IV - Príncipe.

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O sol de verão iluminava alegremente o dia, enquanto todos os estudantes da faculdade de Yashiro uniam-se para auxiliarem na estufa. A temporada estava sendo bem alegre, apesar dos estudos pesados. Hanako havia sumido há semanas e, pessoalmente, não é como se isso incomodasse-a tanto. Afinal, nada pode provar que toda aquela loucura que vivenciou com ele era real. 

Ou, talvez a discreta cicatriz em sua mão possa ser suficiente para isso?

No fim das contas, Aoi voltou para as aulas e elas continuaram a se falar. Obviamente, ela estava diferente. Mas, Yashiro não podia culpá-la.

Ultimamente, sua mente havia sido atormentada com outros poréns que não eram Hanako. Pelo menos, é o que ela imaginava.

Os pesadelos com a garota de cabelos verdes e os misteriosos olhos cor-de-ouro não eram frequentes, mas grudavam-se em seus pensamentos e faziam-na pensar diariamente neles, como se realmente fossem. 

Olhando pelo lado positivo, as estranhas escamas coloridas e aquela terrível sensação haviam desaparecido. Se tudo não fosse um delírio, o estranho contrato com Hanako havia realmente funcionado.

— Nene? Você tá bem? — Aoi tirou sua luva suja de terra e passou a mão na frente dos olhos de Yashiro, procurando algum sinal de vida. 

— E-estou sim! — Despertou de seus devaneios, começando a cavar com a enxada na qual estava apoiada.

— Não quer trocar com o Akane? Você pode se machucar com isso, do jeito que está avoada — Disse, enquanto enchia um vasinho com um pouco de terra.

Akane, que estava na parte hortífera, poucos metros longe delas, respondeu com um sinal de "positivo".

— Não precisa, de verdade — Yashiro olhou para a vidraçaria do teto, que estava aberta. Imaginou por alguns segundos qual seria a chance de Hanako entrar por ali e conciliar todas as suas dúvidas? Não, estava pensando demais.

E, sem nem perceber, Akane já estava fincando sua enxada na terra. Aoi recomendou que ela sentasse em um banquinho para respirar e tomar um pouco de água, talvez o calor estivesse-a deixando um pouco "confusa". Claro, foi o que fez. 

Apoiou-se perto de uma grande janela que havia próxima das escadas da estufa e bebericou alguns goles de água enquanto subia.

Observou seus colegas lá embaixo, encostada no corrimão do pequeno passeio de ferro que percorria todo o lugar. Era possível ver quase todas as hortas, a coleção de vasos, flores e pequenas mudas dali. Por ser um local grande, haviam bancos espalhados em cada canto e era possível encontrar algumas árvores espalhadas timidamente próximas à entrada.

— Hanako… — balançava a garrafinha de água, debruçada no corrimão. — Ainda não consigo acreditar — Distraiu-se falando sozinha, sequer percebendo que alguém aproximava-se. 

— Não são apenas os estudantes de botânica que precisam zelar sempre pela estufa, certo? — A voz masculina, de sotaque muito bem conhecido por Yashiro, deu uma risadinha, fazendo-a paralisar no mesmo instante.

Virou-se, indo de encontro aos olhos verdes, que miravam-na com seu extremo poder de carisma e, ao seu ver, sensualidade.

— C-claro… — Seu corpo não ousava mover um músculo.

Minamoto encostou-se no mesmo corrimão, ficando alguns centímetros longe dos braços trêmulos de Nene. 

— O que achastes, Yashiro? — Olhou-a, sorrindo. Seu rosto angelical, seus cabelos loiros brilhantes, seus olhos esmeralda semi-abertos… Tudo nele fazia cada pequena parte de Yashiro estremecer de paixão. Era como um príncipe que caiu do céu. 

— Você foi o responsável? — Perguntou, tropeçando em suas palavras como faria uma criança ansiosa.

— Sem dúvidas. Eu vi o quanto tu te esforçavas para manter este lugar, não seria justo deixá-la com todo o trabalho duro sozinha, correto? — Ele olhou para as folhagens, que balançavam com o vento que entrava pelas grandes janelas. — Tu és uma garota especial — Soltou as palavras doces no ar, fazendo Yashiro corar. 

O que estava acontecendo? Minamoto Teru, o rapaz mais lindo do campus, estava elogiando-a? Em que mundo ela estava? Aquilo era uma brincadeira do maldito Hanako, com certeza.

— Soube que és boa nessa área, poderias te pedir um favor? — Ele olhou novamente nos olhos avermelhados dela. 

— Sim! O que quiser! — Ela respondeu involuntariamente, tirando uma risada do Minamoto e constrangendo a si mesma. Claro, estava bom demais pra ser verdade. 

— Poderias ajudar meu irmão neste período? Ele cursa farmacêutica aqui, mas não sabe lidar nem um pouco com ervas! — Ele pediu, dando um sorriso de canto ao mencionar o irmão. 

— Era apenas isso? — Yashiro deu uma risadinha, confirmando logo após.

— Meus mais sinceros agradecimentos. Pedirei para ele encontrar-te no final das aulas de hoje, tudo bem para ti? — Minamoto colocou as mãos nos bolsos, esperando a resposta dela antes de sair.

— Tudo sim! — E, como ele havia imaginado, ela aceitou.

Só esperava que Kou não se importasse com o cheiro pútrido proviniente dela como ele havia importado. 

[...]

Yashiro olhou ao redor, procurando o tal "Kou" que Minamoto havia dito. Ele demorou um pouco, mas ela pôde finalmente conhecer o tão querido "irmãozinho" de Teru. 

— Prazer, Yashiro Nene! — Ela o cumprimentou com um sorriso simpático. 

Kou era novato, um ano mais novo, alto e atlético. Seus cabelos tinham um tom loiro mais escuro que os de seu irmão, assim como seus olhos verde-água.

— Minamoto Kou, o prazer é todo meu — Ele respondeu com um sorriso, surpreendendo-se com o quão fofa Yashiro realmente era.

Conversaram um pouco e Kou acompanhou-a até em casa, ficando bastante animado ao saber que moravam bem perto um do outro.

Ela não parecia uma ameaça, era uma boa garota. Então, por que seu irmão havia mandado vigiá-la?

O que alguém tão inofensiva iria querer com aquele demônio assassino?

𝑂 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 - Hananene fanficWhere stories live. Discover now