Capítulo 36 - Uma boa maneira de partir.

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KAWE caminha para trás

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KAWE caminha para trás. A opção mais razoável de morrer, ele imaginou. De qualquer forma, caso fosse metralhado, obviamente Arnica jogaria seu corpo no mar. Achou que seria corajoso estar consciente na hora de sua morte, mesmo que seus olhos ardessem e a respiração o abonasse com segundos de afogamento em agonia. 

Atrás de Arnica o fogo consumia e Kawe lamentou por um momento que sua maneira de partir seria em vão, pois não morreria no lugar de alguém que amava, morreria com esse alguém. O que há de louvável na morte, afinal de contas? 

Seus pés sentiram a água do mar e logo ela engolia suas pernas e o vento bagunçava seus cabelos. Nunca antes teve tanta intimidade de boa vontade com o mar. Salgada. Sua saliva tinha gosto de sal e ele sequer tinha entrado completamente nas águas que sempre temeu entrar. O gosto da partida talvez fosse esse mesmo: salgado, azedo, áspero. A água estava na sua cintura e a arma ainda apontada para ele. Arnica relaxa o braço, pois não adiantava. Agora não dava mais para sair do mar e correr. Agora ele veria o escuro do mundo e por quase um segundo pôde sorrir, e quando fechou os olhos e abriu os braços, o silêncio lhe dizia coisas bonitas. Deitou no mar, sendo abraçado com um carinho violento, de um jeito que nunca tinha sido antes. "É isso", ele pensou, "eu não ouço mais nada. Talvez seja isso apenas o fim". 

Arnica vislumbrava o silêncio, com uma nuvem de fumaça e muito fogo atrás de si. Bem, não necessariamente apenas isso. 

— Kawe! 

Leon não pôde conter o grito de desespero quando viu. Se desgrudou do grupo quase completo e saiu correndo em direção ao mar. Arnica virou-se, revirando os olhos, já com a arma apontada e sem modéstia atirou contra Leon. Ele rola na areia da praia bem em cima da hora, coragem e raciocínio proveniente de um instinto duplo de sobrevivência. 

Infelizmente para toda causa há uma consequência. Em sua reta estava Samuel e o tiro acabou se perdendo bem em seu ombro. Em segundos, Samuel despencando no chão, Aliza gritando apavorada, Leon se jogando no mar, e Arnica, levando um soco de surpresa dado por Jade. Um caos comum por toda a parte. 

— Aliza! Acho que o Nathaniel está dentro da casa!

Inácio grita, cobrindo o rosto por conta da fumaça e entrando na casa sem mais hesitações. Aliza tentava estancar o sangue do ombro de Samuel, que faz um esforço entre a dor e a fala. 

— Aliza, vai ajudar o Nathaniel! Eu estou bem! 

Aliza, chorando, concorda e sai disparada até a casa. Analisou a situação crítica e lamentou a probabilidade alta de não sair com vida da casa, e a probabilidade de não sair de casa também. Todos tinham arriscado alguma coisa até aqui, e foi com esse pensamento que ela entrou no fogareiro. 

Leon emergiu do mar, já sem ar e desesperado, pois não havia sinais de Kawe por nenhuma parte. 

— Aparece, Kawe. Aparece KAWE! 

Me Encontra (NOVELA GAY)Where stories live. Discover now