• Capítulo 83

171 17 6
                                    

Kah: o quê?- arregalo os olhos. Droga, essa mulher realmente está viva!
Chiara: não acreditei no início pela vadia que ela é, mas ela começou a dizer várias coisas, porém não acreditei tanto, por isso que quando te vi aqui vim para esclarecer as coisas.
Kah: não faço a mínima ideia de como ela descobriu, mas está certa!- afirmo e fico pensativa sobre isso. Como ela soube? Será que ela estava na casa quando tudo aconteceu e não consegui perceber? E aí quando eu e o Ruggero saímos ela entrou lá dentro? Não faço a mínima ideia!- Perdão!- afirmo quebrando o silêncio de alguns minutos.
Chiara: já está perdoada!- ela afirma dando um sorriso fraco e sinto meu coração saltar.
Kah: sério?- surpresa é explícita em minha voz.
Chiara: sim, eu te perdoo! Lamento por tudo o que sofreu com Esteban, mas você sabe que ele era meu primo. Não era a pessoa mais próxima dele, mas tinha um carinho de família e isso nunca vai mudar!- assinto.
Kah: entendo se quiser parar de falar comigo!
Chiara: acho que não conseguiria. Estava quase morrendo esses dias- ela solta um risada fraca e eu acompanho.
Kah: obrigada!
Chiara: por quê?- ela franze o cenho.
Kah: por me perdoar!
Chiara: não seja tola! Eu já disse que sim!- ela sorri novamente. A verdade é que eu queria ser como a Chiara, perdoar as pessoas, no caso minha mãe e o Ruggero, mas no momento sei que meu coração está muito partido e não tem como! Sei que minha relação com a Chiara nunca vai ser a mesma, aliás eu sinto isso, mas pelo menos ela me perdoou e podemos começar novamente!

Cinco dias depois·

Kah on·
Bufo quando minhas amigas me puxam pelo braço me fazendo sentar na cadeira para começarem a me arrumar. Sim, me arrumar. Hoje elas inventaram da gente ir a uma boate para eu relaxar um pouco e vê se me animo, visto que esses últimos dias só ando chorando e passando mal. Não queria ir, confesso! Não quero ver ninguém, mas também não posso ficar trancada nessa casa para sempre! Falei para elas que queria uma maquiagem bem leve, pois não quero chamar atenção hoje, só quero ficar na minha, porém me lembro que meu rosto está inchado por causa dos choros e olheiras sob meus olhos, então elas insistem em fazer algo um pouco mais trabalhado e bom, não nego. Assim que elas terminam de me arrumar vão rapidamente se arrumar também enquanto coloco uma roupa delas. Ainda não tive coragem de ir na casa do Ruggero para pegar as minhas coisas e por mais que eu me sinta um pouco desconfortável pegando as roupas das minhas amigas me sinto mais desconfortável ainda indo a casa do Ruggero.

Valu: estamos prontas!- elas sorriem.
Lina: sim, vamos?
Kah: ok. Eu chamei a Chiara para ir ok? Ela nos encontra lá!- afirmo e elas assentem. Contei a elas sobre meu encontro com a Chiara e também aproveitei para pegar o número da mesma aquele dia- Quem mais vai estar lá?
Valu: o Mike, o Agus e o...- ela dá uma pausa- Ruggero, eu acho. Não se importa né?- ela pergunta apreensiva.
Kah: acho que não- mordo meu lábio inferior.
Lina: ótimo, então vamos, pois já estamos atrasadas!- ela afirma, assinto e saímos da casa da tia da Lina. Não sei se estou preparada para ver muitas pessoas agora, todo mundo se pegando e bebendo, mas preciso tentar, não posso ficar trancada pelo resto da vida!

Rugge on·
Termino de me vestir e por último passo meu perfume. Assim que me olho no espelho já pronto dou um sorriso fraco. Saio do meu quarto e passo rapidamente pelo quarto da Karol. Não entrei aqui desde que ela foi embora, mas algo me chamou atenção dessa vez. Abro a porta que estava entreaberta devagar e vejo meu pai sentado na cama pensativo. Sim, ele e meu irmão ainda estão aqui e estou feliz por isso!

Rugge: o que faz aqui nesse quarto?- pergunto curioso.
Bruno: não sei na verdade, só quis dar uma olhada!- ele afirma e assinto- A Karol lembra a sua mãe.
Rugge: é, um pouco- falo me lembrando um pouco do tempo que passei com minha mãe até ela morrer.
Bruno: sinto muito por vocês!
Rugge: eu também- murmuro.
Bruno: quem sabe algum dia vocês se resol...- o interrompo.
Rugge: por favor, podemos mudar de assunto?- praticamente imploro. Ouvir alguém falando que talvez eu e a Karol volte a ficar juntos ou só como amigos me dói, porque provavelmente isso não vai acontecer e não quero criar esperanças!
Bruno: ok, vai sair?
Rugge: sim, finalmente vou sair de casa. Quer ir?
Bruno: oh, não. Provavelmente vocês vão a alguma festa e não tenho mais idade para isso. Fora que tenho que cuidar do seu irmão!- ele afirma e assinto.
Rugge: tenho orgulho de você pai. Acho que ninguém seria tão bom pai como o senhor!- coloco a mão em seu ombro e ele sorri emocionado. Sei que meu pai foi errado em sair de casa aquele dia e voltar bêbado, mas isso aconteceu por minha culpa! Por minha culpa minha mãe morreu e mesmo assim ele me perdoou. Fora que ele assumiu seus erros e criou o Leonardo sozinho da melhor maneira. Queria ser como ele para conseguir me perdoar assim como ele fez comigo. Queria me perdoar pelo o que fiz com minha mãe e com a Karol. Me aproximo do guarda-roupa da Karol e vejo um moletom que ela adorava usar. O tiro do cabide e o cheiro. Tenho saudades do cheiro dela e dela aqui comigo! Espero que ela vá nessa festa para pelo menos nos vermos.
Agus: até que enfim te achamos!- uma voz me tira dos meus pensamentos e vejo Agus e Mike escorados na porta.
Mike: vamos?- ele pergunta e sei que eles perceberam que estou com o moletom da Karol na mão, mas agradeço por eles não perguntarem o porquê. Na verdade nem eu sei, só estou com saudades dela!
Rugge: sim, vamos- dou meu melhor sorriso e eu e meus amigos nos despedimos do meu pai. Saímos do quarto e andamos no corredor até a porta.
Agus: prometemos que vamos fazer o melhor para aproveitar!
Rugge: eu sei, mas não me levem a mal, não estou muito afim!- suspiro.
Mike: vamos lá cara, relaxa! É só para distrair um pouco!- ele afirma e assinto em silêncio.

Kah on·
Eu e minhas amigas acabamos de chegar na boate. Assim que saímos do carro da Lina e nos direcionamos a fila que não estava tão grande, graças a Deus, mostramos a nossas identidades falsas que usamos sempre para ir nesses lugares já que ainda somos menores de idade. Meu coração está batendo mais forte em meu peito enquanto entramos dentro da boate e ao contrário da fila tem até que bastante pessoas aqui. Sinto meu estômago embrulhar ao lembrar que já trabalhei em um lugar desses e reviro os olhos automaticamente.

Valu: o Mike disse que já chegaram e que estão perto do bar, vamos?- ela pergunta alto por causa da música e eu e Lina assentimos. Sinto meu coração bater mais forte e rápido em meu peito enquanto damos passos rápidos para achar o bar. Assim que chegamos sinto meu corpo todo gelar e meu coração quase parar ao ver o Ruggero conversando e sorrindo com os nossos amigos. Sei que já nos vimos depois de tudo, mas nunca vou parar de ter essa sensação quando se trata dele! Vejo que ainda estou parada no exato lugar quando meus olhos bateram nele quando as minhas amigas me puxam pelo braço até lá.
Agus: Karol, que bom que veio!- ele me abraça e dou meu melhor sorriso.
Mike: não sabia que vinha!- abraço meu outro melhor amigo, depois as meninas abraçam seus namorados e olho para o Ruggero que está agora na minha frente.
Kah: oi- dou um sorriso fraco e aceno.
Rugge: hey- ele acena de volta, olho em volta sem jeito e vejo quando minhas amigas já estão sentadas entre seus namorados sobrando apenas um banco ao lado do Ruggero.
Valu: quer sentar aqui?- Valu sussurra em meu ouvido apontando para onde está sentada, ao lado do Mike e Lina.
Kah: não precisa!- dou meu melhor sorriso e dou a volta sentando ao lado do Ruggero. Sei que Valu foi incrível por perguntar isso, mas não posso ser egoísta ao ponto de tirá-la de perto do seu namorado.
Rugge: se quiser eu posso mudar de lugar- ele diz sem jeito assim como eu estou.
Kah: tudo bem, não precisa!- tento não fazer contato visual com ele, mas sei que seu olhar está sobre mim. Droga, não sei aonde estava com a cabeça de concordar de vir!
Agus: querem alguma bebida garotas?- Agus pergunta e fico por um momento pensativa. Não queria beber, não hoje já que ainda estou sensível com tudo, mas talvez só uma me faça bem para esquecer um pouco tudo o que está acontecendo na minha vida, por mais que seja impossível! Minhas amigas aceitam e Agus olha para mim esperando uma resposta.
Kah: sim.- ele sorri para mim assentindo e sai da mesa para pegar as bebidas. Sinto alguém me chutar debaixo da mesa e vejo que é Lina- O quê?- franzo o cenho.
Lina: não pode beber!- ela afirma enquanto Ruggero, Mike e Valu estão distraídos em uma conversa.
Kah: claro que posso!
Lina: não é que eu queira te impedir, mas esqueceu que pode estar grávida?- ela sussurra a última parte, mas mesmo assim a chuto debaixo da mesa.
Kah: fala mais baixo!- afirmo desesperada para que ninguém tenha ouvido o que ela disse. Vejo quando Agus volta com três copos de bebidas quase caindo de sua mão e quando vou pegar o meu Lina toma da minha mão- Lina- quase grito.
Agus: amor, qual o problema dela beber?
Lina: é que ela não está muito bem para beber, só aceitou por educação né Karol?- ela pergunta e reviro os olhos discretamente.
Kah: sim- dou um sorriso forçado. Droga! Não acredito que ela vai me impedir de beber só porque acha que estou grávida, sendo que na verdade não estou!
Valu: eu e o Mike vamos dançar ok?- minha amiga pergunta, assentimos e logo os dois saem ficando apenas Agus e Lina e eu e o Ruggero. Droga, realmente não sei onde estava com a cabeça quando aceitei em vir aqui!
Agus: e aí Kah, como você está?
Kah: bem- dou meu melhor sorriso pela milésima vez na noite. Agus abre a boca para falar algo, mas logo a fecha e agradeço por isso. Não estou afim de falar de nada relacionado a minha mãe, o Ruggero ou do meu pai.
Rugge: não vai beber?- ouço a voz do Ruggero e não sei se ele está falando comigo mesmo, então me viro para olhá-lo fazendo com que eu quebre a promessa de não o olhar a noite toda- Estou falando com você mesmo- ele solta uma risada fraca me olhando.
Kah: não, eu não vou- falo e desvio o olhar voltando minha atenção para meus amigos que estão conversando entre si.
Rugge: como está?- ele me pergunta depois de alguns segundos em silêncio, mas dessa vez não o olho. Minha vontade é de falar toda a verdade, que estou chorando desde o dia que tudo aconteceu, que não consigo tirar a dor que está dentro de mim e que estou a dias sem comer direito e sem dormir, mas respiro fundo e me seguro para não falar isso.
Kah: levando a vida.- falo até sendo sincera, só não dando detalhes- E você?
Rugge: talvez se você me perdoasse poderia começar a levar a vida também- ele diz e meu coração se acelera em meu peito.
Kah: não vamos começar a falar disso, por favor!- olho para ele praticamente implorando.
Rugge: como quiser!- é a vez dele de desviar o olhar. Sei que ele está chateado, mas ele não tem motivo nenhum para isso, já eu tenho! Ainda mais que não quero falar sobre esse assunto e estragar a festa- Tenho que te contar uma coisa!- ele volta a olhar para mim.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now