Reconstruindo

1.8K 222 245
                                    

NATASHA ROMANOFF

Yelena tinha o olhar preso em mim enquanto Maria e eu conversávamos no hall de entrada da Companhia Romanoff. Ela balançava a cabeça vez ou outra e revirava os olhos, me fazendo ter que segurar o riso.

- Almoço hoje? -Maria questionou com um sorriso sugestivo nos lábios.

- Tenho outros planos. -menti, porque na verdade eu provavelmente nem sequer almoçaria. - Mas obrigada pelo convite.

- Uma mulher pode continuar tentando. -ela piscou e com isso foi embora.

Com Maria tendo se afastado, Yelena finalmente se aproximou de mim e começamos a caminhar juntas em direção à minha sala.

- Que mulherzinha insistente! -minha irmã disse quando entramos. - Ela não já conseguiu o que queria?

- Isso não é assunto seu, Yelena. -cortei não porque queria ser rude, mas porque não estava afim de lidar com isso agora.

Ela se calou por um momento, sentou na cadeira vazia em frente à minha mesa. Eu sabia que ela estava ansiosa para falar algo, suas mãos remexiam em seu colo e seu olhar estava dançando por toda a sala sem um ponto fixo.

- Fale logo antes que você exploda, por favor. -dei o passe livre. - Só assim eu vou poder trabalhar em paz.

- Wanda disse que tem tentado falar com você e você não tem retornado nenhuma das suas ligações ou mensagens....-era claro que ela traria aquele assunto à tona.

- Yelena, por favor. Não é o momento. -ela bufou com minhas palavras, me deixando saber que aquilo era apenas o começo dessa conversa.

- Quando vai ser o momento, Nat? Você não pode ficar se escondendo do que sente dessa forma, Wanda está tentando e eu sei que você não é indiferente a isso. O que é que está te impedindo? Porque certamente não é Maria, já que você continua recusando todas as investidas, mesmo que ela não consiga entender isso.

- Não estou me escondendo, Yelena. -respondi sem paciência.

- E o que está fazendo então? Porque tudo o que consigo ver daqui, é você fugindo do que sente, pare de ter medo! -ela recriminou.

- Parar de ter medo? -sorri com ironia. - Você não sabe de nada do que passei, você não estava aqui. Os últimos dois anos da minha vida foram um completo inferno e eu perdi, sem nem sequer ter a chance de realmente aproveitar, todas as coisas que eram importantes para mim. Eu vi a mulher que eu amava se trancar dentro de si e me deixar completamente para fora. Eu vi o seu olhar de desprezo dia após dia, tive que lidar com tudo enquanto meu coração ainda estava de luto e eu não tinha ninguém em quem me apoiar. Então, sinto muito se você acha que eu não tenho permissão para sentir medo, mas é assim que me sinto. Com medo, aterrorizada para ser sincera, porque se eu me abrir para ela novamente e perde-la mais uma vez, eu... não é uma opção. Simplesmente não é!

Sabia que havia me exaltado e tentei respirar fundo e conter a enxurrada de palavras que queriam sair. Yelena me olhava com simpatia agora, como se soubesse que havia forçado a barra e isso nos deixou em um silêncio desconfortável.

- Sinto muito, Nat. -ela falou, parecendo culpada. - Wanda me contou um pouco sobre o que aconteceu entre vocês e eu realmente sinto muito. Queria ter estado aqui para você, pra ser o ponto de apoio que precisava.

- Tudo bem, Yelena. -cortei o assunto, não querendo lidar com emoções tão pesadas nesse momento. - É passado.

- Não está tudo bem e você tem todo direito de se sentir assim. Eu não quis invalidar isso, só estou tentando mostrar que o que vocês duas sentem merece uma segunda chance. -Yelena segurou minhas duas mãos entre as suas. - Você merece ser feliz e eu sei que Wanda pode fazê-la se sentir assim.

Misery Loves CompanyWhere stories live. Discover now