PRÓLOGO

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Dezenove anos antes...

- Diga de uma vez, miserável!

O homem a minha frente está à beira de mais uma convulsão. O filho da puta em vez de poupar a si mesmo fazendo o que lhe ordeno, fica fazendo cu doce, tentando mexer com meu sentimentalismo como se isso pudesse me fazer retroceder de minha decisão de mandá-lo para o inferno. É um idiota mesmo.

- Senhor, eu não os conhecia. Apenas recebi para avisá-los quando o grande capo estivesse saindo do estacionamento. Nem o dinheiro foi recebido em mãos, foi deixado numa lixeira e só tive que pegá-lo. - Diz em agonia, com sangue escorrendo por sua face já que lhe arranquei o olho direito.

Há sete anos tive que assistir meu pai sendo morto de forma horrenda por alguns miseráveis que nunca consegui encontrar. Esse maldito a minha frente é a primeira pista em anos. Naquela época, eu era apenas um garoto, tinha doze anos e estava sendo treinado pelo grande Capo Marino para que um dia pudesse exercer a função em seu lugar.

Eu era um menino que não tinha muito tempo para as coisas de menino. Não frequentava as mesmas escolas que os demais, não brincava na rua, nem tinha tempo para trabalhos em grupo. Aos dez anos, comecei a estudar necropsia, utilizando os corpos que eu mesmo matava para poder estar a parte da anatomia humana. Eu era muito bom. Via o orgulho nos olhos de meu...do Capo.

Minha mãe era contra tudo aquilo que ele me impunha, mas não podia fazer muita coisa já que eu era, até então, o único herdeiro. Porém quando o grande capo foi brutalmente morto pelos seus inimigos, ela estava grávida de seis meses de mais um menino. Foi muito revoltante ter que chegar em casa naquele dia e contar pra ela que fui incapaz de protegê-lo. Pensei que minha mãe ficaria decepcionada comigo, mas não, ela me deu um forte abraço dizendo que iria cuidar de mim e de meu irmão.

- Eu tenho uma esposa e uma filha, senhor. Por favor, deixe-me viver!!- Implora me tirando dos meus devaneios, deixando-me aborrecido. Acerto seu rosto com o soco inglês que o grande capo me dera poucos minutos antes de sua morte, presenteando-me por ter concluído, com louvor, os estudos da necrópsia.

-O capo Marino também tinha, você sabia? -Acerto seu rosto mais uma vez. - Sabia que ele tinha dois filhos e que um ainda estava sendo gerado na barriga de sua amada esposa que sofreu pela depressão que sentiu após a morte do marido?

Minha mãe, Leda Marino, era completamente apaixonada pelo esposo. E era recíproco, já que não havia nada que o capo não fizesse por amor a ela. Ele dizia que ela era sua joia mais que preciosa. Por muitas vezes, presenciei sua demonstração de afeto por ela. E quando foi revelado que estava grávida outra vez, foi notável a felicidade que sentiu. Disse que sua prole iria reinar por décadas e décadas.

Mas, tive que vê-la sofrendo durante os últimos meses de gravidez pela falta que sentia do seu amado marido. Isso me deu ainda mais raiva. Meu irmão teve que nascer e crescer sem nunca ter conhecido o pai. Infelizmente, não consegui fazer esse papel pois, eu senti muita raiva de tudo e todos. Fui indiferente a minha família, quase não nos relacionamos como antes, já não havia união entre nós. Hoje, vejo o esforço que minha mãe faz para se aproximar de mim como antes, mas não consigo.

Com meu irmão minha relação ainda é bem melhor, não sou de brincar com ele ou levá-lo para escola, mas sempre que posso o ensino algumas coisas do ofício de nossa família, garantindo assim que o legado do Capo Marino perdure para sempre.

-Encontre a esposa e a filha dele e se certifiquem de que lhes encontre no mesmo lugar para onde irei mandá-lo... no inferno! - Lanço mão de uma adaga e cravo em seu pescoço, aprofundando ainda mais. Rapidamente, o sangue começa a jorrar pela veia atingida, fazendo o homem se afogar no próprio sangue. Foda-se. Eu não me importo com sua vida miserável.

VINGANÇA MARINO I - (Concluído)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora