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POV NOAH

ㅤㅤㅤEla me encarou com raiva. Não que o seu olhar não tivesse carregado de ódio desde que havíamos nos conhecido, mas naquele momento eu sentia como se ela estivesse desejando a minha morte enquanto me olhava. Cruzou os braços bufando, como uma criança mimada e aquilo me fez rir.

ㅤㅤㅤ- Você pode colocar o cinto? Sabe como é... eu sou amigo da lei! - Admito que enquanto falava eu tinha grandes esperanças de irritá-la, já que eu havia gostado de como a testa dela se franzia cada vez que eu a provocava. Mas ela não o fez, apenas assentiu com um olhar vazio que me deu mais medo do que quando ela estava brava.

ㅤㅤㅤO percurso até o consultório foi silencioso e, embora não fosse longo, pareceu durar uma eternidade. Quando estacionei em frente ao portão, ela sequer olhou na minha cara mas eu pude ver o nervosismo que parecia engoli-la. Eu a vi desaparecer assim que ela atravessou a entrada, podendo finalmente sair daquele carro e acender um novo baseado.

ㅤㅤㅤEu havia prometido a mim mesmo não procurar saber o que havia acontecido com ela, não era da minha conta. Mas durante todo o tempo de espera eu apanhei o celular pelo menos cinco vezes para abrir o google e procurar o que havia acontecido de tão ruim para que ela se mudasse daquele jeito, eu sabia que tinha algo de errado. E eu sabia que encontraria respostas, afinal, nada ficava oculto por muito tempo em cidades pequenas. Mas eu não devia. O meu trabalho era buscá-la e levá-la nos lugares, mantê-la segura e garantir dinheiro o suficiente para sobreviver mais um mês.

ㅤㅤㅤSe ela havia entrado na sessão à uma, era de se esperar que saísse no mínimo às duas. Mas o portão se abriu de repente e ela o atravessou de volta, seus passos eram firmes e eu podia apostar que ela havia batido no psicólogo

ㅤㅤㅤ- Parece que alguém teve menos sorte com você do que eu! - A provoquei.

ㅤㅤㅤQuando a vi por completo notei que ela tremia. Ela estava desnorteada, como se estivesse em choque e não pude deixar de notar: ela chorava.

ㅤㅤㅤ- Ei... Sina. - Tentei chamar sua atenção, mas ela me ignorava. Seguiu o caminho contrário de onde eu estava, mas ela não parecia fugir. - SINA! - Chamei mais alto, correndo até ela que continuava a parecer não me ouvir. Quando a alcancei, instintivamente a abracei para contê-la e ela desmoronou no mesmo instante em meus braços.

ㅤㅤㅤEla se virou e encostou a cabeça em meu peito, sua respiração era tão rápida e ofegante que tentar acompanhá-la fazia com que me faltasse o ar. DROGA! O que eu devia fazer? Acariciei seus cabelos por alguns instantes, o que não durou muito tempo porque ela pareceu se dar conta do que acontecia e me empurrou cheia de raiva.

ㅤㅤㅤ- Eu já te falei que não preciso que você fique aqui. Segue sua vida! - Suas palavras saíam meio emboladas, mas eu conseguia entendê-la - só não entendia o que ela queria dizer. - Eu não preciso de ninguém! - Ela gritou cheia de raiva. Eu quis pará-la, mas pensei que talvez eu devesse deixá-la colocar tudo o que estava preso para fora.

ㅤㅤㅤ- Você está fazendo um ótimo trabalho. Pode colocar tudo pra fora, me xinga... faz o que quiser. A gente tem tempo! - Mostrei a tela do meu celular que apontava que eram 13:37. - Eu te prometi um sorvete, se você quiser... podemos ir até uma sorveteria pra você se acalmar. Seu avô não vai querer te ver assim e ele também ia achar que eu te fiz alguma coisa e talvez ele queira me matar. - Assim que terminei a frase percebi que talvez para ela não fosse uma opção tão ruim assim. - Deixando claro, isso não foi uma ideia! - Eu meio que falava sério, mas vi um pequeno sorriso surgir em seus lábios. Sim, ela sorriu. - Você está gostando dessa ideia mais do que do sorvete, ne? - Me aproximei do carro e abri minha porta. - Vamos? Olha... dessa vez eu nem tentei abrir a sua porta. Eu já sei que você sabe abrir ela sozinha!

02:01 | NOARTWhere stories live. Discover now