Um Coração Valente (COMPLETO)🗡️🛡️❤️

33-Indiferença

Helena

A viagem de volta a Molavid é de navio, assim como a maioria dos soldados vieram para o ataque. Havia uma festa animada, os soldados não paravam de comemorar com muita música e algumas bebidas que haviam saqueado de Tronte, ficou decidido que Tireade e Persi ficariam nas terras, eram reinos tão grandes quanto Molavid. Estabeleceriam ali suas respectivas cidades.

Algo dentro de mim não estava certo, eu não conseguia me sentir feliz, nem ao menos comemorar a vitória, não entendia como isso era possível, afinal eu desejava tanto essa guerra e de alguma forma me sentia culpada por não gozar da mesma alegria que os demais.

James me analisa o tempo todo com seu jeito protetor, a forma como ele invadiu o quarto na tentativa de me salvar foi heróico, além do mais não interferiu em minha luta. O que só fez aumentar o desejo dentro de mim em estar com ele, queria James comigo para sempre. Desejava me casar com ele, voltar para minha família da qual eu morria de saudades, e já que eu preciso me estabelecer ali, em Village, que fosse como uma pessoa normal, ter nossa casa e filhos... Tudo isso não passava de um sonho bobo. Eu precisava parar de pensar nisso, talvez eu só estivesse sofrendo de carência extrema ou algo parecido. Ainda sentada no convés enroscada no manto de James do qual não pretendo me largar, sinto que alguém se aproximava, logo uma caneca com alguma bebida surge bem a minha frente.

— Você deveria beber algo — a voz doce de Melin invade meus pensamentos. — beba, é quente.

Recebo a caneca com as duas mãos ainda sentada no mesmo lugar em que eu estava. Melin pede permissão para se sentar ao meu lado, o que de certa forma me deixa irritada, ele sabe muito bem que não precisa deste tipo de formalidade comigo. Devagar ele se senta, e logo dois pares de olhos castanhos cintilantes nos alcançam. Começo a pensar que James está passando dos limites, entretanto, não se manifesta, não desta vez. Mas seus olhos permaneciam em constante vigilância sobre nós, de onde ele está. E percebo que Melin também nota.

— Tem alguma coisa errada, o Capitão nunca se comporta desta forma tão... 

— Possessiva? — completo levando a bebida à boca e sentindo o calor quente do chá descer em minha garganta. É bom, confesso que eu precisava disso.

— O que está acontecendo, por acaso... vocês estão… — ele não termina de completar a frase. Porém insinua outra coisa: — Não vejo a Harley rodeando ele, não mais.

Sua fala sobre a Harley me traz um nítido alívio. Não posso negar que é bom saber que James e Sarah não estavam se encontrando. 

Como eu não o respondo de imediato, Melin continua a tagarelar:

— Só quero que saiba que pode contar comigo, principalmente quando ele partir seu coração, eu vou estar aqui para te apoiar. Me perdoe Helena... mas sei que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. O Capitão não é o tipo de homem que forma uma família. Ele sempre foi um homem solitário. Desde que…

— Melin — lhe interrompo.

Por mais que eu ame meu amigo, eu não estava gostando nada daquele assunto, precisava encerrar o mais breve possível, pois Melin não fazia ideia sobre o quanto meu coração já estava partido, já que não vejo futuro para mim e James.

— Estou prometida em casamento, se lembra? Meu noivo é um cavaleiro da coroa, não estou disposta a densorar o compromisso de minha família.

Minto notando que Melin engole seco.

— Então... — Ele bufa e faz um silêncio, depois completa: — Eu realmente não tenho chance alguma... Que diabos! — esbraveja.

Sinto um aperto no peito por vê-lo triste.