46- Reinício

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Helena

Tento abrir meus olhos, mas tenho muita dificuldade, sinto um cansaço incomum. Não se trata de um cansaço causado por esforço físico, ao contrário, é como se meu corpo estivesse na mesma posição por um longo tempo. Praticamente não sinto nada, e isso é estranho, parece que estou presa dentro de mim. Depois de muito esforço finalmente consigo abrir os olhos, aos poucos percebo onde estou, parece ser o meu quarto, as janelas estão fechadas e as cortinas mantém a escuridão. Acho que é dia pois não vejo lamparinas acesas. Então, aos poucos sinto meus braços porém ainda com leve dormência, entretanto, é nítido que aos poucos vou recuperando os movimentos. Tento mover as pontinhas dos meus dedos dos pés, e obtenho sucesso. Como se uma onda de calor e vida me preenchesse, vejo a figura máscula e viril deitada em cima de mim, sobre minha barriga, começo a sentir todo seu peso. Era James, seu rosto perfeito entre os braços deitados confortavelmente, é inconfundível. Parecia exausto, dorme num sono profundo, seus lábios grossos estão cerrados e noto em volta de seus olhos fechados um amontoado de marcas. Também o acho mais magro, sua barba crescida com poucos pêlos, sem fazer. 

Naquele momento, fico tentando entender o que está acontecendo, vejo uma quantidade de ervas sobre a cômoda, panos bem dobrados e uma bacia, além de potes de vidro contendo algumas mistura, acho que eu estive bastante doente. Então, aos poucos as lembranças me invadem: Nossa casa sendo atacada pelos remanescente de Tronte, a batalha sangrenta que foi travada, James na mira da espada de Arthur e uma angústia me toma... Na sequência um jovem de cabelos cacheados se coloca a frente de James recebendo um profundo corte no peito que era para ter sido em James... O ar começa a me faltar quando me recordo de Melin em meus braços se despedindo... Então, me lembro de minha luta com Arthur, de todo desejo de vingança queimando em minhas veias feito um veneno letal que passeia pelo corpo até matar. Estou no chão e recebo chutes e socos, levo a mão até a altura do meu ventre, meu filho... É inevitável não me preocupar. Entretanto, outro flash vem em minha mente, Arthur sendo morto por minhas próprias mãos. Estou apoiada no chão frio e imundo da cela quando a voz de James surge em desespero, ele me ergue no colo aflito, deito em seu peito sentindo muita dor e na sequência tudo fica escuro…

Não sei quanto tempo havia se passado, mas outros pequenos  flash de lembranças vinham à tona, James me depositando na cama aflito, papai e meus irmãos aos prantos acreditando que eu estivesse morta. Meu corpo estava fraco, eu praticamente não me movia, a dor transpassa todo meu corpo. 

James estava o tempo todo ao meu lado depositando ervas e infusões em meus lábios, cuidando de minhas feridas, ou jogado em uma poltrona exausto. Então não me lembro de mais nada...

— Ja...mes — o chamo com muita dificuldade mas minha voz praticamente não sai.

Minha boca está seca demais, e não tenho forças. Mesmo fraca, me esforço e consigo um movimento com os dedos das mão, no mesmo instante James dá um salto ainda sentado na cadeira, o coitado está assustado, seus olhos cansados ficam dilatados.

— Helena... Fica...!— ele grita.

Posso ver seu peito se mover com rapidez ao ritmo de sua respiração. Então, finalmente seus olhos encontram os meus. James parece não acreditar no que vê, não sei o que lhe disseram ao meu respeito talvez acreditassem que eu morreria ou algo parecido, pois a forma que James me olha parece estar diante de um milagre.

— He...le...na ...— fala meu nome em fragmentos.

Seu estado aparece em choque, vejo seus olhos castanhos receberem uma enxurrada de lágrimas. James está chorando. Não se trata de um choro cálido, ele parece sentir todo peso de dor que uma pessoa é capaz de suportar em toda sua vida. Logo ele leva as mãos ao rosto como se não acreditasse no que estava acontecendo.

Um Coração Valente (COMPLETO)🗡️🛡️❤️Onde histórias criam vida. Descubra agora