• Capítulo 72

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Kah: é bom que coloco um ponto final nessa história toda- falo decidida.
Rugge: tem certeza?- assinto- Quer que eu te acompanhe?
Kah: melhor não. Esqueceu que minha mãe quer te matar?
Rugge: ela sozinha não consegue. Ela provavelmente só tinha Esteban e agora ele está morto!
Kah: mesmo assim, já disse que não precisa me acompanhar, mas obrigada mesmo assim!- ele sorri assentindo.
Rugge: ok, não vou te impedir de ir sozinha, mas terei que colocar um rastreador em você e nem adianta negar. A Caro pode fazer algo com você. Sei que é sua mãe e desculpa falar assim, mas não confio nela!
Kah: tudo bem. Eu também não- falo chateada. Não queria admitir isso, mas essa é a verdade. Não confio na minha própria mãe!
Rugge: não fala assim! Sei que ela te fez muito mal, mas continua sendo sua mãe- ele diz e rio.
Kah: mãe? Eu já até tentei pensar desse jeito, mas mãe de verdade não faz o que ela fez!- afirmo e ele assente.
Rugge: tudo bem. Não vamos brigar por causa disso!- ele afirma e assinto suspirando- O que acha de irmos para casa?
Kah: não vai trabalhar hoje?- franzo o cenho.
Rugge: não, já fiz tudo o que tinha que resolver hoje pela manhã.
Kah: então vamos- falo, ele sorri segurando minha mão e saímos da sala nos deparando com nossos amigos. Eles zoaram com a gente novamente e pude perceber o Ruggero puto enquanto eu só dava risada. Assim que nos despedimos de todos saímos do galpão e fomos em direção ao carro do Rugge.

Dia seguinte·🌞

Kah on·
Suspiro ao me olhar já pronta no espelho. Sim, realmente vou hoje mesmo para minha antiga casa, a casa da minha mãe. Infelizmente não posso nem considerar que aquela casa é minha visto que minha mãe praticamente me expulsou de lá quando me mandou para o Esteban. Enfim, não gosto nem de lembrar disso, só espero que realmente vale a pena eu ir na casa da minha mãe e que a bendita chave esteja com ela. Na verdade talvez eu não esteja preparada para vê-la frente a frente depois de longos meses. Sei que a vi naquele dia que roubei o dinheiro do seu cofre, mas como disse, hoje irei vê-la frente a frente e olho no olho. Outra coisa que quero muito é tirar a Clara de lá, mas será impossível! Ainda sou menor de idade, sem contar que se isso fosse levado ao tribunal minha mãe ia continuar com a Clara visto que é casada e mora com o pai dela. Desperto dos meus pensamentos quando vejo Ruggero entrar pelo meu quarto e me abraçar por trás deixando um beijo em meu ombro.

Rugge: está linda!- sorrio com seu elogio.
Kah: obrigada!- ele sorri- Já estou pronta. Já vou indo ok?
Rugge: calma.- ele se afasta de mim e me viro para olhá-lo de frente- Tenho que colocar isso em você!- ele afirma me mostrando um rastreador e reviro os olhos.
Kah: ainda está com essa ideia?
Rugge: lógico! Como eu disse ontem, não confio na sua mãe e você disse que também não. Me agradeça porque ontem queria até que um capanga te acompanhasse para te proteger caso acontecesse algo já que você não quis que eu fosse- ele diz e coloca o rastreador na parte de dentro da minha jaqueta. Isso que o Ruggero disse foi o que aconteceu ontem quando chegamos em casa. Ele teve uma ideia de mandar um capanga seu ir junto comigo caso eu precisasse de ajuda, mas não quis. Eu sei me defender sozinha! Desperto dos meus pensamentos assim que ouço buzinas.
Kah: o Uber já chegou. Tenho que ir- falo e ele assente.
Rugge: boa sorte!- ele sorri fraco parecendo um pouco nervoso. Talvez esteja com medo que minha mãe faça algo comigo, mas isso não irei permitir- É... Eu te amo ok? Muito! Nunca duvide disso!- ele afirma tenso e rio.
Kah: não precisa ficar nervoso. Vai dar tudo certo e você já sabe que eu te amo!- deixo um beijo rápido em seus lábios- Agora preciso ir mesmo, senão irei perder meu Uber.
Rugge: tem razão! Eu te acompanho até lá- assinto e saímos do meu quarto. Passamos pela sala e me despedi dos meus amigos que já sabiam de tudo o que estava acontecendo. Me despeço do Ruggero assim que chego na porta e dou um selinho nele. Abro a porta de casa logo em seguida vendo o Uber que pedi e entro dentro do mesmo. Aceno para o Ruggero pela janela e ele sorri acenando de volta.
[...]
Kah on·
Agradeço o moço do Uber e lhe entrego o dinheiro da partida logo após saindo do carro e fechando a porta atrás de mim. Logo ele dá partida no carro e depois o vejo sumir do meu campo de visão. Respiro fundo assim que olho para frente vendo a casa, a casa que morei a anos, a casa que fui até feliz, mas a maioria das vezes mais chorei do que sorri. Resolvo deixar esses pensamentos de lado e me aproximo da porta logo após tomando coragem e apertando a campainha. Se passam poucos minutos e logo vejo a porta se abrir me mostrando uma das pessoas que ainda está trabalhando aqui, Lúcia.

Lúcia: Karol?- ela abre a boca em choque e sorrio fraco. Sempre gostei muito da Lúcia e ela foi uma das poucas pessoas que ficou tanto tempo trabalhando aqui, e me surpreende ela continuar aqui. A maioria foi embora visto que minha mãe é bem exigente e ninguém aguentava.
Kah: oi Lúcia, sou eu sim- sorrio e a abraço.
Lúcia: nossa, me desculpa senhorita. Entre- ela dá espaço para eu entrar na casa e assim faço.
Kah: não precisa me chamar assim, você sabe- ela assente fechando a porta e a tracando logo em seguida. Olho ao redor vendo que a sala de estar não mudou muita coisa desde que estive aqui da última vez para pegar o dinheiro do cofre.
Lúcia: nossa, você está tão diferente. Seu cabelo mais iluminado e uou, está fazendo academia?- a senhora que está na minha frente pergunta ao olhar para o meu corpo e rio.
Kah: não, apenas fiz alguns tipos de lutas, mas faz tempo- ah, se ela realmente soubesse que tipo de luta eu fazia iria surtar! Só agora parei para me perguntar, qual desculpa será que minha mãe deu para o pessoal que trabalha aqui, para minha irmã e para o marido dela quando "sumi"? Sumi talvez não seja a palavra certa já que não fui embora por vontade própria, mas para eles pode ser que eu sumi do nada né. Apenas fui tola achando que seria alguns dias de férias longe de casa sendo que na verdade estava sendo levada para um marginal. Antes que eu pudesse perguntar a Lúcia discretamente sobre isso ela tomou a frente para falar.
Lúcia: provavelmente veio aqui para falar com sua mãe né?- assinto- Deu sorte hoje já que ela não foi trabalhar, apenas o senhor Phelippe e sua irmãzinha está na escola.
Kah: ah, não tem problema!- sorrio. Queria ver Clara, mas pelo visto não vai dar- Gostaria de falar com minha mãe mesmo. Pode chamá-la?- pergunto gentilmente.
Lúcia: oh, claro. Eu já volto- ela sorri e sorrio de volta. Logo ela sai da sala de estar entrando em um dos corredores, respiro fundo e posso ver minhas mãos tremendo de nervoso. A minha vontade é de que quando minha mãe aparecer aqui jogar tudo na sua cara, falar como me fez sofrer todo esse tempo, mas infelizmente não sei se tenho toda essa coragem. Me lembro que até tenho a chave dessa casa, tanto é que a usei para abrir a porta e pegar o dinheiro do cofre quando vim aqui, mas nem eu mesma sei porque não a trouxe hoje. Talvez pela ansiedade acabei esquecendo! Sinto meu coração parar e meu corpo todo gelar quando vejo minha mãe entrar pela sala e me olhar.
Caro: Karol?- ela sorri. Quanta falsidade!- Que surpresa boa!- ela afirma e vem até mim para me abraçar, mas automaticamente me afasto. Vejo quando Lúcia passa pelo fundo da sala indo até a cozinha nos deixando a sós.
Kah: não vim aqui para conversar mãe- falo rude. Não imaginei que estaria agindo assim com ela, mas me dói, me dói toda vez que lembro que ela me fez tornar uma pessoa assim, estressada e cheia de problemas.
Caro: o que houve? Onde você estava esse tempo todo? Eu tive que dar uma desculpa para os empregados e também para o Phelippe e a Clara que quando foi viajar nas férias preferiu estudar lá ao ver que a escola era melhor- ela diz automaticamente respondendo minha pergunta de minutos atrás que eu fiz para mim mesma e fecho os olhos suspirando. Não acredito que além dela mentir para o seu próprio marido e para sua filha está mentindo para mim! Ela acha mesmo que não sei que me mandou para o Esteban? Abro meus olhos novamente e me lembro de quando vi a Clara da última vez que estive aqui e ela me dizendo a mesma coisa que minha mãe acabou de me dizer. Clara me disse que Caro tinha dito a ela que fui estudar fora, mas não imaginei que minha própria mãe mentiria além dela para todos.
Kah: como consegue ser tão falsa?- me esforço para não gritar já que estou com uma vontade enorme disso. Sei que não deveria voltar a tocar nesse assunto, mas não vou admitir que ela se faça de sonsa e pague de boa mãe.
Caro: o quê? Do que está falando? Só eu sei o quanto tive que mentir para todos para ninguém ficar preocupado enquanto eu chorava dias sem saber onde estava- ela diz me fazendo rir irônica.
Kah: não adianta mentir para mim, ainda não percebeu? Eu sei muito bem que você me mandou para o Esteban e que fez minha vida um inferno desde aquele dia. Acha que eu sou trouxa?- elevo meu tom de voz e vejo quando ela engole seco.
Caro: filha, me desculpa por ter feito aquilo!- ela admite provavelmente sem saída- Foi tudo para o seu bem!- ela afirma e tenta tocar em meu braço, mas me afasto do seu toque.
Kah: para o meu bem? Fala sério! Passei todos esses meses sofrendo por SUA CULPA!- grito a última parte- Se você não tivesse me mandado para o Esteban nada disso teria acontecido! Não adianta falar que foi para o meu bem. Você não sabe quantas vezes chorei e sofri, quantas vezes fui agredida por ele! Você tem noção que ele já me deixou na rua depois de me agredir sem nada para comer e sem nada para beber? Ele já matou minha amiga! ELE AINDA MATOU UM BEBÊ QUE EU ESTAVA ESPERANDO. ELE MATOU UMA PARTE DE MIM!- grito a última parte. Talvez não deveria ter falado isso, mas a raiva que estou tendo agora é tanta que não consegui evitar. Nesse momento estou falando tudo o que estou sentido e pela primeira vez sem medo. Parece que finalmente estou sendo liberta de uma dor desde que minha mãe me mandou para o Esteban. Não que irei deixar de ficar triste quando eu lembrar de tudo, mas pelo menos essa dor vai ser curada e sei disso.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now