Nova Vida

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WANDA MAXIMOFF

Era mais um dia solitário, sei disso porque é como os dias tem sido no último mês. Não que fosse muito diferente antes, mas agora é um tipo totalmente novo de solidão. Encarei a parede creme do meu novo quarto, no meu novo apartamento. Cada coisa aqui tinha sido feita e planejada para que eu gostasse, eu podia dizer isso pela forma que os móveis haviam sido colocados, pelas peças de decoração, até a planta do apartamento dizia isso. Tudo meticulosamente planejado por Natasha para que eu me sentisse bem e segura. O caso é que quando eu estava aqui, tudo que conseguia sentir era vazio.

Eu sentia falta até das pequenas coisas, dos ruídos que ela fazia quando chegava em casa tarde e tentava não fazer barulho achando que eu já havia adormecido, do calor reconfortante que a presença do seu corpo fazia no outro lado da cama, ainda que nunca nos tocássemos realmente. Até os silêncios intermináveis faziam falta agora nesse lugar estranho e solitário.

Não se parecia como casa para mim, nem mesmo perto disso. Demorou algumas semanas para que eu percebesse que nunca seria um lar onde ela não estivesse, essa percepção me atingiu em cheio, porque foi o momento que aceitei que as coisas não iriam melhorar. Eu tinha destruído o que costumávamos ter, tinha empurrado Natasha tão fundo que não tínhamos mais conserto. Era uma realidade dura de aceitar.

Meu celular vibrou sobre a mesinha ao lado da cama, me deixando saber que a nova vida estava pronta para me maltratar.

-Reunião de conselho as 10h. Por favor, não se atrase, Natasha odeia. -a garota falou do outro lado da linha.

-Bom dia pra você também. -ironizei. -Estarei lá na hora certa, não se preocupe.

-Você sabe como a sua ex pode ser difícil. Só estou me poupando. -ela riu e desligou a ligação em seguida.

Ótimo! Bufei para mim mesma. Era claro que Darcy poderia ir e resolver tudo por mim, afinal eu nunca me interessei em ser uma empresária dona de qualquer ação de qualquer coisa, mas ficar em casa olhando para o teto não me parecia uma boa opção. Por isso abracei a ideia e Darcy tem me ajudado a entender um pouco melhor todo esse mundo novo para mim.

A garota havia se tornado quase uma amiga. Ela me ajudava com empolgação, sua pouca idade não influenciando em nada sua competência. Era agradável tê-la por perto, ainda que de uma maneira muito profissional.

Aproveitando que já estava com o aparelho em mãos, rolei um pouco as conversas para responder Yelena. Nossas interações quase sempre me faziam sorrir e estávamos construindo uma boa relação de amizade.

Saí com bastante tempo, queria tomar um bom café na rua antes de ter que enfrentar o dia de hoje. Caminhei alguns metros pela calçada lotada, mas sentindo uma presença incômoda atrás de mim. Olhei pra trás e tudo parecia normal, exceto esse homem de cabelos um pouco compridos, caindo sobre os olhos, jaqueta de couro, boné preto. Tinha quase certeza que já tinha visto esse mesmo homem algumas outras vezes e aquilo me deixou em alerta.

Resolvi ignorar todos meus instintos e entrei na cafeteria no fim da rua. Enquanto estava na fila para fazer o meu pedido notei o tal homem estranho entrando e sentando em uma mesa mais afastada. Às vezes ele me encarava disfarçadamente, parecendo despreocupado ali, peguei meu pedido e saí, sabendo que ele sairia logo em seguida também.

Eu tinha certeza do que aquilo se tratava.

~* ~ ~*~

-Wanda você chegou bem mais cedo. -Darcy se aproximou quando eu adentrei a Companhia Romanoff. -Vim resolver algumas pendências antes de iniciarmos a reunião. Você precisa de alguma coisa?

Misery Loves CompanyWhere stories live. Discover now