capítulo setenta e sete: vou te esperar

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y͟͟͟͞͞͞a͟͟͟͞͞͞s͟͟͟͞͞͞m͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞n͟͟͟͞͞͞

— Bom, Yasmin. Essa primeira consulta eu gostaria que a gente se conhecesse melhor, ok?

Fernanda Paes, a minha mais nova conselheira. Minha mãe conheceu ela através de algumas palestras que ela ia, e acabou que me apresentou. Disse que talvez seria bom eu quebrar a minha ideia de ir num consultório todo neutro encontrar uma velha irritada, que me pergunta sobre minha vida enquanto escreve incognitamente numa prancheta, e no fim diz ser algo normal da minha idade.

Criei esse estereótipo de psicóloga, já que todas as últimas três que eu passei durante essa conturbação com meu pai foram exatamente assim. E como todas sempre desvalorizavam o meu sentimento colocando a culpa na idade, acabei pegando certo trauma. Mas a Fernanda poderia ser uma esperança pra mim. Ela tinha quase minha idade e trabalhava preferencialmente com adolescentes.

— Claro!

— Bom, se quiser pode me chamar de Fê ou do que você preferir. Acho legal mantermos uma relação mais leve para que nosso trabalho não seja tão forçado. — Ela cruzou as pernas me fazendo ver seu all star branco meio sujo.

— Achei legal, Fê! Normalmente minhas psicólogas são tão sérias que da meio que um medinho. — Admiti arrancando uma risada dela.

— Entendo. Eu trabalho com alguns assim, mas não faz muito meu estilo.

Fernanda deixou a prancheta de lado e me olhou fazendo contato direto.

— Yasmin, vamos começar assim... Me fala três coisas que você gosta e três coisas que odeia!

[...]

A gente não tinha começado nada, mas mesmo assim eu já me sentia tão mais leve e tão bem acolhida!

Sai do consultório e preferi ir almoçar no shopping pra dar mais uma volta nessas horinhas vagas que eu tinha. E eu percebi que fazia muito tempo que eu não saia sozinha. Precisava mais vezes!

Quando deu meu horário eu fui pra lanchonete e o seu Valmir me deu o velho sermão de que eu não precisava ter ido hoje, e eu argumentei o quanto precisávamos ser mais profissionais. Venci!

— Licença? Pode me ver uma coxinha de frango e uma sprite, por favor? — O único cliente na bancada pediu e eu atendi.

— Pra agora ou viagem? — Perguntei com um tom carismático.

— Agora...

Coloquei a coxinha no prato e servi.

— Bom apetite! — Sorri me afastando do balcão.

— Com um sorriso desse não tem como não ser bom.

Eita porra, isso foi cantada ou um elogio simpático?

— Obrigada. — Agradeci de qualquer forma.

Passei lavar a louça acumulada na pia e me sentia sendo observada pelo cara. Revirei os olhos por ver que não de da pra ser simpática com alguém e ela não ver que é só simpatia, e eu não estou querendo ele.

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