Nova Realidade

1.5K 185 88
                                    




WANDA MAXIMOFF

2 ANOS E 7 MESES ATRÁS

Eu encarava o pequeno bastão de plástico como se fosse uma bomba prestes a explodir. Até aquele momento, a possibilidade de uma gravidez sequer havia passado pela minha cabeça, mas agora parecia tão real que eu não arriscaria pensar que daria negativo. O banheiro parecia sufocante a esse ponto, então abri a porta para encontrar uma Natasha ainda estática na mesma posição que eu a havia deixado.

-Preciso que você faça isso por mim. –supliquei em desconforto. – Eu não consigo, Nat.

Ela me encarou por alguns segundos, sua expressão tão dura que era difícil lê-la, sem dizer nada ela apenas caminhou para dentro do banheiro, pegando o teste em suas mãos e observando atentamente. Em minha confusão mental, era difícil dizer se o tempo necessário já havia passado, mas quando a ruiva à minha frente jogou o pequeno objeto no lixo, eu sabia que a hora da verdade havia chegado.

-Vamos, você  precisa tomar um banho e descansar. –ela agarrou minha mão e começou a me levar em direção ao quarto com uma tranquilidade quase assustadora.

-Não, eu não quero descansar. –parei bruscamente antes que pudéssemos dar outro passo. –O que dizia o teste, Natasha?

-Você precisa mesmo que eu diga em voz alta? –ela me encarou com olhos perfurantes, mas ao mesmo tempo solidários.

Parecia que meu mundo iria desabar naquele exato segundo, a única coisa que ainda me segurava de pé era o aperto firme de Natasha em mim, respirar pareceu a tarefa mais difícil desse mundo e não demorou muito para que eu entendesse que estava tendo um ataque de pânico. Eu sabia que estava chorando porque era possível sentir a umidade em meu rosto, mas não era como se eu conseguisse realmente perceber alguma coisa ao meu redor.

Meus ouvidos zumbiam, o que também abafava a voz de Natasha, não me deixando compreender o que ela dizia ao meu lado e uma sensação de dormência e formigamento percorreu todo meu corpo. Fechei os olhos por alguns instantes, tentando controlar meus batimentos cardíacos extremamente acelerados e me concentrando em respirar para aliviar a desesperadora sensação de sufocamento.

Meus pés foram varridos do chão e eu achei que estava caindo novamente, mas só então percebi que Natasha estava me carregando até o quarto, depositando meu corpo sobre a cama com bastante cuidado, saindo dali rapidamente e voltando logo em seguida com um copo de água.

- Beba isso, por favor. –ela disse suavemente, se inclinando para tirar alguns fios de cabelo que caiam pelo meu rosto. –Você precisa se acalmar agora mesmo.

-Como eu pude ser tão burra, Nat? –o choro era copioso e as lágrimas deixavam meu rosto uma bagunça. –Eu estraguei tudo.

-Não pense nisso agora, certo? –seu tom ainda era suave, mas despido de qualquer emoção. –Apenas se acalme, tudo isso pode não ser bom para você e o...bebê.

Só a menção da palavra fez uma nova onda de desespero me arrebatar com tanta força que doía fisicamente. Ela retirou o copo da minha mão e me deixou chorar, ainda inclinada ao meu lado, sua mão deixando uma leve carícia em meus cabelos. Os sons dos meus soluços preenchiam o quarto e sempre que eu achava que iria conseguir parar de chorar, tudo começava novamente.

Aos poucos meu peito foi se acalmando, oxigênio finalmente entrando com um pouco mais de facilidade, minha mente ainda em um completo caos. Meus olhos buscavam na mulher ao meu lado qualquer sinal de emoção, mas seu rosto era uma folha em branco, ainda que seus olhos estivessem em mim o tempo todo.

-É do cara do bar? –ela indagou depois de alguns minutos naquele silêncio incômodo e eu simplesmente acenei, incapaz de dizer algo além disso. –Certo.

Misery Loves CompanyWhere stories live. Discover now