Capítulo 26 ‐ PLATÔNICO!

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Deitados na areia da praia, Nathaniel e Kawe se beijavam, esquecidos que o dia ao redor deles corria

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Deitados na areia da praia, Nathaniel e Kawe se beijavam, esquecidos que o dia ao redor deles corria. Para Kawe, ouvir as batidas do coração de Nathaniel enquanto sua cabeça repousava sobre seu peito nu, era definitivamente um sonho. 

— Você não sente que fizemos algo de errado? — ele pergunta a Nathaniel, nesse momento, olhando céu límpido azul e deixando se levar pelo barulho manso do mar. 

— Eu não sei. Agora eu só sinto que deveríamos fazer mais dessa coisa errada — Nathaniel responde. 

— Eu estou namorando seu melhor amigo e dormindo com você — Kawe diz, mesmo sabendo que o namoro é apenas uma farsa. — Quer dizer, o que me faz diferente de Inez Garcia? 

— Você é muito diferente da Inez — Nathaniel diz. 

— Ela fez a mesma coisa. 

— Ela é má. 

— Ué, eu achei que você gostasse dela. 

— A Inez é uma incógnita que eu estou tentando entender. Mas o que eu sinto por ela não é a mesma coisa que sinto por você. 

— Mas... 

— E se eu tivesse que escolher um sentimento para ficar com ele pelo resto da vida. Eu escolheria o que eu sinto por você. 

— E agora? Como vai ser? 

— Bom, eu não importo de namorar escondido com você por um tempo — Nathaniel fala, o que faz com que Kawe olhe para o seu rosto, surpreso. 

— Eu não sei como vou me sentir com isso. 

— Então, você precisa tomar uma decisão. Só estou te dando o tempo que precisar para isso. 

Kawe mordeu os lábios e respirou fundo. O dia seguinte chegou antes mesmo que ele pudesse respirar de novo. Voltou para casa com a cabeça cheia, pensando em acabar de vez com o namoro de mentira e, enfim, começar um de verdade. Afinal de contas, foi o que ele sempre quis, não é? 

— Quando sonhos se realizam... o que você faz com eles depois? 

Ele se perguntou enquanto andava pelos corredores do colégio, com os livros nas mãos e a cabeça ao vento. 

— Preciso falar com você. 

Quando Leon surgiu na sua frente e os dois colidiram como um acidente causado por freadas tardias numa pista que escorregava. 

Os livros caíram no chão. Os dois se abaixaram para pegar. 

— Você me assustou — Kawe disse. 

— Eu sei. Eu não sei o que houve ontem, eu só... perdi o controle de tudo. Desculpe — Leon diz. 

— Eu estaba falando de agora, mas você também me assustou ontem. Aliás, o que você estava pensando? — Kawe disse, raivoso, pegando os livros das mãos de Leon. 

— Eu já disse que não sei! 

Kawe se levanta, revira os olhos e sai andando. Leon joga as mãos para o alto e o segue. 

— Desculpe, de novo. Mas é assim que sou — ele fala. 

— Eu sei e eu não vou ser uma dessas pessoas que acha que pode mudar alguém, mas... Leon, você precisa tratar desses excessos de raiva. Qualquer hora você pode machucar alguém de verdade. 

— Eu sei — ele diz, reflexivo. — E eu prometo que vou buscar ajuda, mas eu preciso da sua agora. 

— Eu não vou ser sua bangala emocional, se é o que está... 

— Não é nada disso. Eu quero te pedir um favor — disse Leon, aflito. Ele morde os lábios e espera um momento — Fala alguma coisa,  vai. 

— Eu estou esperando você me falar. Qual o seu problema? — responde Kawe, indignado. 

— Eu recebi uma ligação ontem dos meus pais ausentes. Eu disse a eles que estava namorando sério. Ele riram e depois perceberam que eu não brincava. Depois eles riram de novo, porque, provavelmente, duvidam que seja uma pessoa decente, ou mentalmente estável. 

— E o que eu tenho haver com isso? 

— Acorda. Você é o meu namorado. 

Kawe sentiu uma pontada no coração e isso o deixou inquieto. Ele limpa a garganta. 

— Eles chegam hoje à noite. E querem te conhecer. 

Leon diz, cuidadoso. Kawe para imediatamente de andar, afobado. Deixa o queixo cair, sem reação. 

— Eu não acredito nisso, Leon! Você ficou maluco! Esse namoro de mentira acontece só para pegar a rainha do mal, esqueceu? 

— Eu sei, mas o que custa me ajudar a passar uma boa impressão para os babacas dos meus pais? — Leon fala, quase implorando. 

— Pensei que não se importasse com a opinião deles — Kawe falou. Leon paralisa. 

— Não me importo — mentiu — Mas são eles quem me bancam, então eu preciso dar uma dentro com os velhos. 

— Claro! Seus pais são ricos e, provavelmente, conservadores o suficiente para te escorraçarem por namorar um outro garoto. 

Kawe disse, desesperado. Leon põe a mão na cintura, sorrindo. 

— Olha, de tudo que eu já fiz, é bem capaz deles até agradecerem por me ver namorando outro garoto. 

Kawe respira fundo, sem chão. Ele fica pensativo, atiçando ainda mais a ansiedade de Leon. 

— Por favor! 

Leon faz cara de cachorro abandonado. Kawe aperta os olhos e empurra seu rosto com as mãos. 

— Como sabe que eles vão gostar de mim? — pergunta, por fim. 

— Todo mundo gosta de você. As tias da cantina gostam de você. Eu gosto de você. 

Leon se aproxima de Kawe e afaga seu rosto. Kawe se afasta. 

— Engraçadinho. Tudo bem, mas, olha só, se der errado... 

— Não vai dar! 

Leon sorri, comemorando, quase saltitando. Kawe segue andando, lamentando por não conseguir dizer não, sabendo que tudo tinha cara de que ia dar muito errado. 

— Eu te amo! 

Leon grita para Kawe. Que levanta o dedo do meio para ele. Se perguntou como ele podia dizer "eu te amo" com tanta facilidade? Com tanta convicção que nem parecia ser mentira. 

Um pouco mais adiante, sem esperar, sentiu seu corpo ser puxado. Quando deu por si, a boca de Nathaniel estava junto da dele. Não deu tempo de ver o rosto, mas ele sabia bem de quem se tratava aquela boca. Deixou se embrigar até cair em si e afastar o corpo do garoto. 

— Ficou maluco? — ele diz, rindo. 

— Estamos sozinhos agora — Nathaniel sorri. 

— É, no banheiro masculino. Que romântico! Aliás, nenhum garoto vai aparecer aqui, não é mesmo? 

— Não brigue comigo por querer te ver, e te beijar... 

Nathaniel diz, se aproximando de Kawe que, por sua vez, equilibra os livros e detém Nathaniel. 

— Você já fez os dois. E aqui é perigoso. 

— E o que eu faço, então? 

Kawe dá de ombros e lhe entrega a pequena pilha de livros. 

— Carrega esses livros pra mim. 

Kawe pisca para Nathaniel e sai do banheiro. Nathaniel sorri, batucando nos livros. Conta até cinco, respira fundo e sai do local.

Me Encontra (NOVELA GAY)Where stories live. Discover now