Cap 38

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Joca

Fui tentando me arrastar até a esquina da viela, quando tava quase lá o Batoré apareceu e me ajudou a sair de Lá. Os tiros já tinham parado.

- Os cara afastou do nada, cadê a Nanda? - ele perguntou assim que entrou no carro
- Tá com eles - falei ainda tentando estancar o sangue
- Como assim - ele me olhou assustado
- Tá com eles porra ! - gritei acelera essa joça aí caralho

Ele me levou pro postinho e lá as enfermeiras viram fazer um curativo já que a bala não tinha ficado alojada. Eu já não sentia dor nenhuma só pensava em como trazer a Nanda de volta.

Assim que sai do postinho fui pra boca e lá o reboliço tava grande.

- Eai caralho vamo para com esse furdúncio? - dei um tapa na porta. - Vamos trazer a Nanda de volta, só precisamos pensar.
- Onde esse filho da puta deve ter levado ela ? No morro eu tenho certeza que não, ele sabe que invadiríamos fácil aquele lugar. - G3 falou andando de um lado pro outro.
- Jacaré tá por onde ? - perguntei
- Antônio de Castro - o cobra respondeu
- Jáé, transferência dele ia ser quando?
- Daqui 3 dias.
- Vamos tirar ele de la, ele mais do que ninguém deve saber onde o arrombado do P12 enfiou a Nanda - sentei na cadeira
- 3 dias é muita coisa, nem fodendo não vou deixar ela lá todo esse tempo - G3 falou vindo me peitar - Se você vai ficar de braços cruzados foda se ! Já deixou levarem a mina agora quer esperar pra buscar ? Espera sozinho - me segurei pra não socar
- Eu deixei? E tu ? Tava onde que não tava com ela ? Então abaixa a bola aí irmão - falei irritado e ele se calou
- Vai adiantar nada os boroca ficar batendo boca, a mina de quem nois tá falando é a Nanda porra, ela desenrola melhor que nois, tá na genética dela fi- cobra falou tentando acalmar o G3 - vou atrás de adiantar isso aí

Passamos uma madrugada inteira acordados reunindo os vapor de outros morros, armamento e tudo mais. Resgatamos o Jacaré e ele fechou com nois pra pegar o p12 que tava na trairagem com ele também.

Nanda

Até então eu não tinha mais visto o P12, não tinham feito nada comigo, ele só veio bater um lero e não apareceu mais, nem a voz dele por aqui eu não ouvia. Pau no cu, chefe que é esse que pega missão e abandona na mão dos vapor, tá comandando errado. Se tem algo que eu aprendi depois que tomei a frente do morro foi, não confie no trampo de ninguém, quer algo bem feito faça você.
Duas vezes no dia um vapor gatinho vinha me trazer água e comida. Ele devia ter uns 20 anos, novinho, moreninho do olho claro, em outras circunstâncias eu daria uns pegas fácil.

- Aí mina, tá aí tua janta - jogou a quentinha na mesa e eu me levantei indo em direção
- Qual teu nome ? - perguntei enquanto abria a quentinha
- Nando - ele tava saindo quando puxei mais assunto colocando meu plano em prática.
- Nando..- fiz a cara mais safada que eu consegui naquele momento- Então Nando, tem 3 dias que tô aqui.. pede lá pro teu patrão pra me liberar pra tomar pelo menos um banho pô
- E eu ganho o que com isso ? - ele sorriu de lado
- O que tu quer Nando.. - eu devolvi o sorriso passando a mão pelo seu peito até o pescoço dele
- Depois do teu banho nois desenrola isso ae - passou a mão em direção a minha nuca dando um leve puxão no meu cabelo e piscou saindo de lá

Pra sair dali eu precisava pelo menos de uma glock carregada, os cara tudo armado, eu sem nada não ia chegar nem no portão sem virar peneira, era ali que tudo começava.

Nando voltou um tempo depois com uma toalha e uma muda de roupa.

- Patrão não tá atendendo, mais eu vou adiantar essa pra tu - parou na porta me encarando de cima a baixo
Saímos do quarto fechado andei pelo local tentando mapear onde estava. Chegamos no banheiro ele me entregou as coisas e quando fui fechar a porta ele me impediu.
- Porta aberta gatinha. - eu levantei às mãos em rendição e deixei a porta aberta, tirei a roupa ali mesmo com ele me encarando, parecia gostar do que via, não julgo eu sou gata mesmo.
- Tira uma foto pra tu lembrar mais tarde - ele saiu do transe que estava e me encarou com um ponto de interrogação na cara. - tá aí me engolindo com os olhos. - ele riu
- Foi mal aí - virou de costas e encostou no batente da porta.

Tomei um banho tranquilamente, me vesti escovei os dentes e passei pelo Nando, que foi me seguindo até aquele quarto nojento denovo.
- Tu podia ficar mais um pouco - ele me olhou sem entender - ficar sozinha aqui não é legal.
- Um sequestro não é pra ser legal - falou rindo
- Traficante também não é pra ser simpático muito menos bonito, mais tu é exceção. - sim eu tava dando mole pra ele discaradamente.
- Cheia de elogio pro meu lado com que finalidade ? - ele coçou a barba.
- Vocês acham que só vocês tem necessidades . - falei me jogando no colchão no chão - esquece vai, vou dormir um pouco já que não existe outra opção. - ele dá um sorrisinho como quem tinha entendido e fecha a porta.

Peguei no sono pensando em como sairia dali, o Nando tinha cara de sonso mais tava demorando demais pra querer se engraçar comigo, preciso de um plano B .
No meio da noite acordo com a porta sendo aberta, abro os olhos e o Nando tá trancando, mas pelo lado de dentro.

- Tu não tem necessidades ? Patrão me colocou aqui pra cuidar de tu, então bora, vamos cuida disso aí - falou tirando a camisa com um sorriso malicioso.

Precisava sair dali, nem que pra isso eu me sujeitasse a transar com um dos vapor do p12, era pela minha liberdade, pelo meu morro que agora tá na mão daqueles desmiolados.

Levantei e fui em direção dele, nos beijamos e porra, não esperava por AQUELE beijo, Nando tava facilitando as coisas pra mim, otimo.
Transamos, e de verdade ? Não parecia que eu estava me forçando aquilo. Gozamos juntos então deitei no colchão de novo só de calcinha e sutiã.

- Vou meter o pé antes que os cara de falta - falou vestindo a camisa
- Volta mais vezes - falei tentando recuperar o fôlego.
- Tu é maluca - ele riu - tu sequestrada, teu morro ao Deus dará e tu pensando em dar.
- Meu morro nada, aquilo não é meu, eu só tô lá por hierarquia, vontade de sair dali não me falta - menti - p12 tá me fazendo um favor
- Pode crê.

Ouvimos um barulho de carro e o Nando saiu com pressa, antes dele virar de volta pra mim eu joguei a glock pra de baixo do colchão não ficando visível pra ele se lembrar dela. Ele saiu do quarto trancando a porta e eu fui conferir quantas balas tinham no pente.

9 balas. Metade do pente, eu teria que fazer milagre.

A filha do chefe Where stories live. Discover now