XVIII - Juízo final.

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Hanako pousou no telhado de uma residência aleatória, analisando as proporções daquela calamidade. As interrogações que surgiam em sua mente o confundiam cada vez mais: "Como alguém conseguiu invadir um território que estava sobre seu comando com um exército tão grandioso e ele sequer percebeu?"; "O que eram aquelas criaturas?"; "De onde vieram?".

Mordeu o cabo de sua faca e arregaçou suas mangas. Seria um pouco complicado, mas a situação o obrigava a utilizar uma generosa porcentagem de sua capacidade. Estalou os dedos e suas Haku-joudai, duas esferas flutuantes que custaram quase um absurdo para a pobre Yashiro, surgiram e o envolveram em movimentos rápidos. Em poucos segundos, sua longa capa ali jazia presente e um sorriso empolgado estampou seu rosto, antes preocupado.

— Não sei se fico contente por finalmente ter um desafio de verdade... — Ele olhou para trás e observou os raios de Kou queimando enquanto falava. — Ou preocupado com o desastre que isso vai causar.

As criaturas rasgavam as nuvens e berravam de maneiras horripilantes, encobrindo todo o azul celeste. Dessa forma, ele percebeu que não adiantava muito pensar naquele momento.

Apenas eliminar aquela ameaça o mais rápido possível para voltar para o apartamento de Yashiro, provar da torta de chocolate que ela prometeu fazer para os dois e assistir um filme de terror que ela nunca teve coragem de assistir sozinha.

Ele sorriu com esse pensamento e sentiu um calor reconfortante em seu peito. Entretanto, não soube identificar o motivo. Era calmo, constante e excitante. Depois de tanto tempo, agora tinha um lugar para voltar. Um lugar para chamar de seu.

— E uma pessoa para proteger — Disse o restante de seu pensamento em voz alta, como se confirmasse a si mesmo.

Saltando e empunhando sua faca com habilidade, rasgou uma passagem na nuvem de demônios com ferocidade. Em um só movimento, uma porção de criaturas monstruosas começou a despencar do céu.

O líquido negro de seus corpos cortados jorrava violentamente, como a água de uma represa rompida. E o miasma que todos exalavam era pútrido e sufocante. Provavelmente, se Hanako fosse uma simples aparição, aquilo corromperia sua alma tão cruelmente quanto os vermes que o consumiram em seu túmulo.

[...]

— Droga! — Kou gritou quando seu braço foi cortado pelas garras de um demônio. A estatura dele era enorme, intimidadora e seu corpo era estranhamente raquítico. Seu rosto era semelhante à face de um tubarão, porém, com diversos olhos. Sua boca exibia dentes enormes, afiados e um sorriso sanguinário.

O jovem Minamoto se escondeu em um pequeno beco, rasgou sua camisa e amarrou a tira em seu braço machucado. Uma espécie de curativo improvisado.

— Droga, droga! — Praguejou ao perceber que seu braço não conseguia erguer o cajado com firmeza. — Não tenho outra escolha, merda!

As pessoas que estavam do outro lado da margem começaram sentir um incrível desconforto. A aura das criaturas que eram capazes de acharem uma brecha na defesa de Hanako iniciavam sua infecção nas almas dos civis: qualquer indício de um pecado, cravado no peito e estimulado pela mente daqueles homens e mulheres seria o portão para a morte neles ingressar.

E ali haviam centenas de pecados.

Kou continuou, desesperadamente, atirando sua energia purificadora. Atitude vã, pois o caos se instalava cada vez mais. Nem mesmo seus poderes seriam o suficiente.

— Não! Não! — Suas cordas vocais pareciam se romper com seus urros de desespero.

Um grupo de homens brigava fervorosamente, violentando uns aos outros com brutalidade. Pessoas haviam ficado assustadas, começado a gritar e corriam desesperadas na rua estreita, empurrando umas às outras.

𝑂 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 - Hananene fanficजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें