Cap -14

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Quando olhei o corpo sobre a poça de sangue meu estômago embrulhou, minhas pernas bambearam e eu só não cai porque o G3 tava me segurando.

- Tá tudo bem, quer descer ? Eu e o Joca terminamos aqui. - falou tentando me aliviar
- Tô tranquila, já passou. Pode deixar que eu termino. - fui até o corpo agachei e olhei o cadáver do traídor.
- Vai querer fazer o que com o corpo ? Joga na vala ? - neguei com a cabeça.
- Decepa a cabeça - o Joca me encarou não entendendo. - e coloca numa caixa. G3, me passa aquele vídeo por favor - G3 concordou e eu levantei, fui pra fora do galpão precisava de ar.

Vilão

- Eai rapaziada - entrei na boca os menor tava lá vendendo e o passarinho tava sentado no sofá lá dentro terminando de fechar um lote que ia pra um morro vizinho - Cadê o G3?
- Não apareceu hoje ainda não senhor - falou coçando a barba
- Que porra de Gerente é esse que o G3 quer ser ? 16:30 da tarde e o filha dá puta nem aqui apareceu. - entrei na minha sala e bati no rádio dele

- Fala patrão
- Fala patrão um caralho, te dou uma chance de crescer e você com dois dias já quer ramelar? Não apareceu na boca por que ?
- Resolvendo umas fita externa senhor, já chego aí.
- Que fita que eu não tô sabendo de nada ? - tá querendo mentir logo pra mim
- Só queria levar pra você quando estivesse resolvida tá ligado? Pra não ter dor de cabeça. Da uns 10 que eu já chego aí pra te passar a visão
- Jaé - tá me cheirando a merda isso aí

Peguei uma de 5 dixavei e bolei enquanto esperava a desculpa que o G3 ia soltar pra mim.
Deu uns 30min o Joca entrou na boca, seguido pelo G3 e atrás a Maria Fernanda, com uma caixa na mão. Tava entendendo nada mais a maior dúvida era o que a Nanda tava fazendo no meio.

-Que tá pegando - perguntei
- Senta aí tio, nois tem uma ideia pra levar contigo. - eu sentei e tava só esperando
- A Maria Fernanda tá aqui por que ? E que porra é essa aí? - perguntei apontando pra caixa.
- Pai, primeiro eu preciso que cê olhe isso - olhou pro G3 que veio até a mesa e me Deus um celular com um vídeo.

No vídeo aparecia o Japa com a Mayara, eles falavam de tomar meu morro e me matar. Filha da puta o cara que sempre esteve do meu lado se trairagem comigo, dei um soco na mesa e levantei indo pra porta.
- Vou pegar esse lazarento agora, tá bagunçado assim não - Nanda entrou na minha frente
- Calma, abre a caixa pô
- tenho tempo pra brincar não Maria Fernanda caralho - ela continuou na minha frente
- Abre ! - falou séria.

Fui em direção a minha mesa e abri a caixa, tinha um monte de pano enrolado quando eu abri me dei conta do que tinha rolado. Entendi o que o G3 quis dizer com "Só queria levar pra você quando estivesse resolvida" .

- Quem foi ? - perguntei ainda encarando a cabeça do vagabundo com um tiro atravessado na testa, sem me virar pra eles.
Como não obtive resposta eu virei, eai encontrei a Maria Fernanda com a Arma do meu velho na mão.
Eles sentaram e me explicaram, vírgula por vírgula. A princípio me assustou a ideia de ver a Nanda matando alguém. Depois o orgulho bateu, ela tinha aquilo na veia, matou em minha defesa. Pedi pros moleque sair que queria levar um lero com ela.

- Eai? - perguntei soltando a fumaça do back - Como se sentiu ?
- Não tô me orgulhando do que eu fiz, vou ser sincera. Mais foi necessário. Melhor ele do que eu ou você. - disse convicta
- Tu tá crescendo. - cocei a barba. - minha ideia de futuro nunca foi deixar o morro pra você. Mais tava treinando o Joca pra isso. - me olhou - a não ser se você me disser que é isso que você quer. - ela pensou um pouco se ajeitou na cadeira eai respondeu
- Não posso renegar meu legado. - falou cheia de Si, Maria Fernanda cresceu sem mãe, mais nunca usou isso como motivo de vitimismo. Cresceu no meio do tráfico do roubo e apesar disso ela tem um caráter e uma honestidade imensa. Desde pequena sempre me deu muito orgulho.
- Jaé então, a partir de hoje cê faz parte do cv. Pode moscar não, nem dá mole. Vai ter suas obrigações como todo mundo.- ela só concordou.

Joca

Tinha acabado de perder o morro pra Nanda, não que eu me ligasse muito mais é misto de alívio por não ter que carregar esse peso e medo pela Nanda tá ligado? Sempre rolou aquele excesso de cuidado da minha parte pela Maria Fernanda, ver ela atirando no Japa foi agonizante. O simples fato de ver ela segurando uma arma já me causava uma sensação ruim, mais ela já nasceu com isso. Desde criança Nanda sempre teve espírito de liderança, pra tudo. O morro vai estar em boas mãos .

Depois do que rolou a minha vó voltou pra casa, putassa né. Primeiro eu entro pro tráfico depois a Nanda Além de matar um cara é nomeada a próxima sucessora do morro. Acontecimentos demais pra 10 dias.

- Eu não posso tirar duas semanas pra ficar fora que vocês resolvem furdunço o morro todo ? - falava enquanto colocava o rango do almoço na mesa. - vamos abre a boca alguém, quero explicações.
- Vó a senhora tá muito pilhada, tá tudo na mais perfeita ordem relaxa - falei abraçando a coroa
- É dona Luzia, tá tudo nos conforme - Nanda deu um beijo nela e sentou do meu lado.
- Cê acha que eu já não tô sabendo Maria Fernanda, o que você fez ? - Nanda engoliu seco. - você acha que isso é vida pra você ?
- Vamos parar de pilhar a menina aí né ? - tio Wallace entrou na cozinha com o Cobra e o Batoré atrás dele. - Ela já decidiu, para de querer fazer a cabeça.
- A gente ainda vai conversa viu Maria Fernanda, teu pai não é Deus pra estar em todos os lugares te livrando sempre dessa nossa conversa. - falou entregando um prato pro Cobra outro pro Batoré - Vão se servir pra comida não ficar fria.
- Aí dona Luzia, com todo respeito a senhora sabe que é quase minha mãe, mais tu representa demais no rango e fez uma falta fudida. - Batoré falou colocando o Arroz no prato.

Terminei de almoçar subi pro meu quarto e vi meu celular vibrando na cama, olhei o visor e era minha mãe. Deixei tocar. Nesse último mês não estamos na nossa melhor fase. Ela conheceu um cara da pista que vivia subindo o morro pra trazer ela depois do trampo. Não sou um filho possessivo tá ligado? Minha mãe é de maior e vacinada, sabe o que faz da vida. O que eu não curti foi que com tanto nego pro cara querer arrumar assunto ele veio logo em mim, eu sabia quem ele era, mais ele não sabia que eu era filho da namorada dele. Veio cheio de marra pro meu lado e nois saiu foi logo no soco. Minha mãe ao invés de ficar do meu lado, defendeu o pau no cu do asfalto. Mais Jaé, tô tranquilo aqui, tenho minha casa, apesar de viver mais aqui na do meu tio do que na minha própria. Esse bagulho de fazer rango e lavar roupa não é pra mim e aqui minha vó faz tudo por mim tá ligado? Gratidão pela minha coroa.

Entrei pra tomar uma ducha e quando sai tinha mais uma ligação perdida da dona Raissa, deve tá soltando fumaça pelas venta.
Ela me mandou uma mensagem, só olhei pela barra de notificação.

Mãe - João Carlos até quando vai ficar me ignorando?
- atende essa porra
- bom, queria te ver, tenho saudades. Tu nunca vai deixar de ser meu filho. Quando puder ou quiser.. me retorna. Te amo filho.

Ela não pensou que eu nunca iria deixar de ser filho dela antes de ficar do lado de um cara que ela conhece faz um mês. Mais tá firmão.

A filha do chefe Where stories live. Discover now