Se Você Me Ama, Não Vai Me Deixar Saber?

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WANDA MAXIMOFF

1 ANO ATRÁS...

Os barulhos que Natasha fazia ao redor da mansão eram tão mínimos que, algumas vezes, eu me perguntava se ela estava aqui realmente. Há dias não tínhamos uma conversa propriamente dita, ela sempre trabalhava até o mais tarde possível e então entrava sorrateiramente depois de ter tomado um banho no quarto ao lado, deitando em nossa cama. Sempre em silêncio.

No dia seguinte ela iria embora antes que eu pudesse acordar, repetindo a mesma rotina. Aos fins de semana ela não podia fazer isso, então se trancava por horas intermináveis em seu escritório. Hoje era sábado e, como eu disse, há dias não tínhamos uma conversa real, mas eu sabia que de certa forma isso era o melhor.

Por um momento perguntei a mim mesma o que estávamos fazendo, não é como se esse casamento tivesse alguma chance e, embora eu soubesse que eu havia o afundado, Natasha não estava fazendo nada para salvá-lo também.

O que ainda nos prendia?

- Wanda? -ela me puxou de volta para realidade, aparecendo em minha frente. - Chamei você algumas vezes, mas você não me ouvia.

- Desculpe, eu estava distraída. -era engraçado como agora nos tratávamos de forma tão cordial, como se fôssemos realmente duas estranhas.

- Há um congresso para investidores na semana que vem, serão três dias. No Canadá. -suas mãos estavam nos bolsos da frente de sua calça e ela parecia sem jeito. - Eu meio que esqueci de avisá-la antes.

Dei de ombros sem dar muita importância, não era como se Natasha fosse uma grande companhia ao longo do dia, ela viajando pelo menos não deixaria tão claro que está evitando todo e qualquer contato comigo.

- Certo. Faça uma boa viagem? -respondi mais como uma pergunta, não sabendo porque ela havia decidido me informar sobre a sua vida de uma hora pra outra.

- Serão três dias fora, Wanda. -ela pausou por um momento. - Três dias sem dormir em casa.

Só então a realização bateu à minha porta. Natasha sabia que eu tinha sérios problemas para dormir, sabia que dormir sozinha havia se tornado impossível para mim. Na verdade, ela sabia de todas as minhas fraquezas. Apesar de tudo, aquela mulher ainda me conhecia como ninguém. E eu odiava ser tão dependente dela assim.

- Você não tem que se preocupar com o meu sono, Natasha. -minha voz saiu mais ríspida do que eu realmente queria e vi sua postura mudar.

- Talvez eu realmente não devesse. -devolveu no mesmo tom.

- Sim, até porque três dias foras não farão diferença, visto que você é praticamente uma visitante nesta casa. -levantei do sofá onde estava sentada, não querendo iniciar uma discussão. Sairia dali para colocar uma distância muito necessária entre nós.

- Como se você fizesse questão de que eu esteja por perto. -ela rebateu antes que eu pudesse sair completamente e então parei.

- Talvez eu faria se você lembrasse que tem uma casa para voltar. -enfrentei seu olhar, vendo-o queimar em mim.

- Talvez eu voltasse se houvesse um motivo para isso.


DIAS ATUAIS...

A encarei de longe, ela caminhava graciosamente pelo evento, cumprimentando pessoas e sorrindo para todos que passavam por ela. Eu poderia dizer que a maioria daqueles sorrisos eram falsos, mas ainda assim deslumbrava a todos. Natasha sempre foi melhor que eu no traquejo social, sempre impactando os que a rodeavam.

Misery Loves CompanyWhere stories live. Discover now