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POV SINA

ㅤㅤㅤEram seis e meia quando senti aquela dor avassaladora tomar conta do meu peito mais uma vez, como se eu fosse morrer. Foi simples assim: acordei do nada com aqueles pensamentos me esmagando enquanto Noah adormecia tranquilamente ao meu lado e eu não quis acordá-lo.

ㅤㅤㅤO que havia acontecido então? Eu estava com medo mais uma vez, com uma sensação de que tudo estava desmoronando ao meu redor - sem motivo algum - eu não queria aquilo.

ㅤㅤㅤNão quando estava tudo bem.

ㅤㅤㅤAcontece que eu sabia que estava sujeita a conviver com aquilo diariamente: nem sempre tinha um porquê, mas aquela sensação sempre estava ali. 

ㅤㅤㅤEu precisava respirar, então me levantei e caminhei até a janela, sentando-me defronte a ela enquanto encarava o céu - que se coloria num azul claro que brilhava com os raios solares que já iluminavam meu quarto. Era um dia lindo, de fato, mas por que então eu me sentia tão mal? Eu não conseguia entender.

ㅤㅤㅤEstremeci, encolhendo minhas pernas para que eu pudesse abraçá-las. Senti vontade de chorar e não segurei, lágrimas grossas escorreram pelo meu rosto e aquilo parecia libertador. Um grito silencioso, eu diria.

ㅤㅤㅤ— Sina? — Ouvi a voz arrastada de Noah me chamar, mas não respondi.

ㅤㅤㅤEu senti vergonha, ou talvez medo dele pensar que eu era maluca.

ㅤㅤㅤ— Ei... marrentinha! — Ele tentou me provocar, mas meus pensamentos estavam tão distantes que não fui capaz de responder.

ㅤㅤㅤOuvi seu galgar até a mim e ele tropeçou nas cobertas antes de me alcançar finalmente. Ele tocou o meu ombro e eu recostei a bochecha em seu pulso.

ㅤㅤㅤ— O que aconteceu? — Ele perguntou enquanto ajeitava meus cabelos atrás da orelha, agachando-se para me encarar.

ㅤㅤㅤ— Eu não sei... — Admiti.

ㅤㅤㅤ— Você... está chorando? — Assim que perguntou ele soltou um breve riso, como se tivesse se dado conta de que a resposta era óbvia. — Aconteceu alguma coisa? Ou é só aquela coisa que te acorda as vezes...?

ㅤㅤㅤEu assenti e ele entendeu. Eu gostava do fato dele me conhecer tão bem assim, afinal, desde quando eu não suportava a sua presença ele já sabia de tudo. 

ㅤㅤㅤ— Merda... — Ele sussurrou, mas acho que não tinha a intenção de que eu ouvisse. — Por que você não me chamou?

ㅤㅤㅤ— Não queria te acordar.

ㅤㅤㅤ— Acho que você estava com saudades de mim! — Ele brincou e eu tentei sorrir, mas aquela sensação era tão desesperadora que eu não pude reagir. — Vem cá!

ㅤㅤㅤEle segurou minha mão e me puxou até que nos deitássemos na cama novamente e ele me abraçou.

ㅤㅤㅤ— Sabia que eu já me senti assim? As vezes acordava com uma puta sensação ruim dentro de mim, parece que vai esmagar a gente num é? — Ele disse e eu me ajeitei em seus braços, encarando-o. — Dá um medo enorme, eu sei... parece que a gente vai morrer. Mas eu sempre fico pensando em coisas que me fazem mudar o foco da mente e que me acalmam. Por exemplo... me conta algo divertido que você e Heyoon fizeram quando eram pequenas...

ㅤㅤㅤ— Hm... — Tentei resgatar na minha memória, mas eram tantas coisas boas que quando dei por mim já estava sorrindo. — Uma vez fomos na piscina quando tínhamos cerca de 12 anos, numa viagem... eu passei protetor solar no corpo inteiro e esqueci do rosto. Não é bem uma história engraçada porque foi realmente muito sério, mas eu gosto de lembrar dela porque nós éramos tão novinhas e ela foi super cuidadosa... saiu correndo pelo resort em que estávamos procurando por uma planta chamada babosa, porque sua avó dizia a ela que era a melhor forma de melhorar a sensação de queimadura pelo sol... ela correu com uma faquinha na mão, ela sempre foi pequenininha assim e isso foi muito engraçado.

02:01 | NOARTWhere stories live. Discover now