O livro tratará da obsessão de um homem pela busca do cumprimento de uma promessa feita, quando ainda era uma criança de doze anos, ao assistir a morte precoce de seu pai. O menino cresceu com sede de se vingar de cada um que contribuiu para que seu...
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Tudo que tenho pensado de meu irmão mais velho é muito errado. Eu não deveria mesmo. Chega ser até pecado isso. Mas, não consigo controlar, é quase impossível fazer isso, principalmente porque ele me olha daquele jeito. Seus olhos cristalinos me hipnotizam. Sou capaz de fazer o que ele me mandasse se ficasse muito tempo me olhando como fica.
Não consigo decifrar o seu olhar pra mim. O homem não esboça uma reação de alegria ou tristeza, seu riso é sarcástico, mas sem nenhum vestígio de humor. Isso chega a ser irritante demais, contudo quem ousaria questioná-lo sobre? Eu não faria. A única que ainda debate com ele é dona Leda e creio que só faça isso por serem totalmente idênticos na personalidade.
Comparando Pietro e Lorenzo lá se vão milhas e milhas de diferenças entre eles. A começar pela paciência. Pietro é muito mais tranquilo e simpático, sociável com todos, compreensivo, amigo. Já Lorenzo, só de olhar pra ele já causa medo nas pessoas. Não dá uma abertura para alguém se aproximar. Porém, ele parece ser a estrutura de todos aqui. A forma que meu irmão e minha mãe confiam nele o torna uma pessoa diferenciada.
Fora que o homem é lindo. Por duas vezes pude vê-lo saindo de sua academia particular e molhei minha calcinha por isso. Cheguei a deixar meu celular cair no chão, onde se espatifou por inteiro. Fiquei muito envergonhada, mas seu corpo suado, suas veias saltando da pele, seus longos cabelos que estavam molhados pelo suor do esforço feito me deixaram sem estrutura. É claro que ele percebeu, mas fez como sempre faz, passou direto me ignorando totalmente. Senti-me muito triste.
- Analu, posso entrar? - Minha cunhada está parada na porta do meu quarto, me olhando com uma sobrancelha erguida.
- Pode sim. - Permito. - Está tudo bem?
- Eu que te pergunto, amiga. Está tudo bem? - Declara.
- Sim, por que não estaria? - Falo constrangida e nem sei o motivo.
- Porque eu estou te chamando há uns dez minutos e você está com essa cara de quem perdeu a guerra, olhando para o assoalho. - Explica entrando no quarto, sentando-se ao meu lado.
- Não é nada, Lena!
- Pode parar, Ana Luiza! Eu sou sua amiga desde sempre. Sei que tem alguma coisa incomodando você. Fala logo. - Penso se deveria contar pra ela que me sinto atraída por um homem casado que ainda por cima é meu irmão, e pior que me despreza a todo momento que me vê.
- Amiga, não... Eu estou...
- É o Lorenzo, não é? - Fala e minha cara queima pela vergonha que sinto.- O fato de tê-la deixado sozinha na empresa hoje te chateou bastante, não foi?
- Ele disse que era urgente.
Digo, tentando passar tranquilidade, mas na verdade estou confusa até agora com o fato de ter feito aquela pergunta tão embaraçosa, depois ter me passado um baita sermão sobre a carreira que escolhi e ainda sair sem me dá o direito de me defender. Mas, o que lhe diria?
