31-Frente a frente

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Helena

Assim que chegamos aos campos de Niron, percebemos que um professor já aguardava. O pobre coitado parecia confuso, um homem magro vestido impecavelmente, certamente não entendia o motivo de não sermos as verdadeiras Bronks, porém antes que ele argumentasse, um som estridente nos tirou a atenção, uma cavalaria vestida de armadura vermelha com um símbolo no peito de um leopardo, cerca de vinte homens bem armados se aproximavam.

Harley e eu nos entreolhamos, pois sabíamos que se tratava dos Tronteanos. O cocheiro soltou as rédeas e saiu correndo como já havia sido orientado por Magnus, felizmente o professor também foge deixando aparentemente duas donzelas vulneráveis e em perigo. Em pouco tempo nosso carro é atacado e invadido por brutamontes cheios de lanças e espadas.

— Levem as moças! — um deles grita.

Logo me faço de mocinha em apuros, entro no personagem e começo a gritar como se estivesse em desespero, já Sarah, permanece com a mesma aparência de durona, pelo menos a renda e o babado a deixaram um tanto mais delicada, ou poderia colocar em risco o nosso plano.

Um dos brutamontes me segura com violência me arrastando da carruagem, sinto muita vontade de me defender, porém engulo seco.

— Vamos, anjinho — o homem de pele escura e barba grande fala com tom de voz irritante. 

Gemo me fazendo de frágil e tento fazer voz de choro. Confesso que quando Harley tenta fazer o mesmo afinando sua voz, preciso me esforçar para conter o riso, ela é péssima nisto, sua voz mais parece de uma galinha sendo estrangulada do que uma moça delicada.

Quando ela nota o quanto estou me contendo, seus olhos ficaram em um tom sombrio, certamente havia se irritado em ver a diversão em minha expressão.

— Quanta graça? Pode tirar esse sorrisinho idiota, bonequinha de porcelana — fala irritada com um sussurro enquanto somos levadas para outro carro. 

Me recomponho e engulo meu sorriso. Afinal já tinha muitas desavenças com a Senhorita Harley, não precisava de mais uma.

Somos lançadas para dentro do veículo e no impulso acabamos caindo ao chão, ainda a ouvi insulta-los, obviamente ela não os deixaria passar totalmente ileso:

— Porque não fazem isso com um homem grande e forte! Bando de covardes!

Lhe dou um empurrão com o cotovelo a fim pedir que ela se comporte, porém, recebo um revirar de olhos da minha parceira. Quando estamos no interior do veículo, começo a prestar atenção ao nosso redor, o compartimento está escuro, porém não o suficiente para esconder vários pares de olhos assustados entre fungos e gemidos. Haviam cerca de dez jovens, todas muito novas algumas até se pareciam com crianças, olhares assustados, vermelhos pelo choro, moças de todo tipo, loira, morena, olhos claros e escuros, mas todas carregam um certo pavor, somente então que começamos a entender a seriedade do que estava acontecendo, me recordo da forma agradecida que a família Bronks nos recebeu, certamente por estarmos livrando as garotas de um pesadelo.

Naquele instante, pela primeira vez desde que conheci Sarah, nos entreolhamos com outro sentimento que não fosse inimizade. Talvez por estarmos na posição de mulheres, porém capazes de defender a si próprias e não como essas jovens, completamente vulneráveis, indefesas e amedrontadas. Lentamente nos sentamos ao lado delas ainda mexida com tudo isso. Somos recebidas com olhares carregados de empatia, afinal acreditavam que estávamos na mesma posição que elas.

Me posiciono ao lado de uma bela jovem de cabelos encaracolados e negros como a noite, ela acalentava outra que parecia mais jovem ainda que ela, e a aparência das duas também era semelhante, porém a que soluçava em seus braços tinha enormes pares de olhos azuis.

Um Coração Valente (COMPLETO)🗡️🛡️❤️Where stories live. Discover now