02:01 | NOART

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MARATONA 03 - POV NOAH

ㅤㅤㅤFoda-se. Meti um chute na janela, bem na parte de madeira para não quebrar o vidro, mas ela não abriu. Eu estava ficando desesperado, certamente se eu estivesse numa situação comum eu já teria conseguido. Bati algumas vezes na janela e só então me dei conta de que estava tentando abri-la de forma errada, quando puxei da maneira correta... ela abriu. Pulei a janela rápido e meu coração quase saía pela boca, eu estava desesperado com o que poderia encontrar ali. 

ㅤㅤㅤCorri até ela, que estava jogada no chão usando um moletom masculino.

ㅤㅤㅤO filho da puta do Marcel.

ㅤㅤㅤ— Sina! — Me agachei e logo avistei um potinho de comprimidos jogado ao seu lado, fechei os olhos e suspirei. — Não, merda... não, não, não. — Felizmente quando o peguei ele estava cheio. — Fala comigo, por favor.

ㅤㅤㅤSegurei em seu pulso e seu coração batia, o que significava que ela estava viva. Finalmente pude suspirar, mas ainda não estava aliviado.

ㅤㅤㅤ— Porra, o que você fez? O que aconteceu com você... — Ela estava mole e seus lábios estavam secos. Ela se mexeu de forma sutil e eu toquei o seu rosto para tentar chamar sua atenção,  e só então senti o quanto o seu rosto estava quente. — Caralho... cê tá queimando!

ㅤㅤㅤAcariciei seus cabelos que grudavam em sua testa devido ao suor e comecei a tirar aquela blusa ridícula dela, tinha que fazer alguma coisa para abaixar sua temperatura. Mas ela se mexeu reclamando.

ㅤㅤㅤ— Não... — Eu não sabia se ela falava comigo ou se estava delirando.

ㅤㅤㅤ— Sina... fala comigo, beleza? — Ela abriu os olhos, que estavam inchados provavelmente de tanto chorar. Durante todo o tempo que passamos juntos eu nunca a havia visto naquele estado, nem nos piores dias em que ela me dava coices a cada respirada minha.

ㅤㅤㅤTomei-a em meu colo, deitando-a sobre a cama e corri até o banheiro para pegar uma toalha e molhá-la para ver se ela melhorava. Nesse meio tempo liguei para Heyoon, que devia estar morrendo de preocupação.

ㅤㅤㅤ— Noah? Ela tá bem? — Ela fungou enquanto perguntava.

ㅤㅤㅤ— Ela tava no chão... acho que tá com febre. Será que ela tá doente? — Perguntei.

ㅤㅤㅤ— Ela costumava ter muita febre emocional... deve ser isso. Mas ela tá bem? Ela tentou...? Noah, por favor me fala.

ㅤㅤㅤ— Não tentou nada não... mas eu não sei o que fazer... ela tá toda mole, reclama umas coisas as vezes mas não acorda... — Acho que naquele momento senti o peso do desespero de não fazer ideia do que eu podia fazer para ajudá-la, comecei a chorar e a implorar por ajuda. — O que eu faço, Heyoon? Eu não sei o que fazer... não sei se ela tá bem, não sei nada. Me sinto inútil mesmo estando aqui com ela...

ㅤㅤㅤ— Coloca uma toalhinha na cabeça dela e tenta chamar por ela... depois procura um remédio pra febre. — Ela suspirou. — Será que ela comeu esses dias? — Uma sensação estranha tomou conta de mim, porque naquele momento eu tive certeza que não.

ㅤㅤㅤ— Acho que não... pode ser isso... — Bufei. — Vou tentar acordar ela e fazer ela comer... qualquer coisa vou levar ela no hospital...

ㅤㅤㅤ— Se acalma, ta? Qualquer coisa me chama. — Era irônico que justamente ela, que estava toda desesperada, me pedisse calma.

ㅤㅤㅤFiquei um tempo ao seu lado, procurando no celular o hospital mais próximo para levá-la quando ela abriu os olhos e se encolheu na cama, como se sentisse dor.