Um Coração Valente (COMPLETO)🗡️🛡️❤️

38 - Melhor amigo

Helena

 
Aquela parecia ser a primeira vez que eu fazia uma viagem de navio, o meu corpo havia se esquecido de como era estar tanto tempo em alto mar, todos os dias eu sentia um mal-estar diferente.

Naquela madrugada fria, eu me remexia na cama sem conseguir pregar o olho, meu estômago se revirava em meio a muitas náuseas, mas diferente de todas as outras vezes, senti que tudo aquilo que eu havia me alimentado durante o dia iria sair para fora. Salto rapidamente da cama e corro até o recipiente próprio para esse tipo de necessidades, logo um jato de vômito sai de meu estômago até passar pela boca. Quando começo a sentir alívio, novamente outra onda de mal estar me acomete, coloco para fora tudo novamente.

Então me ergo, vou até a mesa de mogno em pequenos passos, pego o jarro de água ainda sentindo minhas pernas fracas e o corpo trêmulo. Viro o líquido no copo e bebo em pequenos goles na tentativa de me sentir um pouco melhor. Ainda fico tentando entender que doença era essa que me acometia.

Começo a pensar que se eu tomasse um pouco de ar fresco talvez me sentiria melhor, então saio do quarto e caminho até a porta saindo devagar para não fazer barulho, não desejo acordar ninguém. Ainda sigo lentamente pela penumbra da noite tentando encontrar a saída para conseguir um pouco de ar. De repente ouço o barulho de uma porta se fechando, ainda me sinto um pouco fraca então encosto na parede me apoiando para me sentir mais segura, estava muito escuro entretanto através da luz da noite que refletia a escotilha vejo uma pessoa passar no final do corredor, se tratava de uma mulher, seus longos cabelos loiros eram semelhantes aos de... Sarah, eles brilhavam refletindo de longe seus fios. A senhorita Harley parece ter pressa por isso não me vê.

Ainda me sinto fraca, por isso permaneço parada no mesmo lugar por alguns instantes, novamente ouço o barulho de porta se fechar, não desejava ser mexeriqueira mas levando em consideração o meu estado e que eu não conseguia me mover direito acabo notando a figura masculina que passava por ali, quando entendo o que estava acontecendo, sou tomada por vários sentimentos que se misturaram aos que eu já estava sentindo. James ainda está com a mão na maçaneta. Temendo que ele me visse, me recolho rapidamente ainda com o coração aos pulos. Eu não estava imaginando, provavelmente os dois estavam juntos e levando em consideração as altas horas da madrugada certamente não estavam em alguma reunião ou algo parecido eles estavam... Não desejava imaginar o que eles estavam fazendo... Céus, a dor que eu sinto neste instante é a pior de todas que já experimentei. Então era verdade, Magnus estava certo o tempo todo, James e Sarah continuavam sendo amantes. Um flash invade minha mente trazendo à memória momentos em que eu os via juntos em um certo porão de um navio... Aquelas lembranças eram dolorosas demais. Sinto vontade de gritar mas não posso, então o ar começa a me faltar como se algo apertasse minha garganta, lágrimas começam a jorrar sem que eu pudesse controlá-las. Me certifico de que não havia mais ninguém por ali e quando tenho certeza de que a passagem está vazia, saio rapidamente a fim de ir para fora, pois se eu não respirar um ar puro neste momento, posso me sufocar com tudo que estou sentindo.

Quando chego a proa do barco, apoio as duas mãos firmes na grade e fico observando o mar agitado lá embaixo, a brisa sacode meu cabelo chicoteado os fios em meus rosto, lágrimas quentes insistem em descer, eu não às seguro. Aos soluços deixo toda mágoa que sinto me invadir, nem o vento frio consegue fazer com que me sinta intimidada, permaneço ali em prantos.

— Helena, está tudo bem? — a voz de Melin invade meus ouvidos.

Ao vê-lo, me lanço em seus braços como se ele pudesse me ajudar a me sentir melhor, Melin era meu amigo, e eu precisava de um nesse momento. Deito em seu peito ainda chorando, lágrimas de dor. Ele, no entanto, está nitidamente preocupado com meu estado, porém, apenas me recebe em seus braços com muito carinho.