Com Você

1.7K 193 169
                                    

WANDA MAXIMOFF

2 ANOS E SETE MESES ATRÁS

Era uma noite calma no bar, apenas alguns clientes costumeiros aqui e ali. Natasha estava em sua mesa ao fundo, sua dose de vodca repousando ao seu lado enquanto ela observava o ambiente. Foi agradável vê-la de volta após seu breve sumiço. Quando ela saiu da calçada do meu apartamento há quase um mês atrás, percebi que realmente estava com saudade de tê-la por perto. Agora que ela estava definitivamente de volta, nossas conversas eram o ponto alto do meu dia, me distanciavam um pouco da realidade e adormecia o peito já tão machucado.

Entretanto, nessa noite, Victor também havia tomado seu lugar de costume no balcão à minha frente, puxando um assunto aleatório vez ou outra quando eu lhe servia cervejas de sabores variados. Ele era um homem engraçado, sua timidez era fofa e era um péssimo flertador. Não tínhamos nos visto depois da noite que dormimos juntos e, de certa forma, eu estava aliviada por isso. Agora que Natasha estava ali, existia esse estranho incômodo dentro de mim com toda aquela situação.

- Wanda, não sei se quero mais cerveja! -Victor disse quando me aproximei do balcão, depois de entregar algumas bebidas no salão. - Me sinto cheio.

- Se sente cheio porque já bebeu demais. -puxei a garrafa que estava em sua mão e coloquei sobre o balcão. - Sem mais álcool pra você essa noite, Vic.

- Se eu parar de beber agora, você irá me acompanhar no fim da noite? -ele disse sorridente e colocou sua mão sobre a minha.

Em automático desviei meus olhos para o fundo do bar e Natasha nos encarava quase em obsessão, aquele incômodo que eu sequer conseguia explicar estava de volta com força total, me fazendo tirar a mão debaixo da de Victor com um sorriso amarelo.

- Vic, estou no meu trabalho. -o repreendi, ainda que meu desconforto não tivesse nada a ver com isso.

Ele não insistiu, as coisas entre nós não tinha passado de flertes incoerentes até a outra noite, mas não era nada que eu quisesse seguir em frente, o que acredito que fosse o mesmo para ele também. Talvez, com Natasha longe e minha mente precisando de uma distração aquilo funcionasse, mas agora era uma outra história.

Quando avistei o copo da ruiva vazio, tratei de levar outra dose de vodca, sabendo que ela não gostava de ficar muito tempo sem algo para beber, mas sua mão erguida em minha frente me disse que ela não tomaria outra bebida.

- Acho que encerrarei a noite por aqui. -sua voz era calma e seus olhos estavam muito concentrados no dedo que passeava pela borda do copo.

- Foi um dia muito cheio na vida da minha milionária favorita? -tentei puxar algum assunto que justificasse me deixar mais alguns momentos ali.

- Honestamente eu estava deixando o tempo passar apenas para levá-la em casa no fim da noite, mas talvez você já tenha alguma companhia para isso.

Eu não conseguia decifrar a mensagem em seu tom de voz, soava quase como uma chateação ou até mesmo ciúme, mas tentei dispersar rapidamente esses sentimentos da minha mente. Era claro que Natasha e eu flertávamos abertamente muitas vezes, ainda que nossa amizade fosse o que realmente nos prendia. Mas se Natasha estivesse com ciúmes, isso significava a presença de sentimento e eu não consigo me decidir como me sinto sobre isso.

Lidar com densidade de sentimentos nesse momento era algo que eu não sabia se conseguiria, ainda que estivesse claro que aquela mulher à minha frente despertava coisas em mim que estavam longe de apenas flertes casuais. A verdade é que eu não tinha pressa para ir a fundo em nada disso, talvez o caminho mais longo fosse mais seguro e até mesmo prazeroso e, até esse ponto, havia esse acordo mútuo em que levaríamos as coisas assim. Ciúme mudaria um pouco essa dinâmica.

Misery Loves CompanyKde žijí příběhy. Začni objevovat