Kawe não imaginou que sua vida mudaria tanto quando saiu de Alagoas e foi morar numa das grandes metrópoles mundiais para estudar numa escola de gente rica.
Logo quando chega ele acaba se envolvendo numa bela confusão envolvendo os arquinimigos Nat...
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O que era para ser um evento beneficente virou palco para jornalistas de todas as partes da cidade. Flashes, câmeras e perguntas tomavam conta do ginásio. A garota legal tinha finalmente surgido das cinzas depois de quase três anos desaparecida. Inez, emocionada, descia do palco, enquanto era guiada para fora do ginásio pelos seguranças da mãe. Sua história de superação comovente tinha causado um burburinho estrondoso. Era certo que haveria palestras sobre saúde mental e uso de drogas durante a semana inteira no colégio. Enquanto Inez passava pelo corredor de pessoas curiosas, entusiasmadas, fofoqueiras, ou apenas surpresas, Kawe não deixou de se sentir aliviado e aflito ao mesmo tempo. Ela não citou sua passagem por Alagoas, nem mencionou o encontro inusitado dos dois.
一 Fala sério, eu não acredito que as pessoas se convenceram dessa historinha pra boi dormir que a falsa da Inez contou. Sério? Ela se sentiu pressionada por ser "a garota perfeita" e aí então decidiu se refugiar nas drogas, porque era um fardo pesado demais para ela carregar? 一 Jade dizia, de braços cruzados e muito mau humor, já que o salto estava incomodando seu pé.
一 Faz sentido a história dela. Aqueles caras que a sequestraram poderiam ter sido os traficantes que falou 一 Kawe disse.
一 Ela fugiu por que estava devendo muito dinheiro para esses traficantes e quando não aguentou mais o seu estado degradante se internou por conta própria numa clínica de reabilitação, onde passou o último ano 一 Aliza comentou, impressionada.
一 Ou ela tirou essa história de algum panfleto de auto ajuda de programas para viciado 一 Jade falou, arrancando o salto do pé.
一 Ai, que horror, Jade 一 Kawe exclamou 一 Você não acredita mesmo nas pessoas, não é?
一 Eu acreditava até uma hora atrás quando descobri que fui enganada por um idiota que fingiu por quase um ano estar paraplégico. Olha, quer saber, eu vou embora. Tô cansada dessa palhaçada toda. Vou chamar meu motorista.
一 Por que não dorme lá na casa da minha tia? Aliás, porque vocês duas não dormem lá? Ela está viajando, então só vai ter eu em casa...
一 Não, obrigado. Tudo que eu quero é minha cama e meu banho quente.
Jade fala, deixando Kawe nervoso. Ele roía as unhas. Não queria admitir mais ter voltado para o colégio lhe causa arrepios de medo.Estava da mesma forma que da primeira vez que pôs os pés nesse mesmo ginásio, perdido e sozinho. Ninguém devia se sentir assim.
一 Ah, mas pode ser divertido, né? Por favor, vai. Eu não te vejo faz quase um século e a gente nem se falou direito ainda. Dorme lá e amanhã a gente vem junto para a escola 一 Kawe disse para Aliza, que sorriu.
一 Eu não tenho maiores planos para o fim dessa noite mesmo 一 ela disse e comemorou com Kawe, enquanto Jade revira os olhos.
一 E você devia ir também. Vai negar que o fantasma da Inez vagando por aí não te assusta? Cuidado não, vacila e ela puxa seu pé quando estiver dormindo! 一 Kawe brinca, mas na verdade ele sentia vontade de conhecer melhor Jade, a garota que infernizou sua vida no primeiro ano. Queria tentar entender o vazio de Jade.
