Um Par Dividido Em Dois

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Voltei!!! E antes de começarmos a leitura, tem uma música que me inspirou muito a escrever esse capítulo e achei interessante compartilhar com vocês.

Pride - Syntax


Wanda Maximoff

Depois que toda a gritaria passou, a casa era tão silenciosa que chegava a incomodar. Yelena estava jogando algumas coisas dentro das malas que se encontravam abertas sobre sua cama e Natasha estava em algum lugar com Steve. Ela provavelmente preferiria estar sozinha agora, mas de alguma forma estranha ele consegue fazer com que ela o escute e a obriga a colocar seus sentimentos pra fora.

Lembrei da época em que eu seria essa pessoa, de quando Natasha e eu conversávamos por incontáveis horas sem nem mesmo perceber o tempo passando. Em alguns dias, mesmo do jeito durão dela, conversávamos sobre sua vida na Rússia e como ela conseguiu fugir de tudo que sofreu. Natasha nunca foi gráfica sobre sua história, é claro. Os detalhes nunca eram demais, mas ainda assim ela falaria e choraria algumas vezes. Deixando claro o quanto aqueles anos foram dolorosos para ela.

Parando pra pensar agora, não consigo lembrar a última vez que tivemos uma conversa assim. Em minha mente não há uma lembrança recente de sorrisos bobos entre conversas despretensiosas ou desabafos pesados e cheios de confissões. Parecia uma outra vida com outras pessoas nela. Honestamente eu não sei porque demorou tanto para que ela pedisse o divórcio.

- Wanda? -Steve chamou entrando na sala. - Precisamos ir agora. Nat já está esperando você no carro.

- Acompanho você. -demos alguns passos apenas antes que ele parasse e me encarasse.

- Sinto muito que tudo tenha ficado tão confuso. -eu sabia que ele sentia, Steve era um bom amigo, não só para Natasha, mas para mim também.

- Vai ficar tudo bem, Steve. -o tranquilizei, a esse ponto eu não tinha certeza se realmente ficaria, mas o mínimo que eu poderia fazer era tentar ser positiva. - Cuide dela, certo? Apesar de tudo, Natasha merece todas as melhores coisas dessa vida.

Eu sabia que ele queria falar, sua expressão deixava claro isso, mas não dei espaço para essa conversa. Não teria nenhum ponto em vê-lo tentar mudar algo que já estava resolvido.

Caminhamos em silêncio e quando entrei no carro, ele voltou para ajudar Yelena com as malas. Natasha me encarou por alguns segundos, seus olhos levemente avermelhados. Estávamos lado a lado e nossas mãos se tocavam levemente pela proximidade dos corpos, mas nenhuma de nós tomou iniciativa de algo mais.

Yelena entrou no carro no banco do passageiro ao lado de Steve e assim seguimos viagem. O clima pesado dentro do veículo era quase sufocante e eu só desejava que aquele percurso terminasse o mais rápido possível. O processo embarque no aeroporto foi ágil e logo estávamos voando de volta pra casa. Natasha não sentou na poltrona ao meu lado e ela estava longe da minha vista nesse momento. Eu tinha quase certeza que ela estava sozinha sentada mais ao fundo, buscando um pouco de privacidade ainda que o avião fosse pequeno em seu interior.

Olhei ao redor, esgotada emocionalmente, mas sem conseguir dormir. Steve cochilava com sua jaqueta marrom de couro apoiada em sua cabeça e Yelena fungava baixinho duas poltronas a frente de mim. Decidi que conversar com a minha ex cunhada talvez ajudasse a nós duas.

- Tudo bem chorar, sabe? Não é fácil deixar uma vida inteira para trás. -falei quando me aproximei e a vi limpando as lágrimas do rosto rapidamente.

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