02:01 | NOART

29 | 12:00

POV NOAH

ㅤㅤㅤNem abri os olhos e senti aquela maldita dor de cabeça que me fazia ter certeza que eu havia feito merda na noite anterior. Minha boca estava seca e eu estava com uma larica do caralho, precisava me levantar e ver alguma coisa pra comer.

ㅤㅤㅤ— Noah? — Tomei um puta susto quando ouvi aquela voz familiar. O que Sina estava fazendo em casa? Será que eu estava alucinando?

ㅤㅤㅤSenti sua mão em meu rosto e tive certeza de que aquilo não era real. Mas a considerar pelo tempo que tudo durou, talvez tivesse mesmo acontecendo.

ㅤㅤㅤ— Toma... bebe um pouco de água, você tá bem? — Ela perguntou.

ㅤㅤㅤAbri os olhos e ela estava sentada ao meu lado, parecia estar cansada. Apanhei a garrafa d'água e praticamente a virei, estava morrendo de sede. E, aos poucos, as lembranças começavam a tomar conta da minha mente. Era inacreditável pensar que minha própria mãe havia ficado do lado daquele babaca e não moveu um dedo e nem disse uma palavra sequer quando fui expulso de casa sendo ameaçado de morte. A sensação que tinha dentro de mim me deixava cego, não só de ódio... mas de tristeza, eu acho. E eu não queria parecer um idiota na frente de Sina.

ㅤㅤㅤ— Noah... — Ela disse, segurando a minha mão. Não sei por que fiz isso, mas retirei a mão de baixo da dela e levei ao rosto, acho que tentava secar as lágrimas que pareciam querer escapar dos meus olhos para me fazer parecer um fraco e eu não queria isso. — Tá tudo bem você sentir... lembra quando você me disse uma vez? Pra eu gritar, colocar pra fora? Você pode chorar, eu prometo não contar pra todo mundo. — Ela me fez rir, porque ao mesmo tempo em que ela continuava sendo a mesma maluca de sempre... eu conseguia ver um pouco mais dela, ela se preocupava com as pessoas e era incrível.

ㅤㅤㅤ— Tá de boa, Sina... eu só achei que as coisas iam ser diferentes... — Admiti, me permitindo chorar depois de muito tempo, já que eu costumava resolver tudo com drogas e mais drogas sempre.

ㅤㅤㅤ— Ela te bateu? — Ela levou a mão ao meu rosto, tocando o meu olho com delicadeza e provavelmente fez isso sem perceber porque ela se afastou assim que se deu conta do que fazia.

ㅤㅤㅤ— Meu padrasto. Ele falou do meu pai, Sina... ele pode me xingar, me ameaçar, fazer a merda que for, mas ninguém toca no nome dele... muito menos aquele desgraçado.Eu fui pra cima dele e ele veio pra cima de mim, depois me expulsou e ameaçou me matar. — Eu estava cheio de raiva, isso era evidente em minha fala.

ㅤㅤㅤ— E sua mãe?

ㅤㅤㅤ— Fez nada... ela tá do lado dele como sempre. Mas de boa! — Senti um incômodo no pescoço, então levei a mão até a região e cocei distraído.

ㅤㅤㅤ— Que babacas... você quer que eu vá resolver isso? — Ela uniu as sobrancelhas e cruzou os braços, tentou parecer agressiva mas parecia um bicho inofensivo.

ㅤㅤㅤ— Eu não vou te levar cigarro, Sina! — Repeti a frase que ela havia me dito uma vez. — Ei... seu avô não vai aparecer e você vai me jogar da cama não ne? — Eu ri, mas falava sério.

ㅤㅤㅤ— Ele saiu mais cedo... eu fui lá pra baixo e avisei que você estava aqui... passando mal. — Ela deu uma risadinha, mas logo voltou a ficar séria. — Depois subi de novo e fiquei esperando você acordar. Inclusive... VOCÊ É UM IDIOTA! — A mudança do seu tom de voz fez com que eu me assustasse. 

ㅤㅤㅤ— O que eu fiz agora?

ㅤㅤㅤ— Você bebeu e se drogou, Noah... e não satisfeito você dirigiu nesse estado até aqui, não faço ideia de como você chegou inteiro... mas você atropelou a lixeira, você tem noção que podia ter atropelado alguém ou batido o carro? — Ela estava brava, mas eu não conseguia parar de encará-la sorrindo. — Depois você vomitou porque é um irresponsável... você não tem ideia do medo que senti de você vomitar de novo enquanto dormia e se sufocar com o próprio vômito.