capítulo oitenta: ela tava puta

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alguns meses depois...

d͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞g͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞

— Não acredito que já tá acabando. — Bia murmurou se jogando no colo da Yasmin, que tava sentada no sofá.

Ela tinha conseguido vir pra cá passar uma semana, e como ela disse... Tava acabando!

— O jeito vai ser você mudar pra cá. — Falei brincando. Apesar de que seria maneiro ter a Bia por perto.

A gente já tinha uma afinidade antes, mas depois que ela veio aqui pra São Paulo eu me tornei ainda mais próximo. E o jeito que ela faz bem pra Yasmin é muito notório.

— Eu vou largar meu Rio pra vir pra essa cidade poluída? — Bia entrou na brincadeira só que com um tom de ofendida.

— Pode ser poluída, mas é a única cidade que tem Yasmin e Diogo. — Yasmin debochou me fazendo concordar cúmplice dela.

— Isso você pode ter certeza!

— Eu sei. — Dessa vez ela falou cabisbaixa. — E eu tenho fé que vocês vão casar e vão pra lá!

Gargalhei ironicamente. Isso tava fora de cogitação.

— Ixi filho, tá rindo do que? — Bia me olhou debochada.

— Não há a mínima possibilidade disso acontecer. — Falei simples.

— Por que não? — Yasmin entrou na conversa, mas o tom estava sério.

— Neguinha, aqui tá a nossa vida. Nossas famílias... — Era meio óbvio, eu nem precisava explicar.

— A gente não pode levar junto?

— Preta, isso não é papo pra se ter assim. São muitos detalhes. — Falei calmo.

— Suave, só que você falou com tanta convicção, como se já tivesse conversado comigo sobre. — Ela emburrou e começou mexer no celular.

Estranhei, porém era melhor evitar entender agora.

— Diogo, seja útil e coloque uma série aí. Um filme. — Bianca, folgada mandou.

Medi ela com uma falsa indiferença e estalei a língua.

— Meu anjo, pegue seu dedinho assim... — Levantei o dedo indicador e coloquei na testa. — E se toca!

Bianca gargalhou indo ela mesma pegar o controle pra colocar alguma coisa.

Acabou que colocamos um filme que tava em cartaz na netflix, porque não concordamos com nenhuma opção que os dois proponhamos.

Era de ação e parecia ser da hora. Pelo o menos o começo tinha me empolgado.

[...]

— Licença aqui amiga!? — Yasmin pediu pra Bia que, ainda tava deitada no colo dela.

Bianca levantou a cabeça e a marrentinha simplesmente subiu sem olhar na minha cara. Segui ela com o olhar até o fim da escada. Desviei os olhos para Bianca que também parecia confusa.

Suspirei me motivando pra levantar do sofá.

— Vou ir ver o que tá pegando. — Falei simples.

Segui o mesmo caminho que ela tinha feito há instantes, porém com calma. Até usei esse tempo pra tentar raciocinar o que poderia ser.

Abri a porta do quarto dela com cuidado e vi a pequena jogada na cama, com a cara fechada e mexendo no celular.

— Ei, o que tá rolando? — Perguntei baixinho e ela me olhou por alguns segundos, mas depois voltou pro celular.

— Nada, só não tava curtindo o filme. — Ela falou ríspida.

Ela tava puta.

Fechei a porta atrás de mim e fui tentar abraçar ela, mas como não era "nada" Yasmin se afastou.

— Isso porque não é nada, né? — Segurei o riso.

— Aí Diogo, não vem não tá?

Ela virou pro outro lado ainda bolada. Medi a pequena por alguns segundos tentando pescar de novo o que tava pegando, e talvez seja por eu ter dito que não tem possibilidade da gente ir pro Rio. Mas ainda assim era um motivo muito pequeno, e...

Ah, já sei!

— Neguinha, que dia é hoje? — Perguntei tentando lembrar. Eu sabia que era sábado, mas não lembrava do dia exato.

— 22 de agosto, Diogo. — Ela falou ainda ríspida.

Tudo fazia sentido agora.

— Ah, seu ciclo começou já né? — Falei e foi mágico. Yasmin sentou na cama e me olhou com tédio.

— Não tenta banalizar as coisas por conta da minha TPM, Diogo!

Outra vez eu senti vontade de rir, mas segurei.

— Então diz pra mim o que eu tô banalizando, princesa? — Perguntei paciente.

— A forma como você simplesmente decidiu sozinho algo, que era pra nós dois conversarmos.

— Mas amor, ali eu tava brincando. Claro que não é uma vontade minha, mas se a gente precisasse conversar eu estaria super aberto pra te ouvir, caso quisesse. — Me expliquei.

Eu não conseguiria nem me manter direito lá, quem dirá a minha avó. Até porque eu não sou maluco de deixar ela aqui sozinha!

— Mesmo assim, Diogo. Não gostei do seu tom. — ela deitou de costas pra mim, mas dessa vez não mexeu no celular.

Passei os braços em volta dela, e dessa vez ela não fugiu, mas também não abraçou de volta.

— A gente nem casou ainda, amor. Quer conversar sobre isso? — Perguntei baixinho e ela bufou.

— Não. Esquece isso! — Ela disse simples.

Dei um beijo no pescoço dela e vi se arrepiar.

— Olha pra mim, então!? — Pedi e ela continuou imóvel.

Dei mais alguns beijos no pescoço dela e dessa vez senti suspirar.

— Para, garoto! — Ela me empurrou e virou de frente pra mim. — Chato.

Aos poucos o sorrisinho dela apareceu me fazendo roubar um selinho. Mulher linda!

— Marrentinha!

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