XXIX - Desenlace;

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— Amane! — Nene gritou, estendendo seu braço. Todavia, de nada adiantou. — Que tonta! Tonta! Eu não deveria ter…

— Ele está no cemitério.

Nene virou rapidamente, avistando Sra. Yako com um coquetel na mão.

— Ele sempre volta inconscientemente pra lá, porque foi lá que você o encontrou, menina ingênua. Eu sempre o vejo lá, observando as flores que você coloca no túmulo dele. E ele sempre fica chorando em cima delas — ela bebeu um gole de sua taça, posicionando-se ao lado de Yashiro.

— Chorando… sempre? — Yashiro observou a mulher ao seu lado, tentando absorver aquelas palavras.

— Há algo em todos nós mistérios, uma peculiaridade comovente. Não somos nada além das emoções personificadas de quem já fomos — repousou a taça vazia no apoio da varanda. — Não importa o quanto pense nos conhecer, deve conhecer também nossas emoções. Hanako é uma concentração de todas as emoções de Amane, assim como eu sou uma concentração das emoções da Yako — repousou os braços no corrimão e deixou que a brisa balançasse seus belos fios dourados. — Ele não suportou saber que você foi capaz de pensar que ele ainda matava. É como se houvesse sido traído, ou algo assim.

— A senhora estava nos espionando!

Sra. Yako bufou e sentou em uma cadeira.

— Que absurdo! O Tsuchigomori também estava, oras! E esse romance de vocês parece até enredo clichê de novela de fim de tarde — Yashiro não conseguiu manter sua irritação por muito tempo. Soltou um riso, se divertindo.

— O que ainda está fazendo aqui, cabeça de vento? — sua chefe cruzou os braços e abriu um de seus leques, invocando uma grande raposa dourada. — Se resolvam logo e parem de me encher a paciência! Não sou cupido de ninguém.

— Obrigada! — Yashiro entendeu o recado e subiu no espírito animal, assentindo antes de ser levada pela raposa.

— Nunca compactuei com isso, um relacionamento entre um humano e um mistério é uma abominação sem tamanho — Minamoto surgiu detrás das cortinas, sentando na cadeira ao lado de Yako. Ele cuspiu tais palavras, como se ferissem-no profundamente. — Mas tenho muito a perder caso entre em um conflito com Hanako e tente acabar com essa loucura — observou sua irmãzinha em seu colo, que dormia pacificamente. Não pôde evitar pensar em Kou, que manteve uma relação similar à de Yashiro e Hanako com Mitsuba. Respirou fundo e acariciou os cabelos loiros da pequena Minamoto. — O que você acha, raposa?

— Nem tudo pode ser resolvido à força, jovem Minamoto. Você já deveria saber que não é capaz de exorcizar Hanako com sua força atual — Yako soltou as palavras no ar, indiferente. — Os sobrenaturais desaparecerão quando Hanako se for. Não vai te poupar o trabalho estúpido de ficar exorcizando espíritos por aí?

Teru desviou o olhar de Yako para Yashiro, trincando o maxilar. Não era um trabalho estúpido, era um legado sagrado. Ele não esperava que ela entendesse.

— Você aceitando ou não, finalmente estaremos em paz.

— É o que espero — O Minamoto se recostou na cadeira, relaxando os músculos tensos.

Os dois assistiram Yashiro desaparecer no horizonte.

(...)

Hanako se ajoelhou à frente de seu túmulo, lágrimas grossas escorriam sem pausa em suas bochechas. Ele nem se lembrava de que era capaz de chorar daquela forma.

Berrou, tomando nas mãos as flores que Yashiro havia deixado para ele em seu túmulo. Despedaçou-as, enquanto sentia o peito reverberar dor. A sensação de abandono; o desespero de ser traído, de decepcionar quem ama. De ser menos que lixo, desprezível.

𝑂 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 - Hananene fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora