25- Inconstante

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Helena

— James? 

Falo e ele no entanto não me responde de imediato, permanece bem ali, parado no mesmo lugar. Por algum motivo, sinto meu corpo estremecer numa mistura de nervosismo e ansiedade.

— Você perdeu o juízo de vez, Helena?— sua voz sai rouca e rígida.

Dou um passo à frente me aproximando.

— Qual é o seu problema, James? Sempre soube o motivo que me fez embarcar naquele navio. E quando tenho a oportunidade perfeita age desta forma. Quase tentou me impedir!— minhas últimas palavras saem de forma indignada.

— Oportunidade perfeita? Perfeita para quê, para morrer nas mãos daquele bárbaro? Você não sabe nada sobre ele, Arthur pode ser um monstro quando deseja, não imagina o risco que você está correndo!

— Eu não sou uma mocinha indefesa, James! — grito exaltada. — Você sabe que tenho minhas habilidades e fui bem treinada.

Mesmo assim ele continua inconformado, seus olhos estão cheios de ira e James não seleciona bem suas palavras.

— Eu não estou de acordo com esse plano ridículo. Você só pensa nessa vingança, por acaso acredita que Bernard estaria satisfeito em lhe ver assim, se arriscando a todo custo e colocando sua vida em risco?

Ouvir ele falar o nome do meu irmão, consegue me abalar, acho muito baixo de sua parte usar este argumento como pretexto para tentar me fazer desistir, James prova o quanto egoísta é. Respiro fundo lhe enfrentando com mais fúria que antes.

Levo meu dedo tocando seu peito descarregando minhas emoções enquanto falo:

— Você não sabe nada sobre Bernard. Tudo que eu sei hoje, devo a ele. Se me tornei uma guerreira foi porque ele acreditou em mim. E tenho certeza de de onde ele estiver está orgulhoso da mulher que me tornei!

Vejo a tensão crescer em James, ele começa a caminhar de um lado para o outro desconsolado, parece desejar me convencer do contrário a qualquer custo e a medida que não tem sucesso se frustra ainda mais. Ele para de repente e apoia as duas mãos na cadeira de minha penteadeira, James abaixa a cabeça como se tentasse encontrar palavras, porém apenas bufa e na sequência parece se acalmar, ouço sua respiração voltar ao ritmo e devagar ele ergue seu corpo e em passos lentos se aproximando de mim.

— Helena... Por favor ... Você não pode dar continuidade a isso — James quase implora.

Engulo seco com a forma em que ele me confronta, quando James estava relutante tudo parecia mais fácil, entretanto a forma tênue que ele me olha é capaz de me desestabilizar por completo. Então preciso me esforçar ainda mais.

— James, eu não posso fazer isso. É mais forte do que eu...— falo em tom brando desejando desesperadamente que ele me compreenda.

Ele respira fundo e olha para o chão em busca de acalento.

— Você sabe o que Arthur irá fazer com as jovens do harém?

— Acredito que sim, eu não sou tão ingênua assim. No momento em que aceitei, eu soube que correria riscos. E se for necessário entregar meu corpo a um desconhecido, eu farei.

James respira fundo com minhas palavras. Ele franze sua sobrancelha como se não acreditasse no que acabava de ouvir.

— E ainda assim irá levar isso adiante? Ele irá... Possuí-la ... Céus Helena!— as palavras de James soam desesperadamente como se espinhos cravassem em sua boca.

— Eu sei...— falo tensa com tal possibilidade.

Quando falo, James me encara completamente chocado, certamente não esperava por tal resposta. Na sequência a expressão dele é de completa decepção, e mesmo com meu coração apertado em vê-lo assim, permaneço constante.

James passa a mão pelo rosto se virando para porta, o vejo cerrar os punhos numa tentativa descomunal em descarregar suas emoções. Sua mão fechada vai em direção a madeira com força, Entretanto, a milímetros de alcançá-la, ele para. Parece batalhar uma guerra interna da qual eu conheço bem, se trata da mesma que eu travo diariamente, desde que o conheci.

Ele geme, após um tempo e ainda parado de costas como se resistisse em ir embora, bufa exasperado. 

— Está bem, Helena, se é isso que deseja. Não há nada mais a dizer. Vou deixá-la descansar.

Respiro fundo, James não conseguirá me fazer mudar os planos.

Depois que ele se vai, passo um bom tempo refletindo acerca de tudo que conversamos, me sinto atormentada, e por mais que seja algo arriscado, meu desejo para que seja feita justiça por meu irmão é mais forte do que qualquer coisa neste momento. Respiro fundo sigo até a penteadeira e retiro a espada de meu irmão, passo a mão delicadamente na ponta do fio até a extremidade. Sua lâmina brilha refletindo minha imagem. Percebo o quanto eu mudei, não sou mais a mesma Helena, confusa, que se sentia perdida, hoje eu sei o que eu quero, e me sinto aturdida em pensar na possibilidade de voltar a minha vida pacata em Village, apesar de toda saudade que sinto da minha família, é aqui, em Molavid que me sinto completa.

Guardo a espada sobre a penteadeira. Sei que não poderei usá-la na missão, afinal seu tamanho exagerado me impedirá de carregá-la sem ser notada. Entretanto, meu alvo é Arthur, e preciso matar ele, nem que seja com minhas próprias mãos.

Um Coração Valente (COMPLETO)🗡️🛡️❤️Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu