O livro tratará da obsessão de um homem pela busca do cumprimento de uma promessa feita, quando ainda era uma criança de doze anos, ao assistir a morte precoce de seu pai. O menino cresceu com sede de se vingar de cada um que contribuiu para que seu...
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Por todos os lados ouço o barulho das balas de grandes calibres passando por entre a gente. Ao nosso redor, têm muitos corpos caídos, pessoas feridas chorando suas dores e ansiei muito por esse dia. Tudo que eu queria era que esse momento chegasse e enfim chegou. Minha vingança está preparada e não há perdão para ninguém. Sorrio em meio ao caos por pensar que todo o trabalho de uma vida inteira não foi em vão.
- Capo Marino, está feito! - Tyron se aproxima de mim com o corpo coberto por sangue, do jeito que ele sempre gostou.
- Onde ele está? - Indago.
- Tentou fugir pelo caminho secreto, como o senhor já havia imaginado, mas o pegamos graças ao seu plano. - Diz com um sorriso maléfico enquanto limpo o soco inglês que o grande Capo Marino me deu há muito tempo.
- Então me leve até ele! - Digo.
Caminhamos por uma via estreita da Calábria que eu conheço muito bem. Treinei por aqui com meu mentor por noites, madrugadas diria. Conheço cada canto daqui como a palma de minha mão. Ao passar por uma porta, vejo dois soldados segurando um homem que está com uma espécie de capuz na cabeça. Desnecessário, já que sei perfeitamente quem está por trás dessa porra toda.
- Por que lhe cobriram a cabeça? - Pergunto me aproximando dele. - Quero que esse filho da puta me veja quando desmembrá-lo.
Os homens tiram o capuz e só então vejo que não é Luigi Santorini, não é ninguém que eu conheça. Mas que porra está acontecendo? Olho para os soldados que riem com a cena. Fito Tyron ao meu lado que faz o mesmo.
- Vocês pegaram o homem errado, seus imbecis! - Esbravejo, puxando minha arma da cintura atirando na cabeça de um dos soldados. - Cadê aquele filho da puta, caralho? - Ia atirar em mais um, até que ouço o que há tempos não ouvia.
- Vai mesmo querer fazer isso, Grande Capo Marino?
Essa voz...eu me lembro bem dela. Era esse quem dava as instruções que trucidaram o corpo do Capo Marino. É ele quem procurei por todos esses anos e não achei. Ele me achou! Olho para trás e me assusto com a cena. O filho da puta segura um coração nas mãos que ainda pinga sangue dele. Lembro-me de quando segurei o coração do grande capo nas mãos, prometendo-lhe que me vingaria.
Contudo, quando olho para além dele, vejo pedaços de corpos espalhados para todos os lados, muito sangue banha o chão e sobre uma mesa, a cabeça decepada de Ana Luiza. Meu corpo todo entra num estado de choque que não me permite mexer nada. Como uma anestesia geral, só consigo focar no terror a minha frente. Ela se foi!
- Analu... - Mal consigo dizer o nome da minha menina. Não consigo me mover, minha voz está falhada e sinto meu coração mais que acelerado.
- Vai fazer o que? - Gargalha com arrogância. - Não conseguiu salvá-la, garoto! Nem mesmo o que ela trazia consigo. Assim como com ao seu pai.
