Se Você Me Ama, Por Que Me Deixaria Ir?

1.6K 202 133
                                    

NATASHA ROMANOFF

6 MESES E MEIO ATRÁS...

Tinha sido uma longa noite de sono, ou talvez de ausência dele. Encarei o teto do meu quarto, como vinha fazendo nos últimos minutos e soltei um longo suspiro. Todas as manhãs eu fazia isso para evitar a realidade.

Mas hoje não.

Olhei para o lado, deixando meus olhos percorrerem sobre a mulher que dormia pacificamente ao meu lado. Sei que não foi uma noite fácil para ela também, senti sua inquietação durante toda a madrugada.

Diversas vezes eu quis perguntar se ela estava tendo pesadelos, diversas vezes pensei em apenas fechar a distância entre nós e puxar seu corpo para o meu, para protegê-la, para mostrar que ela não estava sozinha.

Obviamente não o fiz.

Embora eu tenha permanecido parada, ao longo da madrugada ela se aproximou, seu corpo relaxando quase instantaneamente quando encostou no meu. Fiquei ali imóvel por um longe tempo, não sabendo como lidar com aquela aproximação inconsciente.

Sendo traída por minhas próprias vontades, ergui a mão e toquei em seu cabelo, afastando um pouco algumas mexas que caiam sobre seu rosto, agora sobre meu peito, e colocando detrás de sua orelha. Minha mão pareceu tomar vida própria e, antes que eu pudesse me dar conta, estava acariciando o local, um sentimento estranho de contentamento tomando conta de mim.

Não durou muito tempo, no entanto. Seus olhos se abriram e se fixaram em mim, uma mistura de choque e incredulidade atravessando seu rosto enquanto ela se afastava tão bruscamente que me preocupei que caísse da cama.

Parecia que meu toque a queimava. A urgência em colocar uma distância entre nós se sobrepondo a qualquer outro sentimento.

Nenhuma palavra foi dita, Wanda fechou os olhos novamente e, embora sua respiração estivesse pesada, ela se manteve quieta. Olhei ao redor, tentando dizer a mim mesma que não significava nada, que era só mais uma das tantas situações as quais vínhamos vivendo desde que tudo aconteceu. Mas não importa o quanto eu tentasse mentir para mim mesma, a verdade é que doía, doía sempre de uma forma e diferente e cada vez mais profunda.

Levantei tentando fazer o mínimo de barulho, apesar de tudo eu ainda queria que ela conseguisse descansar. Antes de sair, deixei meus olhos percorrerem sobre ela mais uma vez, deixando a dor entrar porque só assim eu teria a coragem necessária para fazer o que vinha adiando por muito tempo.

Quando cheguei à minha sala,  a coragem começou a falhar. Abri a gaveta tão conhecida por mim e encarei os papéis que repousavam ali. Sorri ironicamente para minha mente idiota que, apesar de tudo, gritava lá no fundo que aquilo não era certo.

Mas eu sabia que era, sabia que se não tomasse a iniciativa, ela jamais tomaria. Wanda queria estar o mais distante possível de mim, então, mais uma vez, eu faria o que ela desejava.

- Candice, preciso que encontre um horário vago na minha agenda, desmarque alguns  compromissos se for necessário. -falei ao telefone depois de discar o seu ramal. - Ligue para a minha mulher e peça para que ela venha até aqui. É inadiável!

A minha decisão tinha sido finalmente tomada.

DIAS ATUAIS...

- Yelena! -gritei quando avistei a minha garrafa favorita de vodca vazia no meu bar particular. - Eu juro que vou matar você!

Era domingo à noite e meu corpo ainda estava completamente cansado da festa há dois dias atrás. Tudo o que eu queria era um pouco de álcool de qualidade no meu sistema para me acalmar, mas agora eu não poderia fazer isso porque minha irmã idiota havia resolvido encher a cara.

Misery Loves CompanyOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz