• Capítulo 94 - Último Capítulo.

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Agus: tem certeza disso?- ouço um dos meus melhores amigos me perguntar me tirando do transe.
Kah: sim. Eu esperei muito por esse momento!- afirmo decidida.
Lina: então vamos- Lina diz tirando um guarda-chuva da bolsa e pronta para abrir a porta, mas tomo a frente para falar outra vez interrompendo seus movimentos.
Kah: se não se importam, eu quero ir...- fico sem jeito para falar. Querendo ou não sei o quanto eles estão me ajudando e fico com medo de estar sendo chata e incompreensível.
Valu: sozinha?- Valu me completa e eu apenas assinto.
Mike: não acho que seja uma boa ideia Kah- ele diz tentando me convencer.
Kah: por favor!- peço mais uma vez e Agus suspira ao meu lado.
Agus: ok, mas com uma condição, irei te acompanhar até lá. Não posso te deixar lá literalmente sozinha- ele diz e suspiro fundo antes de assentir. Sei que eles estão com medo de como irei reagir e eu também estou, então entendo toda essa preocupação. Lina passa o guarda-chuva para mim, assim que abro a porta do carro abro a sombrinha e espero por Agus sair também, já que ele estava ao meu lado no banco de trás. Assim que ele sai fecha a porta e entra debaixo do mesmo guarda-chuva do que eu. Não está chovendo tanto, apenas chuviscando, mas mesmo assim é melhor estarmos debaixo de uma proteção já que o tempo está bem nublado e pode piorar. Eu e Agus andamos em passos lentos até a entrada do cemitério enquanto ele me guia até onde o Ruggero foi sepultado. Sinto minhas mãos tremerem, minhas pernas bambas e mordo o meu lábio inferior fortemente me impedindo de chorar. Trabalhei muito isso em mim nesse último mês e mesmo relutando muito contra aos meus amigos tive um acompanhamento psicológico. Isso me ajudou um pouco, confesso. Vejo quando Agus para de andar, paro junto com ele o olhando e ele aponta para um caixão ao nosso lado. Fecho meus olhos fortemente antes de virar meu rosto e ver onde o Rugge foi sepultado. Mal posso controlar minhas emoções e já sinto meus olhos marejados.
Agus: irei te esperar ali embaixo- Agus fala baixo em meu ouvido e assinto o vendo correndo para não se molhar tanto e indo para debaixo de uma superfície com um telhado. Minha atenção volta para onde está escrito em uma placa o nome do Ruggero, o dia que ele nasceu e o dia que ele morreu. Sinto quando uma lágrima teimosa atravessa minha bochecha, mas a seco rapidamente.
Kah: eu nem acredito que você realmente se foi.- tento ser forte para falar- Eu nem acredito que você não está mais aqui comigo, que nunca mais vou ouvir sua voz, nem sentir seu cheiro, seus toques, seus abraços e seus beijos. Nunca pensei que iria dizer isso, mas acho que vou sentir até falta de quando me irritava. É surreal ver o quanto tudo mudou em apenas um mês, parece impossível acreditar que você realmente se foi e não está mais aqui.- falo não conseguindo conter mais minhas lágrimas- Sei que você não está me ouvindo e realmente pareço uma idiota falando tudo isso, mas eu preciso, eu preciso muito desabafar.- me desabo em lágrimas- Nunca pensei que minha vida fosse mudar do avesso, mas mudou e parte foi por sua causa, mas eu não me arrependo, não me arrependo de ter vivido uma vida louca ao seu lado e com certeza se eu pudesse mudar algo eu não mudaria nada! Você foi a pessoa que mais me machucou, mas ao mesmo tempo foi a pessoa que mais me amou e mais me protegeu com todas suas forças. Mais me xingou, principalmente no início, mas foi a pessoa que sempre esteve comigo. Sou grata por ter tido você na minha vida e agradeço a Deus por ter conseguido liberar o perdão para você e poder demonstrar meus sentimentos e tudo que eu penso antes de você partir. Eu não faria nada diferente. Nada.- sinto quando a chuva aumenta e minhas lágrimas também- Prometo que vou cuidar do nosso filho com todo o amor do mundo. Eu te amo Ruggero e sempre vou te amar. Espero que saiba disso da onde estiver e sei que sabe- termino de falar e sinto minhas pernas se fraquejarem, estou literalmente sem forças, mas antes que eu possa cair sinto braços me segurando. Olho para cima vendo Agus e o abraço com todas as minhas forças deixando o guarda-chuva cair, mas no momento não ligo nem um pouco para isso. A dor que estou sentindo não é tão desesperadora de quando descobri que o Rugge tinha morrido, mas mesmo assim, é uma dor imensa! Sei que na nossa vida tudo tem um propósito e nada que acontece é em vão, então prefiro acreditar que se o Ruggero se foi, foi por algum motivo, e um deles foi de me salvar e salvar o nosso filho. Aos poucos vou me acalmando enquanto Agus faz um cafuné em meu cabelo. Nós acabamos nos molhando já que a sombrinha acabou caindo no chão, mas confesso que não estou ligando tanto para isso.
Agus: precisamos ir- ele fala e assinto nos separando um pouco.
Kah: obrigada por tudo Agus, e desculpa por ter te molhado- ele ri.
Agus: você sabe que sempre estarei aqui e não precisa pedir desculpas, isso é o de menos.- ele sorri, mas sei que está tentando esconder sua tristeza e demonstrar que não está triste com toda essa situação. Sei que meus amigos estão tentando ser fortes por mim e para eu não me sentir pior ainda- Vamos?
Kah: vamos.- ele me estende a mão e antes de irmos pego o guarda-chuva do chão e entrelaço minha mão com um dos meus melhores amigos- Não precisa fingir ser forte toda hora Agus e nem o pessoal. Eu estou aqui não só para rir quando vocês rirem, mas para chorar quando vocês chorarem também.- falo com sinceridade enquanto andamos para fora do cemitério- Amigos são para isso!- ele sorri para mim com os olhos marejados e beija minha cabeça.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now