capítulo cinquenta e quatro: eu errei, me desculpa!

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d͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞g͟͟͟͞͞͞o͟͟͟͞͞͞

Acordei sentindo falta da Yasmin na cama. Olhei o horário no celular e ainda tava cedo, mas eu não tava com sono. Ter começado a trabalhar às sete da manhã transformou minha rotina. Levanto cinco e meia da manhã pra correr e vou pra empresa, inegável que a minha rotina mudou. Agora eu tenho qualidade de vida.

Levantei e fui direto pro banheiro tomar um banho pra despertar logo.

Sai do banheiro com a toalha na cintura e vi a Yasmin com uma cara de paisagem sentada na cama. Ela tava tão concentrada que nem me reparou no quarto. Fui perto dela um pouco preocupado e dei um selinho fazendo ela acordar de alguma viagem muito louca.

— Que susto! — Ela falou dando um riso fraco.

— Tá pensando no que? — Sentei de frente pra ela.

Yasmin engoliu em seco desviando o olhar dela pra mim.

Fazem dias que eu reparo ela tensa e pensativa pelos cantos, mas eu achei que era por conta de arrumar um trampo. Até cheguei tentar conversar com ela só que eu vi que o melhor seria ela ir no seu tempo.

— Amor, a gente tem que conversar. Mas você precisa me jurar que vai tentar entender o meu lado. — Ela colocou os olhos por dois segundos em mim.

— Ih, aí tem coisa! — Falei já ficando um pouco preocupada. — Quando foi que eu não tentei ser empático contigo nas nossas conversas?

  Yasmin assentiu. Ela sabe que eu não gosto de brigar por bobeira e nem de não enxergar o lado dela em tudo. Acho que essa empatia que eu tenho por ela e pela nossa relação é o motivo da gente sempre estar de boa.

— Diogo, desculpa... — Vi ela começar ficar tensa. — Não tem um dia que eu não pense nisso e não me sinta culpada.

  Aí eu comecei ficar preocupado. Senti meu coração acelerar por pensar em inúmeras coisas; gravidez e traição ganhavam destaque.

— Não enrola, por favor, se não eu fico pensando o pior. — Pedi vendo ela ficar retraída de novo.

— Calma. — Ela suspirou. — Eu menti pra você.

  Minha respiração deu uma falhada por segundos.

— Sobre o que? — Tentei me manter o mais calmo possível.

— Vou começar do começo!

  Concordei sentando direito na cama pra dar mais atenção pra ela.

  Eu não conseguia não imaginar que não poderia ser traição. E doía demais imaginar a Yasmin com outra pessoa. Era doloroso de pensar que eu não fui o suficiente.

— Lembra quando meu pai foi lá em casa depois de ter terminado com a Caroline? — Concordei lembrando. — Ele me propôs qualquer pedido em troca de paz. Aí você chegou de novo dizendo o quanto estava desgastado... Eu me senti tão impotente de não poder fazer nada. — Yasmin lacrimejou. — Pensei por dias, até ver que poderia fazer alguma coisa por você...

  Cada palavra era um complemento pra eu tentar entender o que ela tava querendo falar. E quando ela me falou sobre o pai dela ter proposto pedido, comigo falando sobre o trabalho só pensei em uma coisa, e como eu queria tá errado.

— Yasmin, meu emprego tem haver com o seu pai, não é!?

  Yasmin se encolheu já me respondendo.

— Desculpa, amor...

  Eu sabia que tinha alguma coisa a ver! Pra mim emprego nunca veio fácil, ainda mais um emprego bom assim.

  Senti algo que eu não gostava de sentir; raiva. E o que me deixava irritado era a mentira da parte da pessoa que eu mais confio nesse mundo. Eu odiava mentiras. Mas não conseguia acreditar que ela mentiria assim, queria que ela tivesse uma desculpa muito foda pra me tirar essa sensação ruim.

— Yasmin... Por quê?

— Eu não queria que você não aceitasse essa oportunidade. Olha só pra você... Pra dona Maria! — Ele me olhou temerosa.

— Eu te perguntei tantas vezes, Yasmin. E o que fode é ver você mentia de uma forma tão natural... Pensar que eu fui um peso tão grande pra você, que precisou sacrificar a sua paz pra me fazer algo que eu poderia fazer por mim.

— Eu faria de novo. Não a parte da mentira. Mas eu faria tudo que estivesse ao meu alcance sim pra te fazer bem. — A voz dela diferente das outras vezes ficou mais firme.

— Yasmin...

— Fala que você não faria o mesmo por mim?

  Não tinha como negar que eu daria tudo que eu tenho pra ajudar a Yasmin no que ela precisasse. Mas eu jamais iria fazer algo que ela não me autorizasse. Ela foi invasiva, não respeitou minha vontade.

— Aí que tá, eu faria o que eu pudesse pra te fazer feliz, mas nunca na vida eu vou passar por cima de uma decisão tua. — Vi ela murchar. — Acima de um casal nós somos duas pessoas diferentes, com opniões e vontades diferentes. Eu jamais mentiria pra você, jamais faria o contrário do que você decide.

  Era invasivo demais ela tomar uma decisão por mim. Querer achar que algo é melhor pra mim sem nem ao menos me perguntar o que eu acho.

— Tá, você tá certo. Eu errei, me desculpa!

  Suspirei passando a mão pelo cabelo nome vendo num beco sem saída. Eu sempre repudiei. Dizia e digo o quanto uma mínima mentira não pode tirar tudo de casal. Mas eu amava essa garota demais pra não querer entender ela.

— Yasmin, eu te amo. Só que eu preciso de um tempo pra saber o que eu vou fazer sobre isso. — Falei sincero.

— Vai terminar comigo? — Os olhos dela marejaram ao ponto de uma lágrima escorrer. Caralho, isso doeu.

— O que me garante que você não vai mentir sobre outras coisas?

— Eu garanto! Juro que eu nunca mais minto pra você ou seja invasiva desse jeito. Só, por favor, leva em consideração a minha intenção. — Ela deixou as outras lágrimas descerem com facilidade.

— E tô e vou levar, porque Yasmin... Eu te amo! Não quero que a gente termine assim, por mentira. A gente é bem mais que isso. Mas isso é um bagulho que me fode, não da pra levar de boa.

  Yasmin concordou limpando as lágrimas.

— Eu também te amo, e se é de um espaço que você precisa... Tudo bem! Só por favor, não toma nenhuma atitude precipitada. Tanto sobre mim quanto pelo emprego.

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