02:01 | NOART

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POV VOVÔ

ㅤㅤㅤSebastian e Alex estavam furiosos e eu conseguia entender muito bem a situação, eu sabia quanto eles tinham medo pela vida de Sina - eu mesmo tinha medo o tempo inteiro. Mas eles estavam distantes da menina há meses, não sabiam o que estava acontecendo e muito menos o conheciam Noah e o garoto bom que ele era.

ㅤㅤㅤ— Quem esse garoto pensa que é? Vamos, nós temos que... — Sebastian começava a falar, mas eu o interrompi.

ㅤㅤㅤ— Parem os dois! — Elevei o tom de voz, arrependido de não ter feito nada antes. — Se tem alguém aqui que vai conseguir encontrar a Sina e trazê-la de volta em segurança, esse alguém é o Noah. — Eu já gritada e meu coração palpitava, precisei respirar fundo para não cair duro ali mesmo de tanto nervoso que estava passando.

ㅤㅤㅤ— Calma, pai... o senhor tá bem? Senta aqui... — Ele segurou em meu braço e me direcionou até o sofá, onde nos sentamos.

ㅤㅤㅤ— Essa menina vai matar a todos nós um dia... — Alex disse em meio a um suspiro, eu podia ouvi-la fungar, chorando.

ㅤㅤㅤ— Vocês deveriam é entendê-la... ou quem vai matá-la são vocês, isso sim.

ㅤㅤㅤ— Nós somos os pais dela, sabemos o que fazemos. Ela precisa aprender a nos ouvir e nos respeitar, não sei o que aconteceu com ela pra ficar desse jeito.

ㅤㅤㅤ— E eu sou o seu pai também, Sebastian. E você não está me ouvindo!

ㅤㅤㅤ— Como o senhor pede para que eu te ouça num momento desses?

ㅤㅤㅤ— Ela está certa... vocês que escolheram mandá-la para cá e eu acreditei que vocês confiassem no meu bom senso para mantê-la segura, não foi por isso que a mandaram para cá?

ㅤㅤㅤEles ficaram em silêncio, pensativos.

ㅤㅤㅤ— Avô é pai duas vezes, acham que eu não sofri quando pensamos que íamos perdê-la? Eu não tenho mais idade pra esses sustos não. Acham mesmo que eu permitiria que algo acontecesse dentro da minha casa, tendo a menor possibilidade de prejudicar a minha neta querida?

ㅤㅤㅤ— Por que ela não nos contou nada então?

ㅤㅤㅤ— Ela tinha medo... ela tinha medo disso aqui. Que vocês tentassem tirar ele dela e... — Eu ri, me ajeitando no sofá. — Acho que ela estava certa, não?

ㅤㅤㅤ— É difícil pra gente...

ㅤㅤㅤ— Desculpe, Alex, mas... vocês querem saber o que foi difícil? — Perguntei, já impaciente.

ㅤㅤㅤEles se entreolharam e assentiram.

ㅤㅤㅤ— Difícil foi a primeira noite da Sina aqui. Ela tentou fingir estar bem porque não queria deixar o vô aqui preocupado, tentou sorrir... mas disse estar cansada. Eu respeitei o espaço dela, mas ia checar se ela estava bem toda hora. E como essa menina chorou... de doer o coração, sabe? — Pausei para apanhar um lenço no meu bolso para limpar o rosto, porque era difícil não me emocionar.

ㅤㅤㅤ— A gente só queria o melhor pra ela...

ㅤㅤㅤ— Eu sei e acho que foi no fim das contas, mas isso não quer dizer que foi fácil pra ela. No dia seguinte, primeiro dia de aula, ela chegou com os olhos bem inchados, mas tinha algo diferente nela... ela tinha um pequeno sorriso nos lábios, o mesmo que ela abria pra gente depois de ter ficado triste ou brava por algo e a gente comprá-la com sorvete quando era pequena. Eu vi, lá no fundo, a minha neta que era feliz...