• Capítulo 92 - Reta Final.

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Kah: aquilo... Antes de eu desmaiar?
Lina: Kah, a gente estava conversando lá fora quando você desmaiou e ficou desacordada e decidimos não te esconder nada. Você melhor do que ninguém tem todo o direito de saber a verdade e o que está acontecendo e vamos te contar, mas tem certeza que quer saber agora? Você está bem debilitada e não queremos prejudicar seu estado- ela diz receosa e franzo o cenho.
Kah: vocês não entendem? Eu quero s-saber de uma vez por t-todas o que está a-acontecendo!- minha voz falha sabendo que talvez eu não esteja tão preparada para ouvir o que eles tem para me dizer- Eu sei que o Ruggero não está morto. Ele não pode estar!- quase grito e eles se entreolham- Pode falar, ele não quis mais saber de mim? É isso né?- sinto uma lágrima cair em meus rosto e vejo minhas mãos tremendo, meus lábios e até mesmo minhas pernas.
Valu: Karol, ele jamais iria embora e te deixaria nesse estado, por mais que não estavam mais juntos- ela diz e fecho os meus olhos com força.
Kah: então onde ele está?- abro meus olhos sentindo eles embaçados por conta das lágrimas que estão por vim e olho para os meus amigos.
Mike: então...- ele suspira e o olho- Não mentimos em nenhum momento Karol, nunca iríamos fazer isso com você.- vejo os olhos dos meus amigos marejados e sinto ainda mais lágrimas molharem meu rosto inteiro e como se meu coração fosse sair pela boca- O Ruggero...- ele dá uma pausa- Ele está mesmo morto- ele diz a última palavra derramando uma lágrima no seu rosto e sinto uma dor inexplicável fazendo com que eu literalmente gritasse.
Kah: NÃO, ELE NÃO ESTÁ MORTO! PAREM DE BRINCAR COM ISSO!- grito e arranco os fios de mim que estava controlando meus batimentos cardíacos pelo aparelho.
Agus: não Karol, você não pode tirar!- ele tenta se aproximar de mim, mas saio de cima da maca indo para um canto.
Kah: NÃO, NÃO, NÃO, ELE NÃO PODE ESTAR MORTO!- repito para mim mesma tentando acreditar que tudo não se passa de uma mentira e as lágrimas vem com tudo deixando minha visão mais embaçada ainda e caio no chão. Vejo quando Agus tenta me segurar, mas me debato contra seu peito, porém por conta dele ser mais forte seus braços cercam a minha cintura e me desabo chorando em seu peitoral- Por quê? Por q-que e-ele está m-morto?- minha voz sai falhada, minhas lágrimas molham a blusa de Agus e vejo quando Valu começa a falar chorando.
Valu: ele te salvou. Ele salvou a sua vida!- ela afirma e me afasto de Agus limpando minhas lágrimas.
Kah: como?- minha voz sai em um sussurro- Eu já tinha levado o tiro quando ele encontrou no banheiro- falo lembrando e soluçando de tanto chorar. Sinto as mãos de Lina em meu cabelo tentando me acalmar, mas isso parece ser impossível!
Lina: vai parecer confuso, mas você teve um ataque cardíaco fatal.- ela engole em seco- E o Ruggero deu a vida dele para você não morrer.
Kah: isso significa que...- começo a falar desacreditada, mas Mike continua quando vê que não consigo terminar.
Mike: para salvar sua vida ele teve que ter uma morte cerebral. Sei que parece ser uma loucura, mas ele fez isso para dar o coração dele para você.
Agus: ele sempre vai estar aí em seu coração Karol, definitivamente. Você sempre vai ter uma parte dele em você, para sempre!- ele afirma e começo a sentir uma falta de ar, mas mesmo assim não consigo ficar quieta diante disso. Estou perplexa, mal e essa dor que está em meu peito parece que vai se aumentando cada vez mais que os meninos falam.
Kah: ELE NÃO TINHA O DIREITO DE FAZER ISSO!- grito e um soluço alto sai de minha boca enquanto choro desesperadamente- ERA PARA EU TER MORRIDO, NÃO ELE!- grito indignada com tudo isso e respiro fundo tentando recuperar o ar.
Valu: não fala assim. Ele não iria aguentar te perder e nem a gente.
Kah: AH, E VOCÊ ACHA QUE EU AGUENTO PERDÊ-LO?- ela fica quieta- NÃO, NÃO PODE SER REAL!- grito, dou um soco forte na parede e logo após sinto minha mão doer, mas isso nem se compara a dor que estou sentindo pela morte do Ruggero- FALA QUE É UM PESADELO!- grito chorando desesperadamente e vejo quando eles negam me fazendo chorar mais ainda.
Agus: Karol, você tem que voltar para a maca. Sei que é complicado, mas você fez uma cirurgia do coração e tem que estar de repouso absoluto, por favor!
Kah: ISSO NÃO IMPORTA AGORA CARALHO! O RUGGERO MORREU POR MINHA CULPA! ELE NÃO TINHA ESSE DIREITO, ALIÁS COMO VOCÊS DEIXARAM ISSO ACONTECER?
Lina: não tivemos como impedir Karol. Ele queria muito fazer isso e estava decidido.
Valu: agora volta para a maca, por favor- ela suplica e não consigo pronunciar nada por conta do choro.
Mike: POR FAVOR KAROL, NÃO PODEMOS CORRER O RISCO DE TE PERDER TAMBÉM- Mike grita e coloco a mão na boca tentando abafar os meus gritos chorando. Sinto as lágrimas molharem minha blusa e Agus me pega no colo. Tento me debater novamente, mas quando vejo já estou na maca e ele está conectando os fios em mim.
Kah: eu literalmente queria ter morrido!- afirmo sendo sincera. Não queria estar viva e quando acordar ter esse bomba que recebi.
Lina: não fala assim, por favor!- ela afirma e rio sem humor entre as lágrimas.
Kah: vocês não fazem ideia da dor que estou sentindo. É como se parte de mim fosse embora, é como se faltasse parte do meu coração.
Mike: nós sabemos, mas olha, o Ruggero ele te fez uma carta- ele diz pegando a carta que estava embrulhada em seu bolso e ergue para eu pegá-la.
Kah: eu não quero ler!- afirmo com sinceridade- Não quero ler ele dizendo que me ama sendo que não está mais aqui.
Valu: não vamos te obrigar, mas ele pediu muito para que lesse, então quando você se sentir à vontade, leia- Mike coloca a carta do lado da cama e não consigo nem olhá-la de tamanha dor.
Kah: com certeza a dor de um tiro não chega nem perto dessa que estou sentindo- tento cessar as lágrimas, mas é impossível! Vejo quando a porta se abre com tudo dando a visão da minha mãe passando que nem um furacão por ela e se aproximando de mim enquanto meus amigos se afastam para dar espaço.
Caro: filha.- ela fala entre lágrimas, me abraça e a abraço com toda a força do mundo derramando lágrimas em sua blusa- Eu fiquei sabendo do que aconteceu.- ela dá uma pausa- Eu sinto muito, de verdade!- sinto sinceridade em suas palavras e apenas assinto enquanto choro em seus braços. Sempre me falaram que abraço de mãe é essencial para nossa caminhada, porém eu nunca tinha sentido isso antes. Minha mãe sempre foi muito fechada, mas pela primeira vez eu me sinto acolhida e amada em seus braços enquanto choro aos prantos. Vejo quando meus amigos saem do quarto para nos dar mais privacidade e fecho os olhos me desabando mais em lágrimas. Se passam um bom tempo, até que minha mãe se afasta um pouco e olha para o meu rosto que com certeza deve estar inchado e vermelho, além de molhado- Eu sinto muito!- ela afirma com sinceridade.
Kah: por que mãe?- pergunto entre lágrimas- Por que ele?- choro mais enquanto ela tenta limpar minhas lágrimas. Essa pergunta é que eu estou fazendo desde o momento que eu soube de tudo, por que ele tinha que ir?
Caro: porque ele te ama! Eu demorei para aceitar, mas ele salvou a sua vida porque te ama. Talvez ele não ia suportar te perder, mas sinceramente? Não sei os motivos dele, mas serei eternamente grata por ter salvo sua vida!
Kah: eu não estou suportando essa dor.- choro mais- Essa dor que nunca acaba e parece tomar parte de todo o meu corpo aos poucos. Acho que isso nunca vai acabar!
Caro: não diga isso. Eu tenho certeza que ele vai estar sempre em seu coração, literalmente.
Kah: isso jamais vai fazer com que a minha dor diminua. Eu quero ele aqui, comigo!- afirmo chorando desesperadamente- Por favor, eu quero ele aqui comigo!- elevo meu tom de voz aos prantos e ela me abraça em um movimento rápido enquanto faz cafuné em meu cabelo tentando me acalmar.

Quebra de tempo·

Kah on·
Aqui estou eu, mais uma vez olhando para o teto e deitada na maca do meu quarto no hospital enquanto penso. Depois de tudo que aconteceu fui praticamente obrigada a fazer mais exames. Apesar de não estar com força de ânimo e física alguma, meus amigos e minha mãe não deixaram que a minha vontade prevalecesse e me levaram para fazer os exames. Eles disseram que foi um milagre meu bebê não ter morrido e que eu deveria fazer mais exames para saber se estava tudo bem entre mim e o bebê. Pelo menos ele está bem, apesar de eu estar super mal e de seu pai estar morto. Me dói dizer isso. Eu ainda não consigo acreditar e nem quero! É incrível que em um piscar de olhos nossa vida pode mudar drasticamente. É decepcionante saber que se eu não tivesse entrado naquele banheiro nada disso teria acontecido, mas por outro lado do jeito que a Candelária era psicopata ela iria até o inferno para me matar, mas por quê? Eu nunca fiz mal a ela. Talvez ela não gostasse de mim por ter roubado, mesmo não querendo a atenção de Esteban enquanto estava em sua gangue. De qualquer forma não adianta ficar pensando nisso, nada do que eu pensar ou fizer vai mudar o passado. Mas ainda continua doendo tanto essa vontade de ter o Ruggero ao meu lado, mas não poder. Penso enquanto tento segurar minhas lágrimas, mas foi em vão. Isso me faz pensar que a vida é um sopro, uma hora estamos aqui e na outra podemos já não estar. Isso me faz agradecer que mesmo ele tendo morrido eu tive a chance de falar com ele e liberar o perdão, o que muitos não tem e por mais que doa muito lá no fundo eu me sinto privilegiada. Eu o amo, eu sempre irei o amar, disso eu tenho certeza! Meu coração nunca vai pertencer a alguém tanto igual pertenceu a ele. Infelizmente ele não vai estar aqui segurando a minha mão enquanto dou a luz ao nosso filho, mas sei que vai estar nos olhando de onde estiver e sempre vai estar comigo, eu posso sentir isso. Enquanto choro meu olhar acaba desviando para a carta que está em cima da cama. A carta dele e penso se é um bom momento ler agora, se realmente vou estar preparada para isso e lembro que minha mãe e meus amigos estão lá fora falando com o médico, então talvez agora seja uma boa hora de ler a carta. Vou em direção dela para pegá-la, mas logo volto para a posição que eu estava. Será que estou mesmo pronta para ler o que está escrito? Bom, uma coisa que eu sei é que quero muito ler essa carta. Quero ler o que ele escreveu para mim, por mais que no fundo eu saiba que vou ficar mais desidratada do que estou. Suspiro fundo antes de pegar de uma vez a carta e vejo na frente uma caligrafia, até que bonita, com meu nome. Passo meu dedo suavemente pelo meu nome no papel e dou um sorriso fraco antes de abrir o envelope e tirar a carta de dentro. O envelope e a carta estão um pouco amassados já que Mike tinha os embrulhado dentro do seu bolso, mas mesmo assim dá para ler. Respiro fundo e foco no início da carta começando a leitura, ficando assim tensa e sentindo meu coração se acelerar.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now