capítulo sessenta e nove: forçados

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y͟͟͟͞͞͞a͟͟͟͞͞͞s͟͟͟͞͞͞m͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞n͟͟͟͞͞͞

   Enfim, era hoje o dia da dona Maria e eu já tinha comprado o bolo e pedido algumas comidas pro jantar. Mandei mensagem ontem a noite pro Diogo confirmando que teria algo realmente independente da nossa discussão e ele concordou.

  Eu tava animada. Diogo conseguiu mudar um pouco em mim o ódio por surpresas e começou ser algo mais divertido.

  Minhas mães me ajudavam encher bexigas enquanto o pessoal da comida não chegava. E ficamos ali organizando até dar umas seis horas e eu decidir ir me arrumar.

  Coloquei uma leggin e um moletom azul bebê. São Paulo estava chuvoso e frio. Passei perfume e deixei minhas tranças soltas. Dei um reboco básico na cara antes de descer.

  Conferi se tudo realmente estava pronto.

— Yasmin, relaxa! Tá tudo certo. — Larissa me abraçou por trás.

— Quero que não saia nada errado, Lari. — Falei suspirando.

— E não vai. Só relaxa! Dona Maria vai amar tudo isso. — Larissa começou me guiar pro sofá me fazendo sentar a contra gosto.

— É minha primeira vez fazendo festa surpresa pra alguém. Eu tô nervosa. — Brinquei fazendo minha madrasta semicerrar os  olhos pra mim.

— Nervosa só pela surpresa ou por saber que o Diogo também vai estar aqui? — Ela me desvendou.

  Na verdade eu também tava nervosa pela surpresa, mas não era nem comparado em estar perto dele de novo.

— Não da pra esconder nada, hein!? — Soltei meu corpo no sofá me esparramando por ele.

— Não mesmo! E eu te entendo. O que vocês têm é forte demais. E eu ainda acredito muito que vocês vão conseguir voltar e ser mais forte do que eram.

Sorri fraco querendo mentalizar o mesmo. Mas vendo a situação por dentro, conhecendo o Diogo como eu conheço não era tão simples assim. Eu tava fudida e sentia que não poderia fazer mais nada em relação a nós, apenas deixar fluir.

[...]

— Seu Claudio, pode liberar! — Avisei o porteiro.

Meu coração estava disparado.

— Mãe, abre aqui. Lari você filma pra mim! Vou lá pegar o bolo. — Disse animada passando pra cozinha atrás do principal.

Quando ouvi a campainha tocando acendi as velas e esperei a ouvir a voz da dona Maria. Assim que eu ouvi sai da cozinha com o bolo e todos batiam palmas fazendo a senhora gargalhar de felicidade e surpresa.

Pra minha surpresa ali também tava o seu Valmir, e eu não sabia que eles se conheciam.

— Pra dona Maria nada? — Puxei o coral. — Tudo! Então como que é?

Todos cantavam animados. Me aproximei da senhora fazendo que ela assoprasse as velas.

— Vocês não tem jeito mesmo, né? — Ela riu emocionada. — Não sei nem como agradecer tudo isso.

— Da o primeiro pedaço de bolo pra mim que tá tudo certo. — Brinquei.

  Minha mãe veio logo com uma espátula e um prato pequeno dando pra ela. Dona Maria cortou o bolo de baixo pra cima enquanto sorria de uma forma que aquecia o coração.

— Antes do meu primeiro pedaço eu queria dizer o quanto eu me sinto grata de ter pessoas assim ao meu redor. — Ela olhou cada um de nós. — Todos os meus aniversários há dezenove anos passa apenas eu e o meu Dioguinho, e sempre foi o suficiente pra mim. Mas eu tenho mais que agradecer vocês por me trazerem tanta alegria, tanto amor...

  Não tinha uma pessoa sã ali sem um sorriso estampado na cara.

— A gente te ama, vó. — Diogo abraçou a senhora de lado que começou chorar.

  Senti meus olhos quererem arder e me permiti deixar que eles derramassem lágrimas. Pra dona Maria não existe armadura certa! Qualquer se desmonta com ela.

— Meu primeiro pedaço hoje vai pras duas pessoas que fizeram esse momento acontecer. — Ela voltou dizer limpando as lágrimas. — Diogo, filho. Se você não tivesse conhecido a Yasmin a gente não viveria nada disso. Assim como eu sei que sem você, filha... Eu não estaria vivendo tudo isso também. — Ela alisou minha bochecha. — Você fez tanto pelo meu neto e  por mim. Você merece muito mais do que coisas boas!

  Senti meus olhos arderem de novo. Essa mulher vai me matar do coração.

— Te amo dona Maria, a senhora é a avó que qualquer um implora a Deus! — Deixei o bolo na mão da Lari pra abraçar ela forte.

  Meus olhos pararam no Diogo que estava de braços cruzados com um sorriso pequeno, porém verdadeiro. Ele sabia que o amor entre mim e ela era uma troca linda e única. E isso jamais romperia, mesmo que não um dia a gente não fique junto.

— Então o meu primeiro pedaço vai pra vocês dois. Os intercessores desse momento único!

  Dona Maria puxou o Diogo mais pro lado dela ficando de frente pra mim. Ele sorriu parecendo meio desconfortável.

— Obrigado, vó. A senhora merece o melhor, e no que depender de mim é isso que a senhora vai ter! — Diogo abraçou a senhora que beijou sua testa.

— Verdade, dona Maria. Você merece um mundo inteirinho. — Beijei seu rosto.

— Foto aqui! — Lari chamou nossa atenção.

  Dona Maria estendeu o prato pra nós dois e seguramos juntos. Olhamos pra câmera na mão da Lari, e foi estranho. Eu sentia que estávamos ali forçados. Nem parecíamos conhecidos, quanto mais namorados.

  Vi o sorriso da Lari se desfazer depois de provavelmente sentir o clima entre a gente. Agora eu acho que ela começaria entender mais ou menos que o bagulho era sério.

 

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enchendo linguiça

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