Um Coração Valente (COMPLETO)🗡️🛡️❤️

20 - Beijo de amigo

Helena

Quando a carta de papai chegou, não me contive em alegria, me derramei em lágrimas ali mesmo, na frente de todos. Não somente por saudades de minha família, mas por saber que todos estão me apoiando, sim, na carta que recebi, papai, está me dando sua benção, ele diz que sempre acreditou em mim mesmo que não tenha demonstrado, entregou em minhas mãos a missão de fazer justiça pela vida de Bernard. Então me senti completamente preparada para o que vou enfrentar daqui duas semanas. Recebi a notícia de que Eduard e Catherine tiveram o Benjamin, e que meu sobrinho está crescendo forte e saudável. Mas não pude negar o quanto fiquei decepcionada ao saber que o meu casamento ainda irá acontecer, então papai pede que eu me cuide e volte, mas que preciso estar ciente de que preciso cumprir o meu papel quando retornar.

Saber que minha família me apoia de alguma forma me deu mais força. Estava guardando pela resposta da carta, há tempos. Agora me sinto em paz. 

A guerra acabou me fortalecendo, passamos frio nas noites geladas em meio às matas escondido, quando atacamos a Cira. Na guerra contra os Cuchitas foi preciso ter sangue frio, pois estes também usavam crianças como soldados. Realmente a guerra é cruel, pelo menos conseguimos libertar vários prisioneiros que estavam em cativeiro. Depois ainda lutei no oceano durante uma viagem a Tomásia. Cada batalha tem me tornado mais forte, mais preparada. A sede que carrego dentro de mim tem apenas um nome, Arthur Saint, e quando estiver frente a frente a ele, poderei finalmente saciar-me.

Retornamos para Molavid há duas semanas.

Acabamos de encerrar mais um treino e surpreendentemente, James nos libera para uma tarde de folga, todos saem empolgados e animados.

Um grupo segue para o rio, e Melin me convida para ir também, ele me conduz pela mão todo animado e nem tenho tempo de negar. Quando olho para trás enquanto sou arrastada por ele, vejo de relance, Sarah entrar na tenda de James, e por algum motivo ela o segura intimamente pelo braço lhe conduzindo, um flash se passa em minha mente, os dois no porão do navio bastante animados de forma íntima, ela o puxa pelos braços como se desejasse devora-lo, seus olhos estão cheios de calor como um fogo ardente em chamas. James acaricia todo seu corpo entre gemidos, até que um som os interrompe e eles param. Quando saio do transe das lembranças, noto que não consigo mais vê-los, provavelmente já estavam dentro da tenda, felizmente Melin havia me levado para longe. Minhas pernas estão tremendo de uma forma que não sei explicar, tenho tanta raiva de James, raiva por ele permitir que ela o toque, raiva por ele querer tocá-la.

— Você está bem, Helena? — a voz de Melin me tira de meus pensamentos.

Não respondo, continuo perdida em minhas mágoas.

Ele está bastante animado, estamos um pouco mais isolados dos demais, próximo das pedras, afinal se trata de um bando de homens tomando banho no rio, não seria nada apropriado que eu me misturasse a eles. Melin se livra das botas colocando ao lado e ficando mais à vontade, entretanto me analisa preocupado.

— Helena, se quiser podemos voltar e descansar, você parece... Triste.

Ele se aproxima e me toca com carinho. Desejara eu, ser tocada assim por outra pessoa, mais especificadamente um certo Capitão. Melin se preocupa comigo, é sempre tão carinhoso, e nunca duvidou do meu potencial. Além de que não posso negar que ele tem boa aparência, seus belos cachos loiros se balançam na medida que o vendo os toca, seus olhos azuis parecem mais claros que o normal no contraste da luz do sol. Sinto tantas emoções neste momento que me deixam um tanto confusa. James e Harley não saem da minha mente, me pergunto mil vezes o que estariam fazendo naquela tenda neste exato momento, e tudo fica ainda pior quando alimento minhas suspeitas, e tais possibilidades me deixam atordoada, quase chego a perder o juízo. As mãos dele sobre o corpo dela, a possuindo, a desejando de uma forma que jamais acontecerá comigo.