• Capítulo 77

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Kah: então me falem que isso tudo é mentira?- as lágrimas se intensificam e suplico para que tudo seja um sonho ou uma mentira. Não sabia que descobrir a verdade sobre meu pai ia ser tão dolorosa!
Caro: não é mentira!- ela afirma e tenho a sensação que meu coração desce para o estômago. Eu sei que não é, mas queria acreditar que sim- Confesso que menti esse tempo todo dizendo que seu pai morreu quando você tinha quatro anos. Na verdade você tinha doze na época, mas menti para o seu bem. Acredita em mim!- ela afirma e minha vontade é de rir só para ver se vai diminuir toda essa dor, mas em vez disso choro mais.
Kah: vocês dois são dois mentirosos!- elevo meu tom de voz e sinto um soluço sair da minha boca- COMO SEMPRE A MINHA VIDA É UMA MENTIRA!- grito.
Caro: não fala assim filha. Eu só queria te prote...- a interrompo.
Kah: ME PROTEGER PORRA NENHUMA! A ÚNICA COISA QUE VOCÊS SABIAM FAZER ERA ESCONDER ISSO DE MIM!- grito e sinto uma mão em minhas costas.
Agus: Karol, quer ir para casa?- Agus pergunta e nego.
Kah: eu não quero ir para casa dele!- olho para o Ruggero que continua chorando assim como eu- Se for possível eu não quero nunca mais vê-lo!
Caro: se quiser pode ir para sua casa, a nossa casa. Seu quarto continua intacto- ela diz e nego.
Kah: acha mesmo que só por que me contou a verdade vou te aplaudir e te obedecer? Vocês dois me magoaram igualmente e eu tenho pena por vocês serem tão baixos e podres!- afirmo com desdém.
Lina: se quiser pode ir para casa da minha tia. Ela não se importa Kah- assinto.
Kah: tudo bem. Quero ir mesmo embora desse inferno!- tento limpar minhas lágrimas, o que foi em vão já que não consigo parar de chorar.
Caro: eu te amo filha. Espero que algum dia me perdoe!- ela afirma e olha para mim com lágrimas nos olhos.
Kah: você deveria estar feliz por eu ser uma filha tão boa que ainda olha para sua cara e fala com você mesmo depois de tudo!- afirmo e seguro na mão de Lina. Quero ir embora logo!- E você Ruggero, não me procura nunca mais! Você já me magoou tanto e não acredito que fui tão ingênua em pensar que dessa vez poderia ser diferente, mas acabou! Acabou tudo o que nós temos! Se é que tínhamos algo já que você nunca assumiu de verdade o que tínhamos. Você como sempre arruinou tudo assim como arruína desde o momento que te conheci. Tenho pena de você, porque é bem provável que nunca seja feliz com esse seu jeito tão cruel que só sabe magoar os outros com suas atitudes e suas falas. Tenho mais pena ainda porque você nunca vai encontrar alguém como eu te amo apesar do seu jeito. Eu fiz de tudo por você e como sempre estraga tudo provavelmente vai ficar sozinho, sem ninguém enquanto eu vou seguir minha vida, encontrar o verdadeiro amor da minha vida que me trate como você deveria ter tratado, vamos nos casar e ter filhos e enfim vou ser feliz, longe de você!- falo firme sem deixar uma lágrima nesse momento cair enquanto ele se ajoelha em minha frente.
Rugge: Karol, por favor, eu faço de tudo para me perdoar!- ele chora mais e puxo a mão de Lina para ir embora, mas assim que passo pelo Ruggero ele segura na minha blusa- Eu te amo! Não me deixa! Você sabe que seu lugar é aqui comigo, meu amor.
Kah: NÃO ME CHAMA ASSIM NUNCA MAIS, QUE PORRA! ME DEIXA EM PAZ!- grito e me afasto bruscamente do seu aperto o deixando chorando e caído no chão enquanto puxo Lina pela mão para ir embora e vejo que Valu vem atrás.
Valu: vai ficar tudo bem Kah. Te prometemos!- ela afirma e apenas assinto ouvindo um soluço alto sair da minha boca. Lina me abraça e a aperto mais forte no nosso abraço. A dor que estou sentindo é inexplicável e não sei se é possível, mas só quero que tudo passe logo!

Quebra de tempo·

Kah on·
Cheguei já tem um tempinho na casa da tia da Lina. A mesma me disse que sua tia provavelmente vai chegar só de madrugada já que ultimamente ela está indo a baladas, mas não liguei muito, desde que ela não me expulse daqui já que não tenho mais para onde ir. Assim que cheguei tomei um banho longo, mas infelizmente a água quente não me acalmou o tanto que eu queria. Estou nesse momento sentada no sofá quando vejo minhas amigas se aproximarem.

Lina: vou pegar uma água com açúcar para você- ela diz e assinto. A mesma sai e olho para Valu que está de pé, mas logo se senta ao meu lado no sofá.
Valu: como se sente agora?- ela pergunta e suspiro.
Kah: péssima!- a olho enquanto brinco com a barra do vestido que Lina me emprestou para dormir e já posso sentir meus olhos marejados, mas não quero chorar novamente. Passei o caminho todo até aqui chorando nos braços das minhas amigas e já estou com dor de cabeça de tanto chorar.
Valu: imagino. Deve ter sido um choque para você. Foi até para nós, mas tudo vai se resolver!- ela tenta me confortar e apenas assinto. Lina volta com um copo de água com açúcar, me entrega e logo depois se senta na cadeira a nossa frente.
Lina: precisa de algo?- ela pergunta, nego com a cabeça bebendo a água com açúcar e assim que termino coloco o copo na mesa de centro.
Kah: obrigada!- me refiro a água que ela trouxe e ela assente sorrindo.
Valu: quer desabafar?- ela pergunta e assinto mordendo meu lábio inferior. Eu sei que vou chorar de novo, algo que não quero, mas preciso partilhar a bagunça que está acontecendo dentro de mim.
Kah: nunca imaginei que descobrir sobre a morte do meu pai ia ser tão doloroso, mas ainda tenho tantas perguntas. Vocês tem noção que minha mãe mentiu para mim? Eu poderia ter passado mais oito anos com meu pai, mas ela me privou disso!- sinto uma lágrima quente descer pela minha bochecha.
Lina: desculpa dizer isso, mas sua mãe é falsa!- ela afirma e assinto.
Kah: sei que ela é minha mãe, mas concordo com você. Na verdade é pior que isso Lina. Estou magoada com ela e com aquele...- me recuso a falar o nome dele e as meninas assentem me incentivando a continuar- Estava tudo bem entre nós. Pensava que nunca mais iríamos brigar por coisas sérias, já que brigar a gente faz o tempo todo, mas pensava que ele não estava escondendo mais nada de mim desde que nos resolvemos por ele não me contar que ficou com uma mulher enquanto estávamos juntos quando fui procurar saber sobre a morte do meu pai.- antes que perceba as lágrimas cobrem todo meu rosto- Não acredito que ele foi capaz de mentir!- um soluço alto sai da minha boca- Ele era a pessoa que mais sabia que eu queria saber sobre a morte do meu pai. Como será que ele conseguiu esconder o tempo todo?- choro mais e Valu me puxa para um abraço.
Lina: não sei- ela suspira derrotada. Sei que ela não sabe, além do mais só o Ruggero sabe disso, mas tenho tantas perguntas e queria que elas fossem respondidas logo.
Valu: por que depois não se resolve com ele?- minha amiga pergunta e me afasto do seu abraço.
Kah: o quê? Não, nunca! Ele matou o meu pai, tem noção disso? Isso é imperdoável!- admito- Não consigo perdoá-lo, por mais que o ame mais que tudo ele matou meu pai. Se o perdoasse todo vez que olhasse para ele iria lembrar disso, por mais que sempre superamos todas as barreiras sinto que essa não é possível!
Lina: ok, acho que faria o mesmo no seu lugar, mas deveria ouvir o lado dele.
Kah: não tem explicação para ele. Ele matou meu pai e ponto final!- bufo.
Valu: Kah, não estamos dizendo isso tudo para você voltar a ficar com ele, você sabe né? Só queremos que fique bem, não gostamos de te ver desse jeito! Só estamos falando também que deveria ouvir o lado dele, talvez tem um motivo atrás disso.
Kah: não quero nunca mais falar com ele. Estou falando sério! Continuo não querendo saber do seu lado- as meninas assentem.
Lina: tudo bem. Quer comer algo?
Kah: estou morrendo de fome, mas acho que não vou conseguir comer.
Valu: podemos fazer um sanduíche natural, o que acha?
Kah: acho uma óti...- antes que pudesse falar tampo minha boca ao ver que estou prestes a vomitar. Corro até o banheiro, levanto a tampa da privada e me ajoelho vomitando. As meninas correm atrás de mim e seguram meu cabelo.
Valu: vem, vamos cuidar de você!- assinto me levantando.

Rugge on·
Soco a parede ao meu lado frustrado quando chego em casa. Droga! Depois da merda toda acontecer tentei ir atrás da Karol, mas os meninos me impediram dizendo que era melhor eu e ela esfriar a cabeça primeiro. Resolvemos voltar para casa e o caminho todo foi um silêncio total.

Agus: quer conversar?- Agus pergunta sentando no sofá junto com Mike e me jogo na cadeira a sua frente.
Rugge: não sei.- suspiro chateado- Estou me sentindo um lixo! Queria tanto ela comigo!- afirmo triste e passo as mãos pelo meu rosto.
Mike: por que não nos contou sobre isso?
Rugge: porque sabia que iriam contar a ela e não queria perdê-la!- falo com sinceridade.
Agus: pelo menos teria contado a ela, em vez disso ela ficou sabendo pela mãe da pior forma!- ele afirma e reviro os olhos.
Rugge: eu sei disso ok? Não precisa me lembrar!- bufo.
Mike: por que matou o pai dela? Você sabia disso tudo desde o momento que a conheceu?
Rugge: não.- resmungo. Não estou com cabeça para responder perguntas, só quero ela aqui, mas sei também que devo respostas aos meus amigos- Não quero falar porque o matei, isso só diz respeito a Karol.- falo tentando me acalmar- E não, quando a conheci não sabia disso tudo. Só fui perceber no aniversário dela quando vi a Caro e aí me toquei de tudo!
Agus: merda Ruggero! Se sabia por que ficou insistindo na relação de vocês? Não sabia que iria magoá-la?- ele pergunta chateado.
Rugge: é que não importava o que fazíamos Agus, sempre voltávamos um para o outro entende? Até que percebi que era tarde demais quando vi que já a amava. Sabia também que era perigoso se eu a amasse, mas era mais arriscado perdê-la entende?
Mike: vimos isso na hora que ela te deixou. Nunca tinha te visto tão mal, ainda mais por uma garota, mas a Kah é mesmo especial- ele diz e assinto.
Rugge: acho que a perdi de verdade dessa vez- sinto as lágrimas inundarem meus olhos. Fazia muito tempo que não chorava desde hoje e agora estou me sentindo muito vulnerável, uma coisa que não gosto, mas não consigo evitar no momento.
Agus: dessa vez não tenho nem o que falar cara, sério mesmo!
Rugge: eu sei. Também entendo a atitude dela de ficar chateada comigo. Porra, matei o seu pai!- afirmo passando a mão pelo meu rosto frustrado. Não queria admitir isso e por mais que não queira ela realmente tem o direito de ficar brava comigo. Queria tanto voltar ao passado e consertar isso, mas infelizmente não é possível!- Mas também não a conhecia quando isso aconteceu e só tinha treze anos. Vocês acham que talvez ela possa me perdoar?- meus olhos brilham com esperança e sinto meu coração saltar em meu peito só de imaginar essa ideia.
Agus: quer a verdade?
Rugge: obviamente- falo ansioso pela resposta deles e Mike respira fundo.
Mike: você já a magoou muito Ruggero, muito mesmo e essa foi a gota d'água. Sei que não a conhecia, mas mesmo assim, não muda o fato de ter matado o pai dela!- o meu sorriso fraco de segundos atrás se desmancha ao ouvi-lo.
Rugge: isso quer dizer que não tenho chances né?- pergunto sentindo um vazio em meu peito.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon