho vai ser do Ruggero também e agora não é um bom momento. Na verdade depois de tudo o que aconteceu nunca seria um bom momento. Sem contar que tenho dezessete anos, sou nova, mas se eu estiver grávida vou estar feliz e com certeza não vai ser igual da última vez. Quando eu perdi o outro bebê fiquei bem mal, então se eu estiver grávida talvez fique feliz por isso- sorrio fraco tentando me tranquilizar e elas sorriem por minhas palavras.
Lina: acho que já saiu o resultado- ela diz animada olhando para o banheiro e entra dentro do mesmo enquanto eu e Valu seguimos ela. Sinto meu coração se acelerar ainda mais, Lina olha para o teste e depois para mim.
Kah: e aí?- pergunto ansiosa.
Lina: olha com seus próprios olhos!- ela sorri e se afasta me dando espaço. Sinto meu coração se apertar em ansiedade e vou até onde está o pote. Meus olhos se arregalam e meu coração quase sai pela boca quando falo.
Kah: porra, eu estou GRÁVIDA!- grito a última parte e coloco a mão na boca em choque.
Valu: MEU DEUS!- ela grita e minhas duas amigas me abraçam. Sinto meus olhos marejados e elas se afastam de mim.
Lina: não chore!- ela me conforta e enxuga a lágrima que caiu em minha bochecha.
Kah: não sei se estou chorando de alegria ou de desespero- tento fazer uma piada, mas acabo chorando mais.
Valu: o que pretende fazer agora? Se quiser podemos parar de falar disso, mas você sabe que agora que está grávida vai ter uma vida diferente- ela diz, assinto saindo do banheiro e entrando no quarto e elas me seguem.
Kah: eu sei- me sento na cama e logo após me deito nela.
Lina: esse filho é mesmo do Ruggero né?
Kah: claro que é Lina- reviro os olhos. Como poderia ser de outra pessoa sendo que a última pessoa que fiz relação sexual foi ele? Na verdade só era ele esse tempo todo!
Valu: pretende contar para ele?
Kah: sim, lógico, não vou ser burra que nem a última vez e tentar esconder. Vocês viram que foi pior!- choro mais e agarro o travesseiro só de lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia. Sinto a cama se afundar e prevejo que elas se sentaram na mesma.
Lina: mas dessa vez será diferente. Ele te a...- a interrompo.
Kah: nem termina essa frase, pelo amor de Deus!- olho para minhas amigas e elas assentem.
Valu: pretende contar quando?
Kah: não sei, só tenho que estar preparada. Estou com medo dele não aceitar. Por mais que não estejamos mais juntos ele tem o direito de saber que vai ter um filho, mas tenho medo dele rejeitá-lo. O bebê não tem culpa de nada o que aconteceu!
Lina: fica tranquila que se ele não aceitar a gente arranca o pau dele!- ela afirma brincando e solto uma risada em meio as lágrimas- Brincadeiras a parte, mas acho que dessa vez vai ser diferente. Vocês dois, principalmente ele amadureceu bastante!- ela afirma e assinto. Realmente, fico feliz pela minha evolução e do Ruggero.
Valu: agora chega de choro. Vamos assistir um filme- ela sorri e nego.
Lina: não adianta negar, vamos logo!- as duas me puxam pelo braço e bufo. Sei que elas estão fazendo isso apenas para que eu não fique chorando mais um dia inteiro debaixo dos lençóis, por isso afirmo sempre que tenho as melhores amigas do mundo, sério!

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now