Capítulo 24: A conversa

4.5K 376 108
                                    

    Não sabia o que fazer, essa coisa realmente ia me falar tudo? Mas em troca de que? Essa coisa me atormenta esse tempo todo e agora do nada ele decide me contar tudo. Obviamente não quero confiar.
Fechei o caderno e fiquei pensando, eu tava sozinho nessa escolha, eu não podia falar com ninguém sobre isso. Com certeza me chamariam de louco. Tomei um banho e fui dormir, e acabei sonhando de novo.
Nesse sonho eu estava no meio do nada, tinha um cara de terno segurando uma vela na minha frente.
- Lucas....
Diz ele com uma voz rouca.
- Quem é você!?
Minha voz gagueja enquanto tento processar a situação.
- Você quer saber...não é?
- Eu?
- Sim.
- Eu não quero saber de Nada, vai embora.
- Você quer saber.
Ele começa a rir de mim.
Olho em minha volta, e vejo várias pessoas, não reconheço nenhuma, mas elas começaram a rir, todas elas, eram gargalhadas perturbadoras. Então eu acordei. Estava no meio da noite.
- Eu não acredito que vou fazer essa merda.
Eu pego o caderno e abro ele, parece que enquanto eu estava tendo aquele pesadelo, aquilo escreveu no caderno.
"Olha na janela, e leve o caderno". Era isso que estava escrito. Lentamente eu abro a janela e não vejo nada, até que percebo dois olhos brilhantes na boca da mata.
Engulo seco e saiu da casa lentamente pra ninguém me ver, assim que  eu estou fora, vejo quem era que estava na mata me esperando. Era o gato. Seus olhos estavam brilhando como fogo, e me olhava fixamente. Começo a ficar nervoso, e pasmo seriamente em desistir e voltar, Mas o gato apenas virou as costas pra mim e entrou pra mata ligo em seguida. Não sei o que era pra fazer, apenas acompanhei o gato pela mata, mas toda hora fazia o sinal da Cruz em mim.
Passou um tempinho caminhando sem rumo, apenas acompanhando o gato, já estava desistindo, mas o gato parou. Paramos em uma clareira que estava apenas sendo iluminada pela luz da Lua. O gato se virou e me encarou de novo com seus olhos de fogo.
Não sabia o que fazer, só estava parado, mas foi aí que escutei passos, estava atrás de mim. Olhei rapidamente com o coração acelerado. Seja lá o que estava tentando se esconder, parou de andar assim que virei, então percebi o quão idiota eu sou, era óbvio que essa coisa não ia me contra a verdade, só estava me atraindo.
- Feche os olhos.
Escuto uma voz masculina falando.
- Quem tá aí!?
Estava tão assustado que quase desmaiei.
- Feche os olhos ou então irá morrer.
Aquelas palavras me fez congelar, sem escolha, fechei meus olhos.
Não demorou muito pra eu escutar cavalgadas a distância. Minha respiração começa a falhar, estava muito assustado. Então escutei um assobio. Alguns minutos depois, as cavalgadas já estava na clareira comigo, e parou bem na minha frente. Como eu estava de olhos fechados, não sabia o que estava na minha frente, ou melhor, quem?
Apenas sentia uma respiração quente batendo no meu rosto. Um silêncio assustador se formou, apenas escutava os bichos da noite. Prendo a respiração e falo:
- Quem tá aí?
Escuto uma risada bem baixa na minha frente, e logo em seguida escuto:
- Eu sou o Diabo.
Disse aquela voz.

Nessa hora, quase caí pra trás, os bichos da noite, todos se calaram.
- Diabo!?
- O que você saber, Lucas?
Disse aquela voz segurando o riso.
Novamente, Meu nervosismo me atacou, tentei ser o mais rápido possível, pois já não queria estar ali.
- O que Miguel Sousa fez?
Escuto um silêncio depois da pergunta.
- Miguel Sousa, a pessoa mais coração podre que eu já conheci.
Ele continua. - O cara que matou a própria mulher e o filho a tiros, que matou seus amigos, e depois, teve sua alma tomada por mim.
- Matou a mulher e filhos, e amigos?
- Sim.
- Por que ele fez isso?
- Pois ele queria o sucesso.
- Sucesso? Em que?
- Na venda dos animais da Fazenda.
Me assusto, mas continuo prestando atenção.
- Ele sacrificou a mulher e o filho e seus amigos mais próximos, pois ele queria o sucesso em tudo que fizesse.
- Ele matou a Esposa e o filho em que ano?
- Em 1939.
Nesse momento, pergunto algo que eu já queira saber a muito tempo.
- O que são os nomes escritos na cabana, e por que tem o de Miguel Sousa?
- Os nomes escritos lá, são todos meus sacrifícios.
- Sacrifícios?
Aquela coisa tenta o máximo segurar a risada, mas quase que não segura a gargalhada.
- Se os nomes escritos lá, são sacrifícios, Por que O dele também Estava?
- Por que ele se Matou, e ele mesmo escreveu o próprio nome.
- O nome dele é o mais recente, é porque o nome dele foi escrito recentemente.
Aquilo que ele estava falando, finalmente estava fazendo sentindo várias coisas que eu não entendia.
- Quando ele morreu?
- Ele morreu em 2009.
Junto algumas peças na minha cabeça, algumas coisas fazem sentindo, outras não.
- Como funcionava as escritas dos nomes?
- Cada pessoa que ele escrevia o nome, era a alma que eh podia possuir, mas um dia ele não queria mais escrever mais nomes, ele escreveu o próprio nome, então ele morreu.
- De quem era o caixão no porão da cabana?
- É onde fica os herdeiros.
- Herdeiros?
- Depois que Miguel Sousa parou de me dar sacrifícios, eu começei a matar todos que foram pra essa casa, e eu escolho uma pessoa da casa para cumprir o papel do Miguel, me dar mais sacrifícios, pois eu não comigo matar, então eu uso pessoas pra matar por mim.
Estava pensativo sobre algo, mas não falei nada, mas aquela coisa parece ler meus pensamentos.
- Você nunca se perguntou o por que eu sempre estar te atormentando mais do que qualquer um da casa?
Aquela voz não segurava mais a risada, estava quase gargalhando. Pensei em correr, mas foi aí que eu senti mãos geladas e grandes em volta do meu pescoço, me levantando pra bem alto.
- O herdeiro será você, Lucas.

Continua...

Sorria, você está sendo Observado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora