Cap 37

489 25 2
                                    

Senti uma pontadinha de vontade de ir lá e socar ele, mais a minha vida sem ele e sem o G3 era bem menos complicada. Subi pra casa tomei um banho, deitei na cama e tentei colocar a cabeça no lugar, acabei pegando no sono.

Acordei com tiros, vários deles. Dei um pulo da cama coloquei um shorts jeans por cima do pijama e uma blusa moletom, vesti o primeiro tênis que vi pela frente peguei o fuzil joguei nas costas e a glock encaixei na cintura peguei meu rádio que não parava de apitar. Tava saindo de casa e o Batoré já tava lá na frente me esperando.

- Quem tá bagunçando meu morro em plena madrugada.? - perguntei pro batoré enquanto nos descíamos
- P12, Ta ligada quem é né ? - ele perguntou parando a moto na boca
- Sobrindo do Jacaré ? - perguntei confusa - o que esse porra quer ?
- Tua cabeça - um no formou na garganta
- Não se eu pegar a dele primeiro. - agitei o moleque que tava na boca e descemos pro confronto.

Nunca tinha participado de uma invasão e logo de cara o merdinha do p12 querendo me arrasta? Desci metendo bala em tudo o que eu via. Tava passando por um beco e vi o Joca caído. Bati um rádio e fui ajudar.

- Que porra em João Carlos, me ajuda também tu é pesado - tentava arrastar ele pro fundo da viela pra ninguém ver ele até que os menor viesse buscar.
- Tá doendo porra, saindo todo meu sangue - falou tampando o tiro na coxa
- Marmanjo dramático, fecha a porra da boca e não me deixa mais nervosa.

Tava quase no fim da viela quando o Merda do P12 apareceu com mais 3 caras bem na minha frente.

- Olha olha, nem me esforcei muito pra te achar princesa. - falou irônico
- Me procurando porque Paulo ? Tenho nada pra tratar contigo. - mantive a postura apesar de estar com o cu na mao
- Não concordo. - ele negou com a cabeça e abriu um sorriso cafajestes. - Pelo que eu ando ouvindo por aí, quem vai tomar conta da fuga do jacaré é você - falou chegando perto de mim e pegando uma mecha do meu cabelo.
- Tá aí mais um motivo pra eu não saber porque você tá me atrasando, tô montando esquema pra tirar teu tio do xilindró e você aí procurando buchixo? - tirei meu cabelo da mão dele.
- Jacaré tá onde ele tem que estar e melhor, eu estou onde eu sempre tive que estar - Ganancioso, queria o próprio tio preso só pra ter o morro - E agora que eu tenho o que eu quero não vai ser tu que vai tirar de mim, de quebra ainda ganho outro morro, tava querendo expandir mesmo - ele me puxou pelo braço
- Tira a mão dela seu merda - Joca destravou a arma apontando pra ele e ele colocou o cano da dela na minha cabeça. Eu saquei a minha e encostei na barriga dele
- Tá sabendo fazer conta não ? Tão em desvantagem, ou vocês abaixa essa porra aí ou eu mando tu e ela pro inferno junto com o capeta - eu olhei pro Joca e ele estava furioso, não tinha realmente o que fazer eles estavam em 5 e eu estava só com uma bala no pente, mesmo que eu descarregasse ela no rim do P12 sobrariam outros 4 e o Joca sozinho não ia conseguir derrubar.
- Abaixa.. - ele não me olhava e mantia a arma na direção do p12 - João Carlos.. olha pra mim, abaixa a arma - ele me olhou - tô te pedindo pra abaixar..
- Tu não vai sair daqui - ele voltou a olhar pro p12
- Joca, me ouve, abaixa a arma.. - falei calma e ele voltou a me encarar - por mim...

Joca se manteve me encarando por alguns segundos que pra mim pareciam eternos, então foi abaixando a arma devagar..

- Agora chuta ela pro outro lado e tu desencosta essa porra de mim antes que eu estore seus miolos - p12 falou e o Joca fez e eu soltei a minha no chão - Bom garoto, agora eu vou sair daqui com a sua priminha de merda e você vai ficar piano aí ou ela vai pra vala, tá me entendendo? - Joca só acentiu

P12 saiu com o cano da arma na minha cabeça e assim nós descemos o moro, em meio aquela chuva de tiros. Ele me colocou dentro de um carro todo preto e vendou meus olhos. Fomos o caminho todo em silêncio, estava com o cu na mão, mais não ia deixar transparecer.

Depois de um certo tempo o carro parou e o p12 me puxou pra fora do carro, ainda com os olhos vendados ele foi me guiando, ouvi um barulho de tranca abrir, então ele me empurrou e eu caí sentada, ele puxou a venda e vi que estava num quarto extremamente sujo com uma cama velha em um canto, um vaso no outro é uma janela que estava tampada com várias madeiras.

- Que Clichê Paulo, a gente tá no meio do mato também ? - debochei dele enquanto olhava ao meu redor aquele quarto que não via um aspirador de pó a meses.
- Esperava uma suíte prime de um hotel 5 estrelas em Ipanema ? Acorda Nanda, tu vive outra vida agora. - sentou em uma cadeira perto da porta e ficou me encarando.
- Desembucha P12, o que tu vai fazer ? Não tô aqui só porque tu não quer que seu tio saia da prisão.
- Não achei que fosse possível, mais além de bonita é inteligente também ? - riu irônico. - Bom, já que vc tocou no assunto, eu tenho umas pendências com teu pai também.
- Pendências com meu pai ? - ri - Resume
- Tu não conhece o pai que tem, mais fica em paz, vamos colocar um fim nisso. - ele se esticou na cadeira e respirou fundo. - Meu pai foi morto, eu tinha 6 anos mas lembro perfeitamente da feição do desgraçado que levou ele daqui, meu tio assumiu o lugar do meu pai, os anos passaram e eu vi que à trairagem não vem só dos de fora, meu tio, irmão do meu pai se aliando ao cara que matou ele. - podia sentir o ódio em cada palavra do Paulo - Eu fiquei firmão, a vingança é um bagulho que se come frio, tava só no aguardo, sabia que a melhor hora ia chegar. Jacaré tá preso e fui eu mesmo que dei a fita toda, seu pai tava fora, e o que restou foi você, pior do que matar alguém, é tirar alguém que a pessoa ama - fez uma pausa - nois já trocou bastante ideia por hoje, aproveita tua estadia porque tu não sabe quanto tempo pode durar.

Ele levantou e saiu me deixando sozinha naquele lugar imundo.

A filha do chefe Where stories live. Discover now