capítulo quatro: cê tá brincando, né?

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ᴅɪᴀ sᴇɢᴜɪɴᴛᴇ

y͟͟͟͞͞͞a͟͟͟͞͞͞s͟͟͟͞͞͞m͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞n͟͟͟͞͞͞

07ʰʳˢ 58ᵐⁱⁿ

— Como assim não vai ter aula hoje? — Perguntei irritada na frente do portão da escola. Tinha um bilhete enorme dizendo que a escola estava sem luz e como não tem tanta claridade dentro das salas, era melhor cancelar as aulas por hoje.

Revirei o olho irritada com a falta de comunicação com a gente. Ainda não me acostumei com o descaso da escola pública com a gente e nem quero me acostumar.

Sai daquela multidão pra tentar mandar uma mensagem avisando minha mãe. Ja que eu fiz o favor de perder a chave e ela é a única que ainda tem.

me
mãe, tu tá em casa?

me
hj as aulas foram canceladas de novo.

mãezinha
Yasmin eu acabei de chegar aqui na sua avó.

me
e agr?

mãezinha
espera eu chegar ou então vem pra cá também.

me
vou nada
me
pode ficar tranquila aí. Eu vou ficar por aqui perto.

mãezinha
tem certeza? se quiser eu mando a lari ir aí te pegar.

me
sério, mãe.

me
beijo, te amo!

mãezinha
te amo.

— Pra onde eu vou agora, meu Deus? — Me perguntei um pouco sem rumo.

Mas por sorte eu lembrei que tinha que passar na lanchonete e ir falar com o seu Valmir. E conversar com ele sempre faz meu tempo passar rápido, espero que seja assim hoje também.

Olhei para os dois lados antes de atravessar a avenida que separava a escola da lanchonete. E nem precisei entrar para ver o seu Valmir atrás do balcão do caixa.

Entrei e ele me reparou.

— Olha quem veio aqui mesmo!? — Ele falou dando a volta no balcão pra vir me abraçar.

Apertei o senhor nos meus braços. Eu nem sabia que tava com essa saudade dele.

Meus primeiros dias aqui na escola foram horríveis. Lembro que minha mãe quando me trazia eu esperava ela ir embora pra vir aqui pra lanchonete descontar toda a minha raiva e tristeza de ser excluída nas coxinhas do seu Valmir. E eu passei pelo o menos umas duas semanas fazendo isso até ele perceber que tinha alguma coisa errada e vir conversar comigo. Bocuda do jeito que eu sou acabei desabafando. Mas não me arrependo disso, ele me deu os melhores conselhos e no dia seguinte eu consegui entrar. Estar próxima dele também me rendeu bastante brincadeirinha como: "Tá dando pro tiozinho pra ganhar coxinha de graça." No começo eu me sentia mal, mas aí parei de dar bola.

Conheço ele há bons três anos e eu juro que a sensação que eu tenho é dele ser da minha família. Como eu não tenho avô, considero ele. Sem dúvidas seu Valmir é o dono dos melhores conselhos.

— Senta aí menina, vou pegar as suas coxinhas. — Ele pediu apontando pro banco do balcão.

Sentei colocando a mochila no chão de novo.

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