XXV - Livre

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— Eu também te amo, Yashiro.

Nene sentiu o coração retumbar quando viu os olhos de Hanako brilhando em sua direção. E, dessa vez, ele quem a beijou. Espontaneamente, uniu seus lábios aos dela, surpreendendo-a com tal atitude, que foi correspondida por ela com igual quantidade de afeto.

Foi como se ao redor deles não existisse nada capaz de atrair suas atenções, nada além dos próprios sentimentos que nutriam um pelo outro, sendo finalmente expostos através de seus corpos aconchegados e um selar de lábios puro e casto.

Ele desceu, repousando-a no solo firme e mantendo seu corpo no ar. Depositou um beijo na testa dela, acariciando suas bochechas. Murmurou um "Vai dar tudo certo, eu sei o que fazer".

Sim, ele finalmente sabia o que fazer para acabar tudo aquilo.

Hanako flutuou até Tsukasa, que foi capturado por Tsuchigomori, Akane e Teru. Pediu que o soltassem, e assim o fizeram. No mesmo instante, ele avançou nas pernas de Amane e implorou. Implorou seu amor, sua companhia e suas mãos; sua exclusividade.

Hanako se agachou, tocando o quepe dele. Retirou aquele ornamento e acariciou os cabelos do irmão.

Tsukasa ergueu seu olhar. Lágrimas negras desciam de seus olhos.

Vendo aquilo, Amane não se segurou e o abraçou. Compartilhou as dores e os desafetos com o irmão gêmeo, dividiu seus pesos e enxugou suas lágrimas.

— Eu te amo — disse, com o tom de voz tristonho e repleto de compaixão. — E te perdôo, irmão.

Tsukasa observou os olhos de Amane, mergulhou no mais íntimo dele e percebeu que nada mais adiantaria.

Amane amava a maldita Yashiro Nene. E ela introduziu uma luz impossível de se apagar na alma de seu irmão.

Enquanto a calmaria pareceu se instalar, Sakura mira sua flecha. Dessa vez, o seu alvo era certo.

E, quando o pequeno projétil de energia perfura o peito de Tsukasa e Hanako arregala seus olhos, Sakura os observa de longe. Piscou seus olhos verdes e, quando os abriu, Tsukasa estava à sua frente.

O arco em sua mão desapareceu e ela abriu os braços, esperando sua tão prometida morte. Ainda a merecia? Perguntou-se. Afinal, traiu Tsukasa, não? Ele a daria mesmo assim?

Sua mente entrou em confusão quando, ao invés de um golpe, sentiu-se envolvida pelos braços de Tsukasa. Ele a abraçou, beijando seu pescoço. No mesmo lugar que deixou uma marca profunda de suas presas.

— Não vou poder te dar a morte que deseja, Sakurinha — ele acariciou o rosto dela, com um singelo sorriso no rosto. — Porque gostaria de vê-la sorrindo.

Sakura abriu seus olhos, sentindo a respiração falhar. Abraçou Tsukasa, mas o corpo dele se despedaçou como vidro em seus braços.

Que não a cortaram, não dessa vez.

— Eu também te amo, Amane — Tsukasa virou o olhar para o irmão, que estava poucos metros atrás dele, com as mãos nos bolsos e um sorriso repleto de lágrimas.

A última visão que teve foi de Amane, o tempo pausado e a atmosfera congelada. Todos os amigos que o irmão conseguiu ao longo do tempo também estavam ali, ainda que distantes.

Se ele tivesse feito diferente, teria poupado Amane daquilo? E Sakura?

Observou-a chorando, ajoelhada. Tudo bem se ela não sorrisse para ele. O importante era que ela tivesse a liberdade para fazê-lo. Amane também alcançaria paz. Seu irmão seria feliz.

Saber disso já era o suficiente para que fechasse seus olhos e seu corpo se desfizesse em milhares de fagulhas escuras que caíram no solo, apagando-se logo após.

Hanako observou o chão, permitindo que uma lágrima escorresse em sua bochecha. Seu irmão estava finalmente livre.

A atmosfera, antes infestada de miasma e demônios, foi limpa. Todos trabalharam juntos para purificarem as aparições, o ar e eliminar as criaturas.

Com o trabalho finalizado, Yashiro se despediu dos amigos e sentou-se ao lado de Sakura no mesmo terraço do prédio no qual haviam se encontrado algumas horas atrás. Sua mais recente amiga estava desolada. Ela resolveu nada dizer, apenas abraçou-a novamente e a aconchegou em seu peito. Sabia que não precisava falar com ela agora. Não quando sua dor era muito recente.

Alguns minutos depois, Sakura se ergueu vagarosamente e levantou.

— Preciso te contar algumas coisas — disse, estendendo a mão e ajudando Yashiro a se levantar também. — Elas podem te ajudar com o Amane. Gostaria de tomar um chá comigo?

Yashiro assentiu, ainda preocupada com o bem estar dela. Talvez ela só precisasse de companhia, não?

— Me aliviaria se eu pudesse contar para alguém sobre minha conexão de sangue com os Yugi. Esse sempre foi o meu maior peso.

Nene entreabriu seus lábios, surpresa com a revelação. Seguiu Sakura, curiosa pelo que mais poderia descobrir. E não apenas por isso: sabia das tendências dela de se machucar quando estava sozinha. Tudo isso deve ter a afetado muito.

Naquele momento, ela só precisava de um apoio.

𝑂 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 - Hananene fanficWhere stories live. Discover now