O livro tratará da obsessão de um homem pela busca do cumprimento de uma promessa feita, quando ainda era uma criança de doze anos, ao assistir a morte precoce de seu pai. O menino cresceu com sede de se vingar de cada um que contribuiu para que seu...
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Sinto meus olhos pesarem demais, assim como minha cabeça que lateja pela dor. Tento recobrar os últimos acontecimentos, mas meu cérebro parece que está solto na minha cabeça. Abro os olhos lentamente, mas há uma forte luz que me incomoda ao ponto de me impedir de abri-los por completo. Porém, após mais uma tentativa, consigo. Entretanto, tomo um susto que quase caio da cama.
Lorenzo está sentado numa cadeira, na beira da janela, com um cigarro aceso entre os dedos e um copo de Whisky na outra. Sua fisionomia, que já não é nada tranquila, demonstra estar ainda mais atormentada que o normal. Mais medo ainda eu sinto de sua presença.
- Lo-lorenzo... eu...
- Fique quieta!
Assevera, me fazendo tremer o corpo. Ia me levantar, mas reparo que estou usando apenas uma blusa branca comum sem nada por baixo dela. Rapidamente, fico vermelha ao pensar que ele pode ter me vestido e, por consequência, me visto nua. Encolho meu corpo debaixo da coberta, com seus olhos sobre mim. Ele se retira do quarto me deixando confusa, constrangida e amedrontada. Olho pra o local tentando entender onde estou, mas me assusto novamente quando sua presença se faz no ambiente, imponente como sempre.
Ele abre uma garrafinha de água me entregando com um comprimido. Olho para seus olhos avermelhados pela raiva que sente de mim, hesitando um pouco em pegá-la de sua mão. Mas, sua sobrancelha erguida me deixa sem alternativa. Levo o comprimido junto a água para minha boca, engolindo forçosamente, pois seus olhos me intimidam muito.
Satisfeito com a pressão psicológica que me fez, sem sequer abrir a boca, sorri debochado totalmente sem humor voltando para onde estava sentado. Ele torna a pegar o cigarro, assim como sua bebida que deixou numa mesa ao lado da cadeira. Senta-se olhando em minha direção e fico muito incomodada com seu olhar. Respiro fundo, buscando coragem para falar alguma coisa, já que sei que ele não dirá nada.
- Obrigada! - Falo a um fio de voz.
- Pelo quê? - Diz severo.
- Por você...- Penso um pouco, mas não consigo concluir. Na verdade, eu não faço a mínima ideia de como vim parar aqui, e pior, com quem menos gosta de mim. Abaixo o meu olhar frustrada e desanimada por não saber como respondê-lo. Um suspiro pesado sai de minha boca derrotada.
- Não sabe nem o que está fazendo aqui ou como chegou até aqui... provavelmente, não tem ideia do que levou você a acabar nessa situação deplorável em que está. - Mais uma vez, suas palavras me machucam.- Eu não sabia que era dada a esse tipo de coisa. Com essa cara de santa e esse jeitinho de menina inocente deve conseguir o quer com qualquer um.
- Você não precisa falar assim comigo.- Falo olhando pra ele que demonstra irritação com o que digo.
- Eu não precisava ter feito o que fiz. - Completa.
- Então, por que fez? - Ele estreita os olhos pra mim, irritado com a forma que falei. - Diga, por que fez se ia se arrepender. Se depois ia me falar essas coisas, por que me ajudou? Certamente está arrependido.
