Capítulo 20: Peças

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    Tinha tanta coisa passando na minha cabeça que jurava que ia ficar louco, eu realmente fiz aquilo? Ou era invenção da minha cabeça? Mas se for, de quem é aquela mão enterrada no nosso quintal? É realmente de Felipe?
Fui sair do meu quarto, mas assim que fui sair, Anna estava na porta encarando pelo canto, fui perguntar pra ela o que ela estava fazendo, mas foi aíque vi suas pupilas, eram iguais a de um gato.
- O que foi?
Disse Anna.
- Nada, apenas estou vendo algumas atividades da escola.
- Então está tudo bem?
- Sim, por que não estaria?
Anna abre um pequeno sorriso em seu rosto.
- Lucas, você está estranho.
Fico nervoso e minha voz falha por um momento.
- Por que?
- Você está nervoso?
- Não.
Gaguejo.
- Você está querendo saber quem matou Felipe, não é?
- Você sabe, não é?
Ela olha pra mim segurando o riso.
- Mas você também sabe.
- Eu? Eu não sei de nada.
- Você mente.
- Eu não tô mentindo.
- Se você não sabe, então como soube que aquela mão estava enterrada no quintal?
Meus olhos começam a se arregalar.
Esse demônio sabe, provavelmente ele teve controle sobre mim, igual o que ele está fazendo com Anna agora, e matou Felipe. Eu com certeza não fiz isso.
- Confesse.
- VOLTA PRO INFERNO!
- Confesse.
Fecho a porta, e continuo escutando Anna falando do outro lado da porta, sua voz está aumentando de tonalidade.
- Confesse, Confesse, CONFESSE!
Coloco minhas mãos nos ouvidos, até aquilo parar.
Anna parou de falar, mas depois voltou, mas desta vez foi para perguntar se eu estava bem, era ela de verdade. Não sabia mais o que fazer, todo caminho que tomo, parece que sempre chego no mesmo lugar.
Alguns dias se passaram, algumas coisas aconteceram comigo, mas anda especial. Ontem, Rose veio com uma ideia de fazer uma Cápsula do tempo.
Uma cápsula do tempo é basicamente você pegar uma caixa, e colocar algumas coisas dentro dela, como forma de lembrança, e depois enterrar, e abrir depois de muito tempo. Aceitamos a ideia, mas não tinha nada para enterrar, e não estávamos todos juntos, Marcos não sabíamos onde, provavelmente com a namorada dele. Só estava Eu, Julia e Rose. Mas depois de tudo que aconteceu com a gente, decidimos uma vez, nos divertir juntos. Rose pegou uma caixa e enchemos de coisas aleatórias. Julia colocou 2 reais, disse ela que no futuro, talvez aquilo podia valer muito dinheiro. Rose colocou uma foto dela, e uma boneca que ela tinha feito, eu coloquei um álbum de figurinhas que eu tinha. Rose fez a gente escrever uma frase em uma folha, para depois no futuro a gente ler. Fizemos isso, e depois o enterramos do lado de uma árvore bem grande que tinha perto da minha casa.
Passamos alguns dias sem nos falarmos, mas depois isso mudou, depois que acharam uma camiseta na mata enterrada, e todos acharam que era de Felipe, mas parece que a Polícia não fez nada a respeito. Também soube que a mãe de Felipe, Sandra, ficou louca. Algumas pessoas iam visitar ela, para ver como ela estava, e encontraram ela com um boneco, falando que ele era seu filho. A população estava culpando a Polícia, pois eles encerraram as buscas pelo filho dela, e deram ele como morto. Nenhum sinal dele apareceu, apenas as digitais aparecendo em cenas de crime, e também não sabemos como isso é possível.
Sr.Oliver também não conseguiu achar o culpado dos assassinatos. Todo mundo estava muito triste, o clima do dia também não estava muito bom.
Hoje fui falar com Julia e Rose sobre o desenho no caderno, mas Julia não estava em casa, então fui para a de Rose, mas ela também não estava.
- Rose saiu para ir no mercado, ela já volta.
Disse Sr.Oliver.
- Então tá bom.
- Gostaria de esperar ela?
- Tudo bem.
Não entrei na casa por achar um pouco de incômodo, então fiquei na calçada, mas começou a chover, então fui obrigado a entrar.
Sr.Oliver estava fazendo uns sanduíches, estava na mesa apenas o encarando, então resolvi falar alguma coisa.
- Sr.Oliver, sobre a camiseta que encontraram na mata...
- Não é dele.
Ele me corta no meio da fala, como se já soubesse o que eu ia falar.
- É verdade que vocês pararam as investigações?
Ele evita olhar em meus olhos.
- Sim.
- Por que?
- Esse caso não tinha solução, Lucas.
Meus olhos começam a se encher de lágrimas, mas sinto raiva.
- Não viram se tinha digital dele na camisa?
- Não foi preciso.
- Por que não foi preciso?
- A camiseta de Felipe era azul no dia que desapareceu, ela era vermelha.
Sr.Oliver solta um olhar como se tivesse falado algo sem querer.
Arregalo os olhos, e decido ir no banheiro, a casa dele tinha dois andares, e era bem espaçosa. Enquanto subia as escadas, eu pensei:
- Como Sr.Oliver sabia que a camiseta de Felipe no dia do desaparecimento era azul? Ele não viu ele no dia que desapareceu.

Continua...

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