Capítulo 19 - Debaixo da cama, monstros e verdades

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Um pouco tarde da noite para espirrar o desengordurante nas mesas sujas de ketchup e refrigerante. Cedo demais para dormir na mente inquieta de Kawe. Esfregar o pano cinza até ele começar a esfarelar fazia seus pensamentos vagarem para longe. Bom, as coisas não foram fáceis quando ele voltou para a sua cidadezinha em Alagoas. Tinha decidido, depois do seu cancelamento iminente, ficar longe de redes sociais. Passava parte do dia estudando em sua antiga escola e à noite trabalhava na lanchonete mais frequentada do lugar por famílias com crianças barulhentas e torcedores fanáticos, ou bravos, dependendo do dia e do resultado do jogo. Longe demais da vida que idealizou quando quase se matou de estudar para passar na maldita prova do San Roman.

Sua cabeça quase explodiu ao ouvir a musiquinha irritante que tocava a cada vez que alguém atravessava a porta da lanchonete. Ele fechou os olhos e respirou fundo.

一 Já fechamos 一 ele diz, sem olhar para quem havia entrado.

一 Eu achei que você estaria mal, mas isso aqui superou todas as minhas expectativas. Meu Deus, você é um estereótipo ambulante.

Kawe levantou os olhos para Jade, surpreso, pois ela estava na lista de pessoas que achou que nunca mais fosse ver na vida. Ele apertou o pano entre os dedos e engoliu em seco.

一 Jade? O que você está fazendo aqui?

Jade olha para cima, fitando o ventilador de teto, incrédula. Ela faz biquinho, bastante indiferente, pois achou que seria constante com sua personalidade.

一 Com certeza não é pra comer, seja lá o que vocês servem aqui. Mas eu aceito um suco de laranja, só pra riscar da minha lista de desejos um item: ver você me servindo 一 Jade solta um risinho, arrastando uma cadeira e sentando-se. 一 Depois, você vai me contar o que te fez ir embora, ou melhor, o que o Nathaniel fez para que fosse embora.

一 Açúcar ou adoçante?

Kawe pergunta.

Enquanto isso, Aliza e Samuel caminhavam com os pés na areia da praia, à luz da lua. Uma noite perfeita para os amantes shakespearianos se apaixonarem perdidamente. Mas os dois não estavam indo rumo aos corações um do outro. Aliza vinha o caminho inteiro nervosa, enquanto Samuel, retraído, com as mãos no bolso da jaqueta, parecia querer falar algo o tempo inteiro. Os dois decidiram que era hora de trocar palavras quando adentraram na varanda da casa de praia de Nathaniel.

一 Chegamos 一 Aliza disse. 一 Como é que a gente vai invadir agora? Com certeza isso deve ter alarmes em toda parte.

一 Como você sabe que foi aqui que Nathaniel escondeu as provas? Aliás, se elas existirem 一 Samuel perguntou.

一 Palpite. Agora, vai logo, anda, tenta abrir essa porta.

Samuel olha para Aliza, hesitante. Concluindo que não tinha mais volta, ele retira uma pequena chave de fenda do bolso da jaqueta, pronto para agarrar a maçaneta, quando subitamente a porta se abriu sozinha, revelando Nathaniel, surpreso pela presença dos dois na sua varanda.

Me Encontra (NOVELA GAY)Where stories live. Discover now