Capítulo 35: Onde tudo acabou

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      Quando cheguei em casa, Anna estava na calçada com o celular na mão. Andando de um lado para o outro. Estacionei o carro bem em frente. Ela olha pra mim, e fala:
     - Lucas!
Ela corre em minha direção enquanto eu saio do carro.
     - Onde você se meteu?
     - Eu--
     - Eu li o jornal.
Já estava no jornal? Que rápido.
     - Então você já está bem informada né?
     - Chega de gracinha!
Ela continua.
    - Você agora vai explicar a situação direitinho.
    - Tudo bem.
Entro dentro de casa. Estou morrendo de fome. Vejo Davi no sofá com as pernas enfaixadas. Ele apenas me encara friamente e volta a olhar para a TV.
      - Passei a manhã toda tentando convencer ele a não ligar para a polícia para te denunciar.
Disse Anna sussurrando atrás de mim.
      - E?
      - Acho que ele decidiu não te denunciar por enquanto.
Davi se levanta com dificuldade e fala:
      - O quê você foi fazer naquela Cidade?
     - Eu precisei.
     - Como assim? - Disse Anna. - Conte direito.
     - Eu precisava descobrir quem estava escrevendo os nomes na cabana.
E também por causa da mensagem misteriosa.
Passei um bom tempo falando com Anna e Davi. Mas sinto que eles ainda estão desconfiados de mim.

     Alguns dias se passaram, mas ainda continuo com meus "ataques". Anna disse para mim que a noite, ela foi beber água e me viu parado na cozinha. Assim que ia perguntar se eu estava bem, eu me viro, e ela percebe que estou com uma faca em minhas mãos. No desespero, ela grita Davi, que me acerta um soco no rosto, fazendo eu acordar na hora. Soltando a faca.
     E foi assim por 5 dias. Mesmo com remédios eu não parava. Então começaram a me trancar em meu quarto para evitar esse tipo de situação. Comecei a chutar a porta toda noite e tentava me mutilar.
Minha vida ficava pior aos poucos. Fui afastado do meu trabalho por tentar enforcar um colega em um surto de raiva. Acabei frequentando uma terapeuta por um tempo, mas nada mudou. Estou perdendo a sanidade mais ainda.
      Davi achou melhor eu ficar em casa para evitar que eu machuque alguém em algum surto. Concordei, mas isso significava que eu teria que ficar sozinho em casa. E com um tempo, estou ficando paranóico, e uma coisa que eu não queria, era ficar sozinho.
Como eu estava sem meu celular, ficava grande parte do tempo na frente do notebook vendo alguns vídeos no YouTube. Já estava de noite quando o telefone tocou. Levantei, peguei o telefone, coloquei na orelha.
      - Alô?
      - Você..
Então a pessoa do outro lado da linha desligou.
      - Que diabos?
Guardo o telefone de novo. Sabia quem era, ou o que era aquilo. Estava cansado e só queira dormir, mas eu tenho medo do que ele pode fazer.
Entro no meu quarto e me deito. Assim que ia fechar os olhos, escuto um barulho. Era a TV.
      Levanto assustado. Vou até a TV e parece que tem um vídeo passando nela. Assim que vou desligar a TV, percebo algo no vídeo. Uma mão suja com algo vermelho, estava escrevendo algo em uma parede. Reconheço o que está escrito. Segredos não podem ser contados.
Continuo assistindo o vídeo atento. A câmera começa a mostrar o corpo de Julia e a escrever as outras frases na parede e subindo em alguns móveis para escrever as palavras no teto. Então, a câmera vira para o rosto da pessoa gravando. Mas antes mesmo que eu veja quem era, a gravação acaba.
Tiro a TV da tomada, e vejo que não tinha nenhum CD na Televisão e não tinha nenhum aparelho conectado. Meu rosto agora está pálido, Me deito em posição fetal no meio da sala. Como era possível? Quem tinha matado Julia?
Então penso algo. No momento que eu tinha desmaiado, aquilo teve controle sobre mim e matou Julia. Meus olhos se enchem de lágrimas.
      - Sacrifícios.
Uma voz do meu lado começa a falar.
     - SAÍ DAQUI.
Me tranco em meu quarto, mas a voz não parava. Então eu percebo que a voz vinha de dentro da minha cabeça.
      - Sacrifícios, Sacrifícios, Sacrifícios.
     - Me deixa em paz.
Já estou chorando nesse momento.
     - Sacrifícios, Sacrifícios, Sacrifícios.
Então a voz para. Me levanto e vou até a cozinha. Depois de um tempo, Anna chega em casa.
- Lucas? Você está bem?
Ela entra dentro do meu quarto.
- Olá! Como foi hoje?
Eu a encaro.
- Ele não me deixa em paz.
- O quê aconteceu?
- Ele..ele..ele
Não seguro o choro. Anna se aproxima e me dá um abraço.
- Não se preocupe, nós vamos dar um jeito.
Fecho os olhos e respiro fundo.
Anna solta um grito repentino. Se afasta de mim com as mãos entre a barriga que começam a sangrar.
- LUCAS!
Me levanto e revelo a faca que eu estava escondendo.
- É o único jeito dele me deixar em paz.
Falo em um tom de choro.
Davi chegou um pouco mais tarde. Provavelmente estava bebendo em algum bar.
Quando a noite caiu, fiz o jantar. O jantar estava bem silencioso. Ninguém estava falando nada. Quando chegou a hora de dormir, coloquei a cabeça de Anna e de Davi dentro do guarda roupa e coloquei seus corpos na cama, e fui dormir.

No dia seguinte. Minha vizinha estava em minha casa vendo se eu estava bem. Comecei a ficar nervoso quando ela ficou perto do meu quarto. Mas por sorte, ela não viu nada. Esses dias eu estava pensando sobre as mortes que aconteceram e sobre a cabana. Todos pelo o que eu saiba, estavam mortos. Marcos eu não tenho notícias dele desde que eu tinha 13 anos de idade.
Mais tarde, entrei no carro e fui em direção daquela cidade. Foi um longo caminho de volta. Depois de algum tempo, cheguei na cabana. Entrei lá dentro e vi os nomes novamente. Estava tudo sujo de poeira. Alguns nomes erão ilegíveis. Vejo que na parede tem muitos nomes, não era apenas no chão. Pego uma faca e escrevo, "Davi" e "Anna".
Assim que vou descer as escadas da cabana, escuto passos do lado de fora. Assina eu saio da cabana, vejo um homem segurando algo em seus braços, um gato.
- Quem é você?
Eu digo.
- Você não lembra de um amigo de infância?
- O quê?
Percebo que os olhos do homem parecem pupilas de gato.
- Já que esqueceu de mim, prazer em conhecê-lo de novo. Meu nome é Marcos.
- Marcos!?
Fico sem palavras. Marcos está na minha frente, e sobre o controle do gato.
- O quê você quer?
Falo tentando esconder meu medo.
- Você sabe o que deve fazer, não é?
- Eu? Eu não sei de nada.
Marcos aponta para minha mão. Ele está apontando para a faca.
- Você pertence a nós.
Disse Marcos.
- Do que você está falando?
- Você decide. Se junte a nós e termine a marca no seu pulso, ou viva no tormento.
Olho para meu pulso e vejo a cicatriz do círculo. E começo a pensar.
- Espera. - Eu falo. - Foi você "Marcos", que matou Julia?
Ele apenas me encara. Então a resposta vem em minha cabeça.
Eu não posso matar ninguém, uso pessoas para matar.
Então foi realmente ele.
Levanto minha mão para acertar meu pulso. Mas no último momento. Pulo para frente e tento acertar a faca no pescoço de Marcos. Ele se defende e me dá um soco no estômago. Acabei soltando a faca. E sem escolha, começo a enforcar Marcos. Depois de um tempo, as mãos de Marcos pedem as forças e cai no chão. Está morto.
O gato está do meu lado me encarando. Me levanto e volto para a Cabana e escrevo no chão, "Marcos".
- Quanto mais sacrifícios, ele me deixará em paz.
Eu penso.

Depois disso tudo. Voltei para o carro e fui para casa.
Estou em casa arrumando minhas coisas, estou de mudança para outra cidade ainda mais longe daqui. Os corpo de Davi e Anna ainda estão no guarda roupa. Eu pego suas cabeças e coloco nos bancos do passageiro do carro.
- Já está indo?
Disse uma voz atrás de mim. Era minha vizinha.
- Sim.
- É uma pena, vou sentir muita         saudade de você e de seus irmãos.
      Depois de uma pequena conversa, entro dentro do carro e ligo ele. Olho para a minha vizinha e aceno para ela. Então vejo que seus olhos estão diferentes. Mas não ligo, isso agora é passado, eu espero. Esse não era o final que eu queria. Mas fui ingênuo de pensar que eu teria um final feliz em uma história de terror.
Dirigindo, vejo uma placa de "Volte sempre". Não vou fazer isso, depois de tudo que passei. Mereço e VOU ter um pouco de paz.

                           FIM

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