• Capítulo 41

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Bruno: sua mãe jamais gostaria de ouvir você dizendo isso, porém agora você precisa pensar, pois não sei se percebeu, mas está tendo outra chance e dessa vez a use da maneira correta.- ele limpa as lágrimas que caiu em seu rosto e assinto. Sei que há muitos meses atrás ele me culpava, mas é que ele tinha uma ferida no coração e sei que ela se curou. Agradeço por ele ter me perdoado! Agora sou eu que não me perdoo e acho que nunca irei, mas como ele disse, dessa vez eu tenho que fazer a coisa certa, porém não posso desistir da gangue agora, mas logo mais vou dar um ponto final nisso tudo. Levanto e o abraço. Ficamos um tempo abraçados até nos separarmos e ele me encarar- Vamos falar de coisas boas agora. Me conte mais sobre aquela moça- ele diz e eu solto uma risada me sentando novamente.
Rugge: sabia que iria me perguntar isso.
Bruno: me diga, quem é? Ela é bem bonita, mas acredito que não seja sua namorada mesmo. Você nunca foi de namorar.
Rugge: realmente tem razão, ela não é minha namorada. É uma amiga.
Bruno: uma amiga?- ele ri- Ruggero, você nunca foi de namorar e também nunca de ter amigas e sim ficantes. Pode falar sem medo- ele diz e eu suspiro. Por que ele tem que me conhecer tão bem?
Rugge: é que a Karol é diferente!
Bruno: como assim diferente?
Rugge: é muito difícil dizer- falo, ele termina de montar a lasanha e se senta a minha frente.
Bruno: mas por quê?- ele franze o cenho.
Rugge: ela é diferente das outras. Diferente das outras mulheres ela não lambe meu chão, é determinada, decidida, inteligente e muito bonita!
Bruno: parece que ela mexe com você e que já brigaram muito então- ele ri.
Rugge: sim, realmente já brigamos bastante, mas hoje em dia estamos melhor.
Bruno: e você gosta dela?- ele pergunta e eu desvio o olhar.
Rugge: e-eu não sei ao certo- falo e me lembro quando percebi pela primeira vez que sentia algo por ela quando estava conversando com Agus.
Bruno: como assim não sabe?- volto a olhá-lo.
Rugge: é que eu nunca gostei e muito menos amei ninguém. Não sei como é ter esse sentimento.
Bruno: pelo visto você gosta dela, só pela forma que a descreveu, mas uma coisa que eu sempre digo, quando você gosta de uma pessoa de verdade não te resta dúvidas para saber disso- suspiro.
Rugge: é que é difícil falar. Ela me faz muito bem! Apesar de todas nossas discussões eu gosto de irritá-la e ver a maneira como fica irritada, gosto quando me provoca, gosto quando me irrita, gosto da maneira como me desafia. Eu gosto do jeito dela e talvez eu goste dela, mas não quero admitir!
Bruno: e por que não?- ele me olha sem entender.
Rugge: porque eu me sinto vulnerável quando estou perto dela e não gosto de sentir isso- ele ri.
Bruno: lógico, você sempre quer estar no controle, mas enfim, se permita conhecer novos sentimentos e emoções Ruggero. Já vi que você gosta dela sim, agora só basta você aceitar isso e não deixar seu ego falar mais alto. Se eu realmente estiver certo que gosta dela fala para ela, demonstre a ela, não ache que vai ser bobo ou um idiota fazendo isso. Não a perca, pois quando isso acontecer será tarde demais filho. Siga sempre seu coração!- assinto. Talvez ele tenha razão!

Horas depois·

Kah on·
Abro meus olhos lentamente e me remexo na cama. Vejo aonde estou e me lembro que eu e o Ruggero viemos passar alguns dias com seu pai e seu irmão. O quarto até que é bem agradável e tem um tamanho bom. Tem uma cama box, um armário, um criado mudo ao lado esquerdo da cama e um espelho grande. Me levanto e vou até a janela. Mexo na cortina que a tampava para o lado e vejo que já está de noite. Nossa, eu dormi tanto assim? Me espreguiço e saio do quarto levando minha pasta de dente e escova. Vou até o banheiro, faço minhas higienes e depois dou uma encarada no espelho. Estou parecendo um leão com esse cabelo. Rio em pensamentos. Assim que termino tudo o que eu tinha que fazer volto para o meu quarto, me ajeito no espelho que tinha ali e penteio meu cabelo. Assim que termino saio do quarto e vou andando pelo corredor. Nossa, o cheiro está muito bom e vem da cozinha. Fui até a mesma e avistei o pai do Ruggero fazendo arroz no folgão.

Kah: o cheiro está muito bom!- afirmo e ele sorri surpreso ao ver minha presença.
Bruno: espero que goste da lasanha e do meu arroz.
Kah: tenho certeza que sim- ele sorri.
Bruno: está procurando o Ruggero?- ele pergunta e por um momento penso que não estava pensando nisso, mas talvez seria bom saber aonde ele está né?
Kah: an... Sim, aonde ele está?- pergunto curiosa.
Bruno: a última vez que o vi estava na sala assistindo tv.
Kah: posso ir até lá?
Bruno: oh, mas é claro que sim. Não precisa nem perguntar!- ele sorri e sorrio de volta. Eu sei que o Ruggero me fez muito mal, mas eu gosto de estar perto dele, ainda mais nesses últimos dias que ele está me tratando bem. Saio da cozinha, dou mais alguns passos até chegar na sala e o vejo jogado no sofá assistindo tv.
Rugge: oi, dormiu bem?- ele se ajeita no sofá.
Kah: sim. A cama é muito boa.- ele sorri- E você? O que fez nesse tempo todo?
Rugge: conversei com meu pai e agora estou assistindo tv. Vai se acostumando porque aqui não tem tantas coisas para se fazer.
Kah: tudo bem, já estou acostumada em fazer nada!
Rugge: Karol, me responda uma coisa.- o encaro, ele desliga a tv antes de me encarar de volta e sinto meu coração já se acelerar em meu peito. O que ele vai perguntar agora? O Ruggero é como se fosse uma caixinha de surpresas- Sente saudades de estar na sua casa?- ele pergunta e tenho certeza que minha boca se fez um "O" com sua pergunta, afinal não estava esperando.
Kah: por que isso agora?
Rugge: é que sei que te obriguei depois que te salvei que não saísse de perto de mim e dos meninos. Eu quero saber se sente falta de sua família?- por um momento vejo preocupação em seus olhos, mas logo somem, mas posso sentir que está preocupado.
Kah: claro que eu sinto. Apesar da Caro ser uma péssima mãe ela continua sendo minha mãe, mas sentir saudades não quer dizer que eu queira voltar para os braços dela. Na verdade nem sinto tanta, ela me fez muito mal!
Rugge: eu também te fiz mal!
Kah: não estou dizendo que não a amo, afinal claro que amo, mas não confio mais nela. Ela me mandou para um traficante e líder de gangue- sinto tristeza ao lembrar disso.
Rugge: mas eu também te fiz mal!- ele repete e eu concordo.
Kah: sim, você me disse que eu nunca mais ia sair de sua casa. Estou presa lá e não há muito o que possa fazer né.
Rugge: isso não é verdade.
Kah: é sim Ruggero, mas agora eu já estou acostumada e só quero ficar em paz!
Rugge: se você quiser voltar para casa pode ir- ele diz e eu arregalo os olhos.
Kah: o quê?
Rugge: isso mesmo que ouviu Karol. Não quero que se sinta presa!- ele afirma e eu suspiro.
Kah: antes eu realmente me sentia, mas agora eu aprendi a lidar com isso. Tenho Agus e Mike como amigos e as meninas que vão me visitar.
Rugge: é que eu não quero que continue nessa vida.
Kah: mas eu também não posso sair agora. Se eu voltar pra casa é capaz da minha mãe me mandar novamente para o Esteban e eu não quero isso de novo. Já passei por muitas coisas.
Rugge: se quiser eu posso comprar uma casa para você bem longe de tudo isso.
Kah: Ruggero, eu sei que está preocupado, mas foi minha mãe que me levou a esse mundo e não, não quero casa nova. Se eu tiver uma casa nova algum dia vai ser com meu próprio dinheiro.
Rugge: eu não me importo de pagar para você.
Kah: eu já disse que não, e também não quero ter uma casa com dinheiro sujo- ele bufa, mas assente.
Rugge: tudo bem, não vou insistir mais.
Kah: obrigada!
Rugge: mas você não sente saudades do resto da sua família?
Kah: do meu padrasto não tinha muito contato, então não. As únicas pessoas que realmente sinto muita falta é do meu pai que já morreu e minha irmã de seis anos. Ela fez aniversário ontem e eu nem pude parabenizá-la- sinto meus olhos marejados.
Rugge: calma, não fica assim. Logo mais você verá ela.
Kah: é impossível Ruggero. Sem contar que depois do que minha mãe fez comigo não duvido que faça o mesmo com Clara- sinto uma lágrima molhar minha bochecha, mas Ruggero a limpa.
Rugge: eu duvido que ela faça isso com Clara.
Kah: como pode ter tanta certeza? Você nem a conhece!- me sento ao seu lado.
Rugge: porque ela é muito nova- ele se refere a minha irmã.
Kah: e quando ela crescer? Ninguém garante.
Rugge: eu garanto. Ate lá o Esteban estará morto!
Kah: eu só quero tirar a Clara de lá, só que eu não tenho um lugar seguro para ficar com ela. Mas assim que tudo isso acabar eu quero cuidar dela. Minha mãe pode fazer mal a ela assim como me fez.
Rugge: eu te entendo.
Kah: mas agora chega de falar de mim. Por que não fala de sua família? Você nunca me contou nada sobre ela.- ele rapidamente desvia o olhar, suspiro e sigo o seu olhar. Ele está olhando para um quadro com uma foto em cima do rack. Me levanto, pego o quadro e vejo que nele tem uma mulher, um homem e um menininho- Esse é você?- volto a me sentar ao seu lado, aponto para o menininho e ele assente- E esse é seu pai?- aponto para o homem e ele assente- E essa é sua mãe?- aponto para a mulher e ele concorda com a cabeça- Ela é linda!
Rugge: é, ela era- ele diz visivelmente desconfortável, coloco o quadro de volta aonde estava e o olho.
Kah: está tudo bem. Você tem a mim agora, ao seu pai e seu irmão. Sei que é difícil perder alguém que ama, mas talvez Deus só te poupou de algo que talvez não iria aguentar.
Rugge: você não entende!- ele se levanta e me levanto logo em seguida.
Kah: eu não sei como é perder uma mãe, vê-la em uma caixão, mas eu praticamente não tenho uma, então eu entendo.
Rugge: pelo o menos a sua está viva!
Kah: mas o que adianta ela está viva se não tem um papel de mãe? Eu não estou me comparando a você, só quero que fique bem!
Rugge: é que você não entende... Foi por minha culpa que minha mãe morreu.
Kah: o quê? Como assim?- franzo o cenho.
Rugge: ah, esquece!
Kah: Rugg...- sou interrompida por uma voz.
Bruno: o jantar já está pronto. Desculpa atrapalhar!- seu pai diz e assentimos.
Kah: já estamos indo.- o pai de Ruggero assente, sai e volto o meu olhar para o Ruggero- Ruggero, como assim? Me explica direito- falo preocupada. Como assim ele foi responsável ou o culpado?
Rugge: é melhor irmos jantar- ele diz antes de passar por mim e sair sem me deixar falar mais nada. Suspiro e abaixo a cabeça. Talvez ele se culpa por algo que nem tenha culpa.

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now